Conheça alguns mitos e verdades sobre a voz

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Se a pessoa tem o tom de voz alto, é impossível mudar. MITO: com a ajuda de um fonoaudiólogo pode-se melhorar o controle do volume, quer dizer, a intensidade. "Observe se fala muito alto mesmo em situações tranquilas, nas quais poderia utilizar um tom mais baixo", recomenda a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. A especialista em voz Maria Lúcia Dragone completa: falar alto frequentemente é um hábito adquirido e, portanto, passível de modificação. Já se a pessoa fala alto, mantém o volume da TV elevado e tem dificuldade para ouvir outras pessoas, é possível que esteja com um distúrbio auditivo Mais
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A voz vai se modificando durante o dia. VERDADE: de manhã, ela apresenta um som mais grave porque a musculatura ainda está desaquecida. "No caso de profissionais da voz, como cantores, atores e locutores, se usarem intensamente a voz ao longo do dia pode ocorrer uma piora na qualidade da mesma, o que denota sinal de atrito vocal que deve ser cuidado", salienta a fonoaudióloga Maria Lúcia Dragone Mais
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É normal uma criança ser rouca. MITO: rouquidão é sinal de um problema na voz. "Alguns meninos e meninas são extrovertidos, falam muito e alto, gritam, imitam animais e personagens. Por isso, podem ficar roucos. Devem ser orientados a não fazer isso com frequência e, mais que isso, tal quadro não deve passar de 15 dias", diz a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. A colega Maria Lúcia Dragone concorda. "Se for algo permanente, é preciso compreender o que está acontecendo. O distúrbio dificulta a comunicação e prejudica o desenvolvimento social. Vale procurar orientação com um fonoaudiólogo e/ou otorrinolaringologista" Mais
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A voz só muda na adolescência. MITO: a voz muda de forma marcante na puberdade (principalmente nos meninos), estabiliza-se na fase adulta e, depois, na velhice, perde qualidade, em função do decréscimo das taxas hormonais e das modificações do organismo próprias do envelhecimento Mais
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Se a pessoa tem voz "infantil", não há como mudar isso. MITO: a maioria dos casos pode ser tratada com sucesso. E deve, pois é desejável que o adulto tenha uma voz que combine com sua idade e seu corpo. "Se sua voz é um incômodo ou gera insatisfação, é recomendável procurar um especialista para avaliação e conduta adequada", salienta a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. "O tratamento visará o equilíbrio e a coerência da voz considerando sexo, idade, tipo físico e personalidade", completa a especialista Maria Lúcia Dragone Mais
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Meninos devem evitar cantar em coro, por exemplo, durante a adolescência. MITO: a voz, nesta fase, pode ficar instável e, por isso, cantar "profissionalmente" será mais difícil. Porém, se o menino for acompanhado por um professor de canto ou regente, é possível realizar atividades que exijam talento com a voz, respeitando suas possibilidades e seus limites de extensão vocal, sem forçar demais. "É bom lembrar que este período de mudanças é natural e passageiro", diz a fonoaudióloga Anna Alice Almeida Mais
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Qualquer pessoa pode cantar. VERDADE: porém, novamente, é preciso respeitar a extensão vocal do indivíduo. É claro que, para cantores amadores, aqueles que adoram soltar a voz no chuveiro, não há compromisso com performance, o que já não acontece com os que têm o canto como veículo profissional. "Neste caso, é bom buscar orientação de especialistas (professores e fonoaudiólogos) para desenvolver a voz de acordo com cada estilo, sem esforço desnecessário e com corretas estratégias de projeção", diz Maria Lúcia Dragone. Para virar expert no ramo, aí sim, tem que ter talento. "Algumas pessoas nascem com o dom, outros conseguem aprimorar a técnica e há os que são desafinados por natureza ou apresentam alguma limitação. É preciso uma avaliação, sobretudo de um professor de canto ou regente, para verificar as possibilidades de se enveredar por essa área profissionalmente", completa Anna Alice Almeida Mais
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Se uma pessoa usa muito a voz diariamente, a rouquidão é uma consequência natural. MITO: qualquer rouquidão que ultrapasse o período de 15 dias deve ser investigada. "Professores, ou outros trabalhadores que tenham demanda e desgaste vocal, podem precisar de preparação (aulas, tratamento) para exercer sua atividade sem prejuízos para a saúde", diz a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. De fato, quem fala muito em condições acústicas pouco favoráveis, e sem orientação sobre uso vocal adequado, corre o risco de sofrer com o problema. "Medidas de prevenção e promoção de saúde vocal merecem ser implantadas em locais como estabelecimentos de ensino. E rouquidão sem associação com processos gripais tem que ser avaliada", reforça a especialista em voz Maria Lúcia Dragone Mais
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Aulas de canto melhoram problemas de voz. MITO: tais aulas ajudam a aperfeiçoar, sim, a habilidade de cantar, mas não têm efeito positivo sobre a voz. Como enfatizam as profissionais, qualquer alteração neste setor deve ser avaliado por otorrinolaringologista e/ou fonoaudiólogo Mais
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Cantar em falsete, imitando a voz de soprano ou de menino, faz mal para a voz. PARCIALMENTE VERDADE: segundo fonoaudiólogos, se for utilizada com técnica e, principalmente, acompanhamento profissional, será executada com cuidado e sem prejuízos para o praticante. Homens e mulheres podem tentar, inclusive Mais
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Não é bom cantar no tom de outra pessoa. VERDADE: caso o tom seja muito distante da tessitura vocal do indivíduo, o ato trará tensão fonatória, quer dizer, o obrigará a fazer um esforço extra para cantar. Tal esforço muscular gera atrito das cordas vocais (elas se chocam umas contra as outras), acarretando problemas na voz. "Se o quadro for persistente, ou seja, habitual, é possível que provoque alterações importantes como rouquidão e/ou calo na voz", adverte a fonoaudióloga Maria Lúcia Dragone Mais
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Quando gravamos a voz, ela parece de outra pessoa. VERDADE: e isso mesmo considerando que as boas gravações, feitas sem nenhuma interferência e reproduzidas por boas caixas, refletirão uma qualidade vocal bem próxima da real. "Acontece que, quando ouvimos nossa própria voz, recebemos o som pela orelha e por vibrações ósseas da região facial, o que produz modificações na qualidade do som escutado. Daí o estranhamento", analisa a fonoaudióloga Dragone Mais
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É possível produzir diferentes vozes sem agredir as cordas vocais. VERDADE: Mas desde que produzidas sem esforço muscular e atrito nas pregas vocais. "Tudo vai depender do preparo que você realizou para isso. Quando eu imito uma voz que não é minha, a tendência é que eu force ou faça mau uso do aparelho vocal. O fonoaudiólogo, no entanto, poderá ajudar a promover uma emissão mais suave sem causar danos", diz a fonoaudióloga Anna Alice Almeida Mais
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Se estiver resfriada, a pessoa não deve "trabalhar" com a voz. VERDADE: não é bom que um professor de canto, por exemplo, dê aulas se sua voz está afetada por um quadro destes. Podendo evitar, é melhor. "Sabemos que, quando estamos resfriados, nossa cavidade nasal fica obstruída. Com isso, impedimos que os sons nasais sejam amplificados, causando sobrecarga nas cordas", explica Almeida. "Obstruções nasais, dificuldades respiratórias e laringites associadas costumam inviabilizar a prática", completa Dragone Mais
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Se eu não gosto da minha voz, posso mudá-la. VERDADE: mas há algumas ressalvas. A voz sinaliza várias características individuais: sexo, faixa etária, cultura, estado emocional, personalidade. Resumindo, é um dos instrumentos que representa um indivíduo. Nesse sentido, não deveria ser modificada. "Mas, caso não corresponda às suas expectativas, procure um especialista para verificar o que lhe incomoda", recomenda a fonoaudióloga. O processo de produção da voz é passível de ajustes sob orientação de um profissional competente Mais
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Algumas doenças afetam a voz. VERDADE: a voz é produzida em consonância com várias estruturas do organismo, como o aparelho digestivo e respiratório e o sistema nervoso central e periférico. Algumas alterações afetam diretamente este setor. "Por exemplo, se a pessoa tem um refluxo gastroesofágico, rinite alérgica ou estresse e ansiedade constantes, é comum apresentar diferentes modulações nos períodos de crise", destaca a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. Maria Lúcia Dragone vai além: "Modificações podem sinalizar a presença de males. Mais um motivo para ficar alerta e ir ao médico se perceber transformações persistentes" Mais
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Tratamentos de voz costumam demorar muito.MITO: fonoaudiólogos asseguram que o tempo médio varia de três a seis meses. "De forma geral, se o problema for comportamental, a tendência é que a solução seja rápida. Não deixe de procurar um especialista para resolver a sua questão o quanto antes", diz fonoaudióloga Anna Alice Almeida. Este tempo vai depender da experiência e técnica do profissional, aderência do paciente e grau e tipo de lesão, acrescenta a fonoaudióloga Maria Lúcia Dragone Mais
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Sussurrar é prejudicial. VERDADE: em excesso, pode afetar a laringe pela tensão necessária para bloquear o som natural. Claro que em situações de fala confidencial, não é negativo, mas não deve ser um hábito Mais
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Até a voz fica cansada. VERDADE: se exigida demais, como ocorre com os músculos do corpo, ela pode, sim, apresentar sinais de desgaste. Você nunca sentiu que precisava fazer força para falar? É um dos sinais desse cansaço. Segundo a fonoaudióloga Anna Alice Almeida, é importante descansar após o uso prolongado, ficando quieto por um tempo. "Caso o desconforto seja constante, consulte um especialista para verificar se existe algum problema. Ele pode receitar exercícios para melhorar o rendimento". Dica: uma boa estratégia para evitar o quadro é articular bem as palavras, falar mais devagar e com a voz modulada Mais
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Mel faz bem para a voz. VERDADE: "A relação de alimentos com a voz é indireta, pois somente o ar passa pela laringe e pelas cordas vocais", assegura a fonoaudióloga Anna Alice Almeida. Porém, o mel pode ajudar, sim, como lubrificante, enquanto a própolis tem propriedades anti-inflamatórias. "Mas, atenção, nenhum deles poderia ser considerado como um 'tratamento' para a voz" Mais
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Não há diferença entre projetar a voz e falar alto. MITO: projetar é produzir um som audível aos ouvintes, segundo a necessidade, em diferentes ambientes. Atores de teatro, por exemplo, aprendem a "projetar a voz", pois, durante o espetáculo, precisam que suas falas cheguem até a última pessoa da plateia. Eles aprendem a fazer isso com exercícios específicos, muitos de respiração, que lhes permitem modular o tom sem gritar e sobrecarregar as cordas vocais. Já falar alto atinge a laringe e provoca de rouquidão a problemas nas cordas vocais, além de ser um hábito constrangedor em várias situações Mais
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Chá de romã é excelente para melhorar rouquidão. MITO: não há nenhum efeito comprovado sobre isso. Como enfatizado pelas profissionais, é indispensável procurar um médico nos casos de rouquidão prolongada Mais
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Maçã e água são benéficas para a voz. VERDADE: mas é importante enfatizar que não constituem um "tratamento", da mesma forma que o mel. "A água hidrata o organismo, inclusive as cordas vocais, fazendo com que vibrem de forma mais solta e diminuindo o esforço. Já a maçã oferece propriedades adstringentes que ajudam na limpeza da boca e da faringe, melhorando a ressonância. Além disso, o movimento de mastigar a fruta deixa mais solta a musculatura responsável pela articulação das palavras", salienta a fonoaudióloga Almeida Mais
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O uso de ar-condicionado prejudica a voz. PARCIALMENTE VERDADE: "Alguns cuidados devem ser tomados para evitar problemas com a saúde em geral. O ambiente tem que estar climatizado sem exagero na temperatura: nem frio nem quente demais. Vale, também, manter o organismo mais hidratado, tomando água em pequenos goles, para compensar o ressecamento do ar provocado pelo condicionador. E, ainda, mantê-lo limpo para evitar elementos irritativos para as vias aéreas", diz a fonoaudióloga Maria Lúcia Dragone. Anna Alice Almeida completa que algumas pessoas são sensíveis à exposição prolongada ao equipamento, apresentando ressecamento e modificação na voz Mais