Quem vai enfrentar Trump?

O caminho para a escolha do candidato do partido Democrata começa em Iowa

Da AFP Stephen Maturen - 25.jan.2020/AFP

Início do caminho

O estado de Iowa dá, em 3 de fevereiro, o pontapé inicial das primárias democratas, que definirão o candidato que disputará a eleição de novembro com o presidente americano, o republicano Donald Trump.

Conheça mais sobre as próximas etapas:

'Caucuses' e primárias

Os eleitores democratas vão eleger seus candidatos em dois tipos de votação.

  • Os 'caucuses', organizados em alguns poucos estados.

São assembleias de eleitores afiliados a um partido que se reúnem para ouvir os argumentos dos seguidores de cada candidato antes de tornar sua escolha pública.

Em Iowa e Nevada, os eleitores democratas se deslocam fisicamente em uma sala para formar grupos de seguidores de seus candidatos favoritos.

  • As primárias, mais numerosas. Os eleitores votam de maneira mais tradicional, em uma eleição secreta

Em cada estado, os candidatos que receberem mais de 15% dos votos ganham um número de "delegados" proporcional a seu desempenho.

Os delegados, elemento essencial da posse

O número de delegados é determinante porque o candidato que tiver maioria (pelo menos 1.991) é o que será designado, em uma convenção democrata em julho, para enfrentar Trump.

No total, durante as primárias, 3.979 delegados serão atribuídos aos candidatos em função de seu desempenho. Estes delegados serão obrigados a votar, no primeiro turno da convenção, em seu candidato.

Se nenhum obtiver maioria no primeiro turno, outros 770 delegados —conhecidos como "superdelegados"— vão entrar na disputa. São cargos eleitos e de personalidades do partido que podem votar em qualquer candidato.

Em 2016, os seguidores de Bernie Sanders acusaram o partido de favorecer aquela que consideravam como a candidata do "establishment", Hillary Clinton, depois que ela recebeu o apoio da maioria dos superdelegados.

Para evitar essas disputas, desta vez, o partido irá proibi-los de votar no primeiro turno, a não ser que um candidato já tenha a vitória assegurada.

    Stephen Maturen/AFP

    Quem são os favoritos em Iowa

    • Bernie Sanders

      O senador por Vermont, de 78 anos de idade, levou o partido Democrata mais para a esquerda ao propor políticas liberais de impacto como o sistema de saúde universal e o salário mínimo de 15 dólares por hora. Apesar de arrecadar mais dinheiro do que qualquer outro democrata, Sanders é o candidato contrário ao "establishment" da corrida pela indicação, pois se considera um socialista democrático que luta contra a "ganância corporativa". Ele é o líder das pesquisas em Iowa, com 25%

    • Joe Biden

      Ex-vice-presidente na gestão de Barack Obama, Biden, 77, é o favorito das pesquisas nacionais desde 2019, embora sua vantagem tenha diminuído. Ele exibe sua ampla experiência: três décadas no Senado americano, oito anos como mão direita de Obama e relações próximas de trabalho com vários líderes mundiais. O moderado estadista do partido, diz que é o melhor para vencer Trump e reafirmar o poder dos Estados Unidos no cenário mundial. Ele tem 22% de apoio nas pesquisas em Iowa

    • Pete Buttigieg

      Ex-prefeito de South Bend, em Indiana, Buttigieg, 38, fez uma carreira que chamou atenção em busca da indicação. Desconhecido no nível nacional há um ano, seu apoio cresceu à medida que cidadãos de Iowa e outras regiões acolheram sua mensagem articulada, pragmática e unificadora. Também cumpre com vários pré-requisitos considerados positivos: veterano do exército, executivo do governo e pessoa de fé. Buttigieg também é a primeira pessoa abertamente gay com possibilidade de conseguir a indicação, e segue aberta a questão se ele seria capaz de ganhar os votos independentes ou dos republicanos frustrados. Ele tem 17% de apoio em pesquisas em Iowa

    • Elizabeth Warrens

      A senadora, de 70 anos de idade, afirma que a administração Trump trabalha para beneficiar corporações às custas da classe trabalhadora americana. Warren, uma professora de direito de Harvard que entrou na vida política como defensora dos direitos do consumidor, se diferencia de Sanders ao se autointitular capitalista, e ambos entraram em uma espiral de ataques pessoais no último mês. Ganhou a atenção dos eleitores com uma série de propostas, incluindo um imposto de 2% para os mais ricos. Ela tem 13,5% de apoio nas pesquisas em Iowa

    • Amy Klobuchar

      A senadora Amy Klobuchar, 59, viu seu desempenho nos últimos debates a colocar no mapa da corrida, especialmente em Iowa, vizinho de sua cidade natal, Minnesota. A moderada Klobuchar se apresenta como uma pessoa realista que pode transformar suas vitórias bipartidaristas no Senado em sucessos na Casa Branca. Ela tem 8,5% de apoio nas pesquisas em Iowa

    • Andrew Yang

      A aposta arriscada do empreendedor tecnológico Andrew Yang, 45, ao fazer sua campanha mostrou ser supreendentemente duradoura. Seus principais argumentos chamaram atenção: de que as empresas americanas automatizaram milhões de trabalhos produtivos e que Trump foi eleito porque falou para essas pessoas que temiam essas perdas. Para amenizar essa mudança, Yang propõe dar a cada adulto americano um "dividendo de liberdade" de 1.000 dólares mensais. Ele tem 3% de apoio nas pesquisas em Iowa

    • Michael Bloomberg

      Ex-prefeito de Nova York, Bloomberg, 77, foi o último a entrar na corrida, em novembro. Ele decidiu entrar na campanha nos primeiros estados a votar, como Iowa, para focar seus esforços --incluindo a assombrosa soma de US$ 225 milhões em propaganda de campanha-- nos numerosos estados que votam na chamada "SuperTerça", em 3 de março. Ele tem 1% de apoio nas pesquisas Iowa

    Tom Brenner - 30.jan.2020/AFP

    Panorama mais claro em março

    Iowa será o primeiro estado a votar nas primárias com seus "caucuses", em 3 de fevereiro.

    Depois, virá uma série de votações, que marcarão uma tendência, em outros estados-chave:

    • New Hampshire: 11 de fevereiro;
    • Nevada: 22 de fevereiro;
    • Carolina do Sul: 29 de fevereiro;

    Na sequência, haverá uma enxurrada de votações na chamada Superterça, em 3 de março. Ela acontece em 15 estados e territórios.

    Uma das principais mudanças este ano tem a ver com a Califórnia. O estado, que conta com muitos delegados na primária, decidiu antecipar sua votação para a Superterça. Antes, os eleitores do estado votavam bem mais tarde.

    Cerca de 40% dos delegados terão sido designados após essa data, o que permitirá ter um panorama mais claro da corrida pela indicação democrata.

    Após 28 de abril, os candidatos terão distribuído 90% dos delegados.

    Os democratas farão três debates na televisão em fevereiro e, certamente, outros dois antes de abril.

    Convenções

    Levando-se em conta que as pesquisas dão uma estreita diferença entre os favoritos, não se pode descartar que se chegue sem um vencedor à convenção democrata. O evento acontece em Milwaukee, Wisconsin, entre 13 e 16 de julho.

    O candidato democrata para disputar a Presidência dos EUA será designado nesta convenção, aconteça o que acontecer, após os turnos de votação que forem necessários.

    Já os republicanos se reúnem de 24 a 27 de agosto em Charlotte, na Carolina do Norte, para sua convenção.

    Embora dois pequenos candidatos queiram desafiar Trump nas primárias, não há dúvida de que o magnata nova-iorquino, oficialmente apoiado pelo partido e com uma grande popularidade entre os republicanos, será escolhido.

    Eleições presidenciais

    Há três debates previstos entre o candidato democrata indicado e Trump: 29 de setembro e 15 e 22 de outubro.

    Em 3 de novembro de 2020, milhões de americanos vão às urnas.

    O presidente americano é eleito por voto universal indireto, mediante 538 "grandes eleitores", que são cargos eleitos e dirigentes locais de seus partidos.

    Um candidato deve obter a maioria absoluta (270 votos) para chegar à Casa Branca.

    Ivan Alvarado - 18.jan.2020/Reuters

    Estranho balé de eleitores

    Longe da confidencialidade da cabine de votação, os eleitores democratas em Iowa marcam sua preferência, fisicamente, ao se deslocarem de um lado para o outro de um salão para formar um grupo de apoio a um, ou outro, aspirante à Casa Branca.

    Depois de um animado caos, eles votam literalmente com seus pés.

    A votação acontece em dois turnos. Quando termina o primeiro, apenas os candidatos que atingiram um determinado patamar de apoio (em geral 15% da assembleia) continuarão na disputa.

    Para o segundo turno, os seguidores de outros candidatos têm a opção de se unir ao grupo de um candidato ainda na corrida; tentar convencer os apoios de outros candidatos eliminados a se unirem a eles; ou se abster.

    Cerca de 1.700 "caucuses" acontecem em escolas, igrejas, teatros, a casa de algum morador, ou, como fizeram os republicanos em 2016, em uma loja de armas.

    Neste estado, conhecido pela cortesia de seus habitantes, o duro enfrentamento entre Hillary Clinton e Bernie Sanders em 2016 provocou atritos.

    Regras e novidades

    Como resultado dessas tensões, o Partido Democrata de Iowa adotou novas regras, que buscam dar mais transparência ao processo.

    À noite, o partido publicará o número de seguidores de cada candidato no primeiro turno e os finalistas no segundo. Em tese, candidatos diferentes podem ser os líderes no primeiro e no segundo turnos.

    Após um cálculo que muitos consideram obscuro, o partido publicará o número de delegados obtidos por cada finalista no estado.

    Esse resultado será convertido no número de delegados atribuídos a cada candidato em nível nacional. Este é um número crucial. Até o fim da disputa, o objetivo dos pré-candidatos é acumular a maior quantidade possível de delegados em todo país.

    Após uma conferência nacional, este número é que vai determinar quem vai enfrentar Trump nas urnas em 3 de novembro.

    Uma outra novidade é que os eleitores vão escrever sua primeira escolha em um papel ao chegar ao "caucus", para permitir uma eventual recontagem.

    Recorde de participação

    No condado de Johnson, onde a mobilização costuma ser elevada, a expectativa é de uma participação recorde este ano. Em todo estado, pode-se esperar superar o total de 240.000 democratas que participaram em 2008, quando Barack Obama venceu. Este foi um máximo histórico.

    "É duro para mim, às vezes, quando estou na sala (do 'caucus') e vejo que meu partido se fragmenta", comentou John Deeth.

    De qualquer modo, tanto ele quanto os demais organizadores vão-se reunir para uma "festa da vitória", quem quer que seja o vencedor.

    Brenna Norman - 30.jan.2020/Reuters

    De porta em porta

    Milhares de voluntários de todo país cruzam o estado de Iowa, enfrentando a neve e o frio, para convocar os eleitores de porta em porta e para apresentar seus pré-candidatos à Presidência dos Estados Unidos —uma imagem que simboliza a importância da primária democrata neste pequeno estado, o primeiro a votar, nesta segunda-feira (3).

    George Biagi veste uma camiseta amarela com o nome de Pete Buttigiege, o pré-candidato mais jovem entre os democratas que buscam a indicação para enfrentar Donald Trump na eleição presidencial de novembro. Quando foi ouvido pela AFP, ele tinha acabado de desembarcar no aeroporto de Des Moines, capital de Iowa, cheio de energia, após viajar da ensolarada Califórnia.

    Assim como outros 2.300 voluntários sem vínculo oficial com a equipe de campanha de Buttigieg, esse funcionário municipal de San Diego custeou sua própria viagem para ajudar a promover e tornar conhecido em todo país o ex-prefeito de South Bend.

    "Nos concentramos nos primeiros estados" que votarão nas primárias democratas, "porque pensamos que, se conseguirmos ter um grande impacto aqui, tudo vai decolar, e (Buttigieg) deixará sua marca na história", explicou Biagi.

    O pré-candidato de 38 anos, a primeira pessoa abertamente gay com chance de obter a indicação do partido à Presidência, tem todos os elementos para convencer o militante.

    "É amável, é prudente, se expressa bem, é um ex-militar, representa uma mudança de geração, e gosto como ele fala sobre unir todo país", explica o californiano. "E, sendo eu gay, Pete me inspira", completou.

    Nas pesquisas, Buttigieg aparece em quinto lugar em nível nacional, e em terceiro, em Iowa. Outros candidatos com menos chances também têm conseguido, porém, convencer voluntários.

    Brenna Norman - 30.jan.2020/Reuters

    Vencendo o frio

    Aos 23 anos, Negede Tadesse descobre a neve. Persuadido pela mensagem do empresário Andrew Yang, não hesitou em pedir uma licença não remunerada em seus dois empregos —em uma empresa de telemarketing e como técnico de radiologia— para viajar da Califórnia até Iowa.

    O jovem passará cerca de dez dias, batendo na porta de centenas de democratas para convencê-los de que Yang —desconhecido da maioria do eleitorado há apenas um ano— é o melhor nome para enfrentar Trump em novembro.

    "Não é fácil para mim, porque não é como se eu fosse rico", diz ele, da cidade de Council Bluffs. "Mas acredito nesta campanha e nesta chance única... Desde que tenhamos sucesso aqui", completou.

    A proposta de Yang de instaurar uma renda universal mensal de US$ 1.000 para compensar os estragos da robotização no mercado de trabalho tem um impacto que vai além das linhas partidárias em Iowa, alega Tadesse.

    O militante acredita em um bom resultado de Yang nos "caucuses" de segunda-feira, quando os eleitores democratas vão se distribuir em cerca de 1.700 salas em Iowa para escolher seu representante, em uma votação pública.

    Em busca do impulso

    Embora apenas um dos 12 pré-candidatos ainda na disputa vá ganhar, um bom desempenho em Iowa pode dar um impulso significativo aos demais no restante do país.

    É o que Tadesse espera, assim como Winston Taylor, de 20 anos, que apoia a senadora moderada Amy Klobuchar.

    Esse estudante de Ciência Política, nascido em Minnesota como Klobuchar, trancou os estudos por um semestre para trabalhar para a equipe da senadora.

    "Para mim, Amy é a única que pode cumprir suas promessas neste período de imensas divisões", porque, no Senado, soube trabalhar com os republicanos para levar suas leis adiante, defende o jovem.

    Segundo ele, o melhor momento para bater nas casas é no início da tarde, quando faz um pouco menos frio. Nesta época do ano, a temperatura em Iowa não passa dos -15ºC durante o dia.

    Tudo isso será decidido na segunda-feira à noite, em uma batalha, cujos favoritos são o senador independente Bernie Sanders e o centrista Joe Biden.

    Brendan Smialowski - 24.jan.2020/AFP

    Termômetro ambulante

    As seis ou sete unidades que saem todos os dias da linha de montagem da fábrica de Riverside, no estado de Indiana, se parecem mais com uma casa do que com um carro, com teto de madeira, isolamento em fibra de vidro e pintura branca brilhante.

    Durante décadas, os VR, veículos recreativos, ou "casas sobre rodas" (RV na sigla em inglês) são ícones das estradas americanas.

    São equipados com camas, chuveiro, cozinha e televisão, além de oferecer às famílias a liberdade de se deslocar por todo o país.

    Em ano de eleição, os VR também contam histórias. Especialistas os consideram um termômetro da economia, compra sonhada pelos americanos que abrem a carteira par gastar dezenas de milhares de dólares apenas para se sentirem confortáveis.

    Com a temporada eleitoral logo na esquina, uma equipe da AFP viajou de Washington a Iowa com a intenção de analisar o cenário político e econômico do país.

    Na região nordeste do estado de Indiana, o veredito da indústria das casas móveis parece ser que a economia, um fator que será decisivo para a continuidade ou não de Donald Trump na Casa Branca, parece forte, mesmo que recentemente tenha baixado um pouco a atividade.

    "Muita gente pensa que os VR são um indicador da economia e de muitas maneiras são, porque um veículo recreativo não é algo que a pessoa tem que ter, é algo que quer ter", diz Don Clark, diretor executivo da Grand Design, empresa que fabrica veículos recreativos de alta tecnologia.

    Segundo ele, as tarifas que Trump impôs sobre o aço, o alumínio e outros materiais fundamentais para esse negócio têm sido um "incômodo e tiveram impacto", mas a indústria se viu fortalecida por um ano que está entre os quatro melhores dos que se tem registro.

    Brendan Smialowski - 23.jan.2020/AFP

    Mãe e filha são o espelho das divisões políticas na era Trump

    Donna Baldwin se emocionou quando encontrou o presidente Donald Trump, mas quando chegou em casa, ficou horrorizada: a mídia, diz ela, distorceu o que ele disse.

    Cada vez que entra no Facebook, ela tem seu próprio "fact-checking": sua filha de 34 anos, Jocelyn Evans, que não tem medo de dizer que algumas notícias que a mãe publica "definitivamente não são corretas".

    Como muitas famílias americanas, essa mãe e filha do estado de Ohio notaram que a divergência de seus pontos de vista aumentou em uma era de polarização política e redes sociais.

    Mas Baldwin e Evans aprenderam também a evitar os confrontos ao priorizar uma educação sólida para os dois filhos de Evans, de oito e quatro anos.

    Defiance, em Ohio, com uma população de 16.663 habitantes, tem um fábrica da General Motors. No caminho para a pequena universidade privada de Defiance, vários restaurantes de fast food anunciam ofertas de trabalho.

    Baldwin, uma corretora imobiliária, vê os anúncios como a evidência de uma economia saudável no comando de Trump. Sua filha, que estuda Arqueologia, não está convencida.

    "Tenho amigas que estão casadas e têm filhos, e tanto elas como seus maridos têm três desses trabalhos e ainda assim não conseguem chegar ao fim do mês", diz Evans em um restaurante do preservado centro histórico de Defiance.

    Sua mãe, de 59 anos, se diz "realista". "Nem todo mundo está preparado para a universidade", diz. "Muitos vivem dos subsídios do governo".

    "Agora há tantos trabalhos disponíveis e (eles) não aceitarão nenhum desses trabalhos".

    Divisão pelo clima

    Em 2016, os eleitores mais jovens elegeram a rival democrata de Trump, Hillary Clinton, com uma margem significativa. Mas as pessoas mais velhas, como nas eleições passadas, foram às urnas em maior número.

    Baldwin e Evans não se encaixam perfeitamente nos padrões políticos.

    Evans, com a parte superior do braço coberta por uma tatuagem com um girino inspirado no filho, se registrou primeiro como republicana, como seu falecido pai, e como não gostava de Hillary, votou em Trump.

    Por muito tempo, sua mãe foi democrata. "Senti que o partido me abandonou", diz.

    Um dos temas que as divide em especial é a mudança climática.

    Evans diz que foi na universidade que se deu conta que o tema "não é um debate, não é algo do que possamos tomar partido, só temos que decidir o que vamos fazer".

    Mas para sua mãe, a mudança climática está em último lugar de sua lista de preocupações.

    "Vivo no presente. Não vivo em 15, 20 anos, porque escuto isso há anos, que só nos restam 10 anos. Não acredito", diz.

    Na Índia, "não podem ver o carro da frente devido à contaminação, mas nós temos culpa aqui nos Estados Unidos?".

    Sua filha vira os olhos antes de sorrir e falar sobre a densidade populacional na Índia.

    "Concordo que a responsabilidade não é só dos Estados Unidos em solucionar o problema, mas acredito que temos que admitir em algum momento que não podemos afirmar que somos um líder mundial e viver com toda a glória disso e depois, quando se trata de ajuda os menores, não estamos realmente disponíveis para isso".

    Contextos divergentes

    Baldwin, que considera a Fox News uma de suas fontes mais confiáveis, frequenta semanalmente a igreja e diz que sua fé influi em seu ponto de vista sobre o clima, ao explicar: "não acredito que o mundo esteja aqui para sempre".

    Sua filha não concorda, e diz que a religião pode dividir. "A religião definitivamente não é importante para mim".

    Enquanto sua mãe passou toda a vida em Defiance, Evans afirma que suas opiniões foram moldadas após viver em diferentes lugares dos Estados Unidos, incluindo Nova York.

    Evans também se interessa muito pela saúde dos veteranos e diz com indignação que seu marido, um veterano deficiente físico, nunca foi ao mesmo médico duas vezes.

    Nessas eleições, Evans apoia o democrata Andrew Yang, já que acredita na proposta do empresário de um salário mínimo de 1.000 dólares para cada americano.

    A renda básica universal poderia ajudar a todos, desde mães solteiras que lutam para comprar o equipamento de futebol para seus filhos até pessoas que querem "voltar para escola em vez de escolher ficar no McDonald's para subir na empresa", diz.

    Sua mãe, que classifica Yang como o candidato democrata "menos ofensivo", diz que esse dinheiro também poderia ser usado para comprar drogas.

    Mãe e filha ainda não conseguiram chegar a um consenso. As duas dizem que estão cansadas da influência dos lobbys. E ambas apoiam os limites dos mandatos, pois consideram que os políticos não deveriam estar nos cargos a vida toda.

    Mas elas concordam sobre a preservação de sua relação. "Há certos temas em que não concordamos e tentamos não conversar durante o jantar", diz Evans. Porque "esse é o momento e o lugar para a família".

    Topo