Mitos e verdades sobre hormônios

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Os hormônios controlam o funcionamento de vários órgãos do corpo.VERDADE: eles têm função reguladora, integrando diversos sistemas. Nosso corpo secreta hormônios com finalidades distintas, como conter o volume de líquido e as concentrações de sal, controlar a glicose, a retenção de líquido e o acúmulo de gordura, entre outras. Mesmo quantidades pequenas de hormônios podem desencadear respostas grandes no organismo Mais
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As características sexuais de uma pessoa sofrem influência direta de alguns hormônios.VERDADE: a determinação do sexo ocorre por imposição genética, quer dizer, XY terá genitália masculina, XX, genitália feminina. "Todas as outras características sexuais virão dos hormônios", diz o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento, doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Nos homens, a testosterona fará com que cresçam pelos na face, nas axilas e na região pubiana e trará características como aumento do pênis, engrossamento da voz e formação de músculos. Nas mulheres, a progesterona e o estrógeno serão responsáveis por pelos em menor quantidade, desenvolvimento dos seios, da cintura e dos quadris e início do ciclo menstrual Mais
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O hormônio do crescimento, também conhecido como GH, só atua no crescimento do indivíduo.MITO: como o próprio nome indica, ele realmente tem essa função essencial na fase de crescimento. Porém, mesmo na vida adulta, exerce ações importantes no organismo. "Ao contrário de alguns hormônios, produzidos pela hipófise, que regulam o funcionamento de glândulas, como as suprarrenais, os testículos e os ovários, o GH age no organismo como um todo, desencadeando o crescimento das células em geral", explica Denise Coimbra, ginecologista e obstetra formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Mais
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Uma criança que tenha deficiência na produção do GH (hormônio do crescimento) está condenada a sofrer de nanismo.MITO: depois que o problema for constatado, é perfeitamente possível fazer tratamento com administração do hormônio do crescimento para reversão do quadro. Meninos podem tomar a medicação até os 16 anos de idade óssea (calculada pelo raio-X da mão e do pulso esquerdo), e as meninas, até 14 ou 15 anos, dependendo de quando ocorreu a primeira menstruação. "Enquanto houver espaços para as epífises, quer dizer, as juntas dos ossos, há como corrigir a insuficiência hormonal", salienta a endocrinologista Maithê Pimentel Tomarchio, do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo Mais
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Adultos, que já cresceram normalmente, não apresentam problemas na secreção do GH. MITO: alguns indivíduos, mesmo já crescidos, sofrem com a falta do hormônio. A hipófise, por exemplo, pode ter sido retirada por cirurgia ou destruída por um tumor. "Nestas situações, a reposição é bem indicada", salienta o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. Jeffry Life, médico americano, destaca que acontece de o organismo, com o passar do tempo, deixar de produzir o volume necessário do GH. "Pessoas que apresentam sintomas dessa privação têm mais risco de desenvolver doenças causadas pela idade, pois é impossível reparar tecidos e órgãos já danificados", diz ele. Algumas características mostram a existência do problema, como aumento da massa gordurosa e diminuição da massa magra (músculos), tendência à descalcificação dos ossos, elevação do colesterol e dos triglicérides, intolerância à glicose e aparecimento de diabetes Mais
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Alguns estudiosos defendem que a falta de GH no organismo pode afetar o bem-estar psicológico e provocar depressão.VERDADE: indivíduos com carência do GH padecem de diminuição de energia e tendência à depressão. "Mas, para compreender bem os reais motivos da falta de bem-estar físico e psicológico, é recomendável procurar médicos especializados", alerta Antonio Carlos do Nascimento Mais
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O hormônio do crescimento ajuda a retardar o envelhecimento e pode ser usado para quem quer ganhar musculatura. MITO: embora a produção deste hormônio seja reduzida com a idade, podendo ser quase nula após os 60 anos, é preciso muita cautela para prescrever a reposição. "Vários estudos já apontaram para o melhor desempenho de idosos submetidos ao tratamento, assim como é sabido que aumenta a massa muscular, diminui a massa gordurosa e, em alguns casos, fortalece os ossos. Mas ainda não está confirmada a segurança no emprego para tal finalidade", ressalta o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. O uso abusivo pode causar efeitos colaterais adversos, como deformações no corpo, protusão da fronte e aumento de nariz, lábios, mãos e pés. A conclusão, então, é: para ganhar massa muscular, o melhor é apostar em exercícios físicos e dieta adequada; e apenas quando houver recomendação médica, deve-se tomar o hormônio do crescimento de forma orientada e controlada Mais
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Acima dos 50 anos, há 50% de possibilidade de uma mulher apresentar nódulo na tireoide. VERDADE; o número expressivo é decorrência do avanço da tecnologia, já que exames de ultrassom detectam nódulos pequenos que não seriam palpáveis naturalmente. Mas não há motivo para pânico: calcula-se que apenas 15% a 20% destes nódulos são malignos. E, mesmo nestes casos, apenas os maiores, que medem mais de 1 cm, são mais propensos a desenvolver câncer. O recomendado é procurar um médico de confiança em caso de alguma suspeita Mais
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Depois dos 40 anos, todas as pessoas deveriam fazer exame de dosagem de TSH, Hormônio Estimulador da Tireoide. VERDADE: "Após esta faixa etária, há mais chance de aparecerem alterações endócrinas e fisiológicas, como nódulos e mudanças metabólicas, que acarretam sintomas de doenças tireoidianas, observa a ginecologista Denise Coimbra. "A avaliação deve ser feita rotineiramente, especialmente se há parentes próximos com disfunções na glândula", completa o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. No hipotireoidismo, a pessoa sente cansaço, depressão, falta de iniciativa, sonolência, prisão de ventre, pele seca e fria; no hipertireoidismo, nervosismo, irritação, insônia, taquicardia, perda de peso, tremores e aumento da frequência cardíaca Mais
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O hormônio tireoidiano pode ser usado, sem problemas, em fórmulas para emagrecer. MITO: "Este hormônio não deve ser usado com a intenção de afinar o corpo", adverte o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento, acrescentando que seriam necessárias doses suprafisiológicas, exageradas, superiores ao que o organismo necessitaria normalmente, para a obtenção do resultado. "Isso traria riscos para o paciente, como arritmia cardíaca grave, pois o metabolismo seria ativado e, dessa forma, haveria sobrecarga ao coração". Denise Coimbra enfatiza que, por acelerar o metabolismo, o uso da droga em fórmulas para emagrecer provoca sudorese e mal-estar. "O hipertireoidismo medicamentoso pode, ainda, desencadear o aumento do globo ocular", informa Maithê Pimentel Tomarchio Mais
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Pessoas obesas não conseguem emagrecer por causa de problemas na tireoide. MITO: "A maior parte dos indivíduos com elevado sobrepeso tem a função da tireoide normal. O excesso advém do consumo exagerado de calorias e da falta de atividade física", assegura o médico americano Jeffry Life. Denise Coimbra concorda. "Existem muitas causas para a pessoa engordar, a maioria relacionada ao desequilíbrio entre ingestão e gasto". E tem mais: o hipotireoidismo, detectado logo no começo e com as taxas ainda baixas, não leva à obesidade porque, embora o metabolismo fique mais lento, o sujeito come menos porque sente menos fome. A balança pode subir um pouco, sim, por causa do inchaço, pois há maior deposição de líquidos no corpo. Novamente, a consulta a um especialista é fundamental Mais
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Todas as mulheres podem se submeter à terapia hormonal quando a menopausa chegar. MITO: a reposição de estrógeno e progesterona ameniza os sintomas da menopausa, como calor intenso, secura vaginal, diminuição da libido, redução da elasticidade da pele, inconstância emocional e depressão. "Porém, a indicação deve ser avaliada com critério pelo médico e pela paciente porque há contraindicações bem definidas", considera Jeffry Life. Para Antonio Carlos do Nascimento, a reposição tem que ser direcionada para alterações clínicas ou laboratoriais, pois, em muitos casos, dá para reverter desconfortos sem o uso de medicamentos. Exemplo: se há risco de osteoporose, é possível adotar medidas como dieta variada rica em vitamina D, suplementos de cálcio e exercícios físicos Mais
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A reposição hormonal é contraindicada para mulheres com câncer de mama ou endometriose.VERDADE: passado de câncer de mama ou de endometriose, trombose e problemas de coagulação, infarto ou derrame cerebral e doença grave no fígado são algumas das contraindicações. É absolutamente necessário consultar o médico e levantar todo o histórico do paciente antes de tomar qualquer decisão Mais
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Depois que a reposição hormonal é interrompida, a mulher envelhece rapidamente.MITO: "As modificações na aparência não têm a ver com a terapia hormonal, e sim com o perfil genético de cada um", assegura Antonio Carlos do Nascimento. O que talvez provoque essa falsa impressão é que, durante a reposição, é comum a mulher se sentir mais jovem e bonita, já que o tratamento trouxe benefícios estéticos. Importante: quando tiver que suspendê-lo, o indicado é reduzir gradativamente as doses sob orientação médica, para evitar efeitos oriundos de desequilíbrios hormonais Mais
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A terapia hormonal aumenta a libido e melhora o aspecto de pele, cabelo, unhas etc. VERDADE: não são poucas as reclamações de que a menopausa não só diminui o desejo sexual como deixa a pele mais fina e ressecada, as unhas fracas, o cabelo ralo e em queda constante. A reposição traz de volta o equilíbrio hormonal e, com isso, vários destes problemas somem ou são minimizados. Em relação à libido, pesam desde a melhora da lubrificação vaginal até o aumento da autoestima, já que a mulher está se sentindo mais bonita e atraente. Porém, é essencial que o médico avalie o quadro, para ver se tais motivos são suficientes para a indicação da terapia Mais
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Quem faz uso de hormônios, engorda. MITO: homens e mulheres tendem, sim, a somar quilos na balança com o passar dos anos. O que talvez reforce a ideia de ganho de peso é que, com a terapia hormonal, a gordura tende a se depositar em outras áreas, como mama, abdômen e quadris. Mas não há comprovação de que o uso de hormônios engorde. "Na menopausa, com a deficiência de estrógeno e aumento do hormônio androstenediona, ocorre mais depósito de adiposidade na região abdominal e, por isso, a maioria das mulheres perde a cintura. Porém, não necessariamente se traduz em aumento na balança", diz a endocrinologista Maithê Pimentel Tomarchio Mais
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Se uma pessoa vive de mau humor, pode ser indício de baixa produção de serotonina no organismo.VERDADE: "É uma possibilidade. O sistema límbico, que envolve setores no cérebro relacionados à emoção, é influenciado por vários fatores. A serotonina funciona como um dos mediadores finais deste processo, sendo que sua privação pode ser a causa do destempero de humor", reflete o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. Os baixos níveis da substância podem levar a problemas como depressão, irritabilidade, desânimo, insônia, dor de cabeça, enjôo, falta de concentração e fome compulsiva. Mudar hábitos alimentares e fazer exercícios muitas vezes surte efeito. "Se for necessário, o médico receitará drogas que elevam os níveis de serotonina, como os antidepressivos tricíclicos", diz Maithê Tomarchio Mais
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Os homens sofrem menos a ação de hormônios do que as mulheres.VERDADE: "A variação hormonal feminina é periódica, determinada pelo ciclo menstrual. Já no homem é regida principalmente pela testosterona, que se mantém constante e muda apenas com a idade", sustenta a ginecologista Denise Coimbra. "De fato, elas apresentam oscilações de humor de acordo com o período do mês, e isso sem falar no climatério e na menopausa", completa o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. Exceto em situações de estímulos, quando há maior necessidade da ação hormonal, o organismo masculino libera hormônios de forma constante ao longo da vida; já a mulher está sempre sob o comando dessas substâncias, sujeita a instabilidades emocionais de toda ordem Mais
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A TPM é uma desculpa das mulheres para extravasar suas emoções. MITO. "De jeito nenhum, é uma questão fisiológica, que em algumas mulheres obriga a tratamentos para minimizar os desconfortos", defende Antonio Carlos. A TPM existe como diagnóstico clínico no Código Internacional de Doenças (CID), diz Denise Coimbra, ressaltando que se trata de um distúrbio clínico "que coloca as mulheres até na condição de absolvição em processos de julgamento judicial" Mais
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A melatonina, hormônio que vai caindo de produção com a idade, pode ser resposta por suplemento e é capaz até de reverter a passagem do tempo. MITO: "Ninguém provou a possibilidade de rejuvenescimento", destaca Antonio Carlos do Nascimento, observando que a melatonina não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No entanto, sabemos de alguns pacientes que se beneficiam do uso deste hormônio, principalmente no trato da insônia". Denise Coimbra complementa dizendo que a substância é proibida para comercialização no Brasil, ao passo que em outros países é usada como complemento vitamínico. O médico americano Jeffry Life concorda com a cautela: "Não há evidências, nem estudos, comprovando que combate o envelhecimento" Mais
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O hormônio irisina é mesmo capaz de fazer emagrecer? VERDADE: "A irisina faz com que a gordura seja queimada dentro da própria célula gordurosa e a energia gerada nesta 'combustão' é liberada pelo calor. Ela já foi isolada e sintetizada por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Quando injetada em camundongos gordos, sedentários e em dieta hipercalórica, fez com que estes não ganhassem peso, e até obtivessem algum emagrecimento. "Contudo, os estudos em humanos começarão apenas em 2013", considera o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento Mais