Há finalmente luz no final do túnel. Mas o que governos e especialistas estão descobrindo é que o túnel é mais longo do que se imaginava e mais escuro que se desejava.
Enquanto o mundo espera ansiosamente para virar a página de um ano terrível, agentes humanitários e autoridades alertam que 2020 tem tudo para não terminar no dia 31 de dezembro, e que sociedades terão de mostrar resiliência.
A descoberta que vacinas funcionam injetou um otimismo real pela primeira vez desde o começo da crise. A aérea Lufthansa, por exemplo, indicou que o número de reservas para o verão europeu de 2021 triplicou desde o anúncio da imunização. Bolsas subiram, o dólar caiu e políticos choraram ao vivo na TV.
Mas, na OMS (Organização Mundial da Saúde), a ordem é de martelar ao mundo que a pandemia está longe de terminar, e insistir que governos não podem abandonar medidas de controle, sob o risco de viver um acúmulo ainda maior de mortes.
Os dados revelam que o vírus não perde força, com 4 milhões de novos casos por semana desde novembro. Em meados do ano, o mundo precisava de dez dias para somar 1 milhão de novos infectados. Hoje, a velocidade da transmissão é, portanto, mais de quatro vezes superior.
Cientistas na OMS revelam ao UOL a avaliação de que o vírus ainda tem um "amplo espaço" na população mundial para circular em 2021. Hoje, quase 90% das pessoas continuam vulneráveis ao vírus, o que revela a dimensão dos riscos.
E, com as festas de final de ano, o temor é de que 2021 comece com um novo avanço da doença. "A celebração muito rapidamente pode se transformar em tristeza", advertiu Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.