A desativação de 95 cadeias no interior do Ceará e as prisões em razão da onda de ataques nas ruas do estado, em janeiro, explodiram a superlotação e ampliaram a crise no já abarrotado sistema prisional da Grande Fortaleza.
Com a chegada de 4,2 mil novos detentos em um mês, existem hoje mais de dois presos para cada vaga de presídio. Além do aperto, os detidos relatam uma série de maus-tratos e supressão de direitos --o que é negado pelo governo.
Além da superlotação nas unidades, há relatos de tortura e violência contra os detidos, o que levou um grupo de 48 advogados a entregar ao MPF (Ministério Público Federal) um documento de 40 páginas informando sobre "centenas de denúncias."
Eles defendem que a Procuradoria "determine a urgente e imediata apuração dos fatos pela Polícia Federal, devendo ainda, por questões de segurança da prova a ser produzida, afastar os responsáveis de suas funções". Os nomes citados como responsáveis são o governador Camilo Santana (PT) e o secretário de Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque. O governo, por sua vez, nega as acusações de tortura.
O novo secretário assumiu o cargo em janeiro com um discurso de não mais separar presos por facções e de adotar uma série de medidas disciplinadoras nas unidades. As medidas irritaram os grupos criminosos, que iniciaram uma série de ataques nas ruas de Fortaleza e interior, com incêndios a ônibus e prédios públicos e privados, além de ataques a bomba em viadutos, pontes e torres de telefonia.