Em 30 de agosto de 2019, manchas de óleo começaram a aparecer no litoral brasileiro. Os primeiros avistamentos foram registrados na Paraíba e, em três meses, a poluição se espalhou por mais de 3.000 km da costa nacional, desde o Maranhão até o norte do Rio de Janeiro.
Quase três anos depois, a Polícia Federal apontou um navio petroleiro grego, o Bouboulina, como o responsável pelo derramamento do óleo no mar, cujos custos de limpeza de praias e oceanos chegaram a ser estimados em R$ 188 milhões para o poder público nas três esferas (federal, estaduais e municipais).
Porém, uma análise do inquérito feita pelo núcleo investigativo do UOL mostra que os agentes federais não reuniram provas suficientes para sustentar o indiciamento dos donos da empresa, do comandante e do chefe de máquinas do navio pelos crimes de poluição, descumprimento de obrigação ambiental e dano a unidades de conservação.
A PF e a Marinha começaram a se dedicar ao caso em setembro de 2019. A Câmara dos Deputados instaurou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que foi interrompida pela pandemia da covid-19, e, enfim, engavetada em março de 2021.
O UOL analisou milhares de páginas do inquérito sigiloso da PF, da Marinha e de documentos da CPI. Esta reportagem revela as negligências e limitações que impedem o governo de oferecer respostas à sociedade sobre o desastre ambiental de maior extensão na história do Brasil.
Um exemplo claro dos problemas na investigação é a perda de uma amostra de óleo retirada de um navio investigado num voo entre São Luís e Rio de Janeiro.
A PF recebeu os questionamentos do UOL, mas não respondeu até a última atualização deste texto. A Marinha ignorou as mensagens e não se pronunciou sobre o caso. O MPF disse apenas que a investigação é sigilosa e continua em andamento.