Socos, chutes e cadeiradas. Xingamentos constantes. Sessões de espancamento por respostas atravessadas a agentes socioeducativos. Surras como rito de iniciação. Nos últimos nove anos, a Fundação Casa de São Paulo, que recebe menores apreendidos no estado, foi notificada e abriu sindicâncias para apurar esses tipos de maus-tratos contra adolescentes. Após investigações internas, quando comprovadas as agressões, o estado teve de demitir os funcionários pela má conduta.
No último ano, as demissões por maus-tratos bateram recorde.
Dados da própria Fundação Casa, obtidos com exclusividade pelo UOL por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), apontam que 27 funcionários --em sua maioria agentes socioeducativos-- foram demitidos da instituição por agressão a internos em 2018. O número é 80% maior quando comparado a 2017.
Em comparação com nove anos atrás, o aumento é quase seis vezes maior. Em 2009, foram cinco funcionários demitidos por maltratar internos. Além dos agentes socioeducativos, há entre os demitidos pessoas que exerciam os cargos de coordenador de equipe e de analista técnico.
O presidente da Fundação Casa, Paulo Dimas Mascaretti, afirmou em entrevista à reportagem que todas as denúncias são apuradas e que maus-tratos não correspondem à postura determinada pelo estado para agentes socioeducativos da instituição.