Pouco mais de 200 dias depois da primeira morte por covid-19 ocorrer no Brasil, o país atinge agora 150 mil óbitos pela doença. Nesse período, estados e municípios decretaram quarentena, e alguns optaram pelo fechamento completo para conter o avanço do vírus. Ainda assim, o país somou números altos: mais de 5 milhões de infectados e o segundo país em mortes no mundo.
Se há sete meses a mensagem era "fique em casa" e São Paulo tentava alcançar 60% de isolamento social, hoje estados avançam rumo a aberturas de comércio, espaços de lazer e escolas. Nesse período, mais de 8 milhões de pessoas aderiram ao trabalho remoto, enquanto mais de 10 milhões foram afastadas do trabalho. O trabalho informal e o desemprego aumentaram.
Com as flexibilizações, as praias já lotam, São Paulo tem trânsito em vésperas de feriado e, aos poucos, o brasileiro volta a frequentar bares e restaurantes de forma "segura". Mas há quem ainda tenha medo de se infectar e contaminar seus entes queridos e, por isso, segue em isolamento. Outros, porém, não tiveram a opção de se isolar.
"As pessoas se acomodaram. A vida tem que seguir, mas com todo o cuidado. Eu estou na rua por necessidade, para levar o pão e o leite pra casa. E me cuido. Até a minha 'magrela' [bicicleta] eu higienizo", conta o entregador de aplicativo Humberto Luiz, de 41 anos.
"Sou uma das pessoas que, se não fosse o trabalho, o sustento da família, não sairia de casa. Tenho uma mãe com 68 anos, o medo de levar a doença pra dentro de casa é enorme. Tô me cuidando como posso", diz o vendedor de doces Daniel Silva, de 42 anos, que trabalha no Brás, região de comércio popular, e vê o movimento por lá aumentar.
Com tanto tempo de isolamento, o brasileiro tenta manter a saúde mental e busca maneiras de ver os amigos novamente, tomar um sol no parque ou só caminhar na rua. "Ouvi críticas duras quando foi o momento de cuidar da saúde mental e desci para a praia. Todavia, de sujeitos que passaram 'a quarentena' trabalhando em indústrias lotadas, pegando transporte lotado", conta Aelon Santos.