Assim que se formou na escola de medicina, na Irlanda, o jovem Mike decidiu tomar um rumo em sua carreira: não iria abrir um consultório ou trabalhar num hospital local com um salário confortável. Optou por viajar para a África, fazendo cirurgias, em diversas ocasiões para salvar vidas. Anos depois, ao retornar para seu país de origem, encontrou a rotina de um hospital com recursos e padrões elevados.
Dias depois de seu desembarque, ele seria convocado para uma reunião com seus superiores. Na pauta, um tema delicado: seu desempenho. O problema não era um erro médico ou um comportamento inapropriado. Os cirurgiões-chefes queriam saber por qual motivo ele apenas usava algumas das ferramentas, apesar de todos os instrumentos à disposição do jovem cirurgião.
Respirando aliviado, ele explicou que estava acostumado a agir assim por conta da falta de recursos nos hospitais africanos. Mas só depois ele se daria conta que a dúvida dos chefes era se ele de fato sabia usar todos aqueles instrumentos, o que lhe causou gargalhadas internas.
Hoje, Michael Joseph Ryan é o chefe de operações de emergência da OMS (Organização Mundial de Saúde), uma espécie de comandante da resposta global contra a pandemia do coronavírus. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, não deixa dúvidas do papel desempenhado por Mike. "Ele é meu general", diz.