Veja mitos e verdades sobre adoçantes

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Adoçantes são indicados apenas para diabéticos ou obesos. VERDADE: eles foram criados para substituir o açúcar na alimentação de quem sofre com diabetes ou está muito acima do peso. "Porém, mesmo nestes casos, seu consumo não deve ser abusivo", alerta a nutricionista Luciana Harfenist, acrescentando que é muito fácil exagerar, principalmente se a pessoa é usuária de industrializados como refrigerantes, iogurtes, bolos, biscoitos e balas. "É necessário observar as quantidades recomendadas de cada tipo de adoçante. E, para quem consome diariamente, o ideal é variar, tendo dois ou três diferentes, de forma a evitar o acúmulo de substâncias tóxicas no organismo". A nutricionista Ariane Machado Pereira salienta que indivíduos saudáveis, que não têm qualquer problema de saúde que os obrigue a restringir o açúcar, não precisam inserir o item na alimentação. Importante: há dois tipos de edulcorantes (outro nome para os adoçantes): os de mesa, formulados para conferir sabor doce a alimentos e bebidas e não indicados para diabéticos; e os dietéticos, feitos para dietas com restrição de sacarose, frutose ou glicose, "destinados a atender às necessidades de pessoas sujeitas à restrição da ingestão desses carboidratos", como os diabéticos, conforme explica a cartilha da Abiad Mais
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O emprego desses produtos é prejudicial à saúde. PARCIALMENTE VERDADE: conforme considera a nutricionista Ariane Machado Pereira, tudo depende da forma como o item é inserido na alimentação. "Dentro de um contexto saudável, para indivíduos que precisam se submeter a uma dieta restrita ou com quantidades reduzidas de açúcar, apresentando condições metabólicas e fisiológicas específicas, como diabetes, por exemplo, o adoçante apropriado não proporcionará malefícios", diz. Agora, se for consumido em doses excessivas, sem que se identifique o melhor produto de acordo com as necessidades, é possível que promova algum efeito maléfico para determinadas pessoas, segundo ela. A também nutricionista Luciana Harfenist concorda: "Como envolve substâncias artificiais, quando em excesso pode causar problemas a longo prazo, como alergia, enxaqueca, falta de concentração, dificuldade no controle da ingestão de carboidrato e mudança no paladar" Mais
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Adoçante engorda. PARCIALMENTE VERDADE: o uso com moderação ajuda no tratamento da obesidade, pois permite ao paciente comer doces e bebidas com menos calorias. Porém, se consumido em excesso, pode engordar, sim. "Alguns estudos demonstram que o emprego abusivo interfere na regulação natural da fome. Isso porque, ao ingerimos um alimento adoçado artificialmente, o organismo se prepara para receber a glicose através da produção de enzimas e hormônios que fazem parte do metabolismo do açúcar. Como este açúcar não entrará na corrente sanguínea, podem ocorrer alterações na saciedade. Além disso, os adoçantes viciam o paladar, influenciando negativamente na escolha de itens saudáveis", explica a nutricionista Luciana Harfenist. Vale acrescentar que, de acordo com estudo publicado na revista americana NeuroImage, a sensação de satisfação, ao consumir o mesmo item com açúcar ou na versão diet, é diferente. "Em algum momento do dia, é possível que o consumidor de adoçante apresente uma verdadeira compulsão por doces, o que pode levar ao aumento de peso", conclui a nutricionista Ariane Machado Pereira Mais
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Adoçante pode causar câncer. INCONCLUSIVO. O Food and Drug Administration (FDA), órgão de controle de drogas e alimentos nos Estados Unidos, proíbe o ciclamato de sódio há 40 anos baseada em pesquisas que apontam a substância como cancerígena. "No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de um comitê de especialistas em aditivos alimentares, considera que o produto pode ser consumido e estabelece quantidades máximas de ingestão diária. Como nutricionista ortomolecular e funcional, no entanto, estudo o equilíbrio das moléculas no organismo e o adoçante artificial é uma substância estranha às nossas células. Por isso, seu uso deve ser moderadíssimo", defende Luciana Harfenist. Ela aconselha o uso da stévia, que é natural, não apresenta restrições de consumo, mantém o padrão em produtos quente ou frio e pode ser usado por crianças e gestantes. Importante: todos os aditivos contidos nos adoçantes que você encontra à venda são aprovados por órgãos de saúde. O uso de alguns compostos artificiais, no entanto, principalmente o aspartame, gera controvérsias em relação aos efeitos em longo prazo. Há pesquisas indicando o aumento, por exemplo, de risco de câncer e mal de Alzheimer. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém, os dados são insuficientes para recomendar sua proibição Mais
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Há restrições e contraindicações ao uso de adoçantes. VERDADE: conforme explica a nutricionista Luciana Harfenist, quem tem pressão alta ou insuficiência renal deve verificar as taxas de sódio de cada marca: alguns o trazem na composição, especialmente o ciclamato e a sacarina. "Estudos não conclusivos relacionam o consumo de sacarina com o risco de câncer de bexiga: por isso, este tipo tem que ser evitado por pessoas com tendência à retenção de líquido, principalmente mulheres no período pré-menstrual". Grávidas e mulheres que estão amamentando também entram no foco das contraindicações. "O melhor para as grávidas é a stévia", assegura a nutricionista, acrescentando que a recomendação de adoçantes para as futuras mamães deve se restringir às diabéticas e às que sofrem com excesso de peso. Quanto às crianças, a técnica diz que "não devem consumir adoçantes, a não ser no caso das diabéticas e obesas, e sempre com orientação de um nutricionista". O aspartame, por sua vez, é proibido para portadores de fenilcetonúria, doença genética rara que provoca o acúmulo de fenilalanina no organismo, causando sérias consequências neurológicas. A nutricionista Ariane Machado Pereira ainda destaca outras restrições: frutose, para quem apresenta excesso de triglicerídeos no sangue; acessulfame K, para doentes renais que necessitam limitar o potássio; e qualquer pessoa com alguma sensibilidade a edulcorantes Mais
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Usar adoçante em receitas culinárias muda o sabor e o aspecto das mesmas. VERDADE: o item modifica coloração e sabor, conforme a preparação. Em um bolo, por exemplo, pode deixá-lo mais seco ou menor. A dica é aumentar a quantidade de fermento e líquidos e acrescentar elementos que deem coloração, como o sumo de frutas. "O indicado é usar os que são formulados para "forno e fogão", capazes de suportar altas temperaturas e pH diferenciado, sem alterar o sabor", aconselha a nutricionista Ariane Pereira Mais
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Há adoçantes mais naturais, como a stévia, que são menos prejudiciais à saúde. VERDADE: "Não apresenta restrições de consumo, mantém o padrão em receitas quentes ou frias e pode ser utilizado por gestantes e crianças", diz a nutricionista Luciana Harfenist. A também nutricionista Ariane Machado Pereira completa dizendo que a stévia tem poder adoçante 300 vezes maior do que a sacarose, além de oferecer baixo risco toxicológico. "A frutose, açúcar da maioria das frutas maduras, tubérculos e mel de abelhas, adoça 50% mais que o açúcar comum e não deixa gosto residual amargo ou alterações com o calor. Também é um bom substituto em diversos pratos. Cada 1g tem 4 calorias" Mais
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Existe uma dose máxima de consumo diário recomendado pela Anvisa.VERDADE: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece a Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos principais e mais usados edulcorantes. A recomendação fica bem acima do consumo habitual da maioria das pessoas: um adulto de 60 kg poderia consumir diariamente até 2.400 mg de aspartame, o que equivaleria a 60 sachês de 1 g ou quase 4,5 litros de refrigerante adoçado só com aspartame, informa a cartilha da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). Detalhe: boa parte dos alimentos e bebidas diet e light mistura adoçantes, evitando a concentração da dosagem de um só e ampliando o limite de consumo. Anote, agora, as indicações da Organização Mundial de Saúde (basta multiplicar os valores abaixo pelo seu peso): sacarina - 5 mg/kg de peso corporal; ciclamato de sódio - 11 mg/kg de peso corporal; aspartame - 40 mg/kg de peso corporal; acessulfame K - 15 mg/kg de peso corporal; stévia - 5,5 mg/kg de peso corporal; sucralose - 15 mg/kg de peso corporal; xilitol, manitol e sorbitol - 15 mg/kg de peso corporal Mais
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Aspartame é um dos melhores adoçantes. MITO: "Quando submetido a temperaturas acima dos 30ºC, ele libera uma substância denominada ácido fórmico, nociva ao organismo. Como o corpo humano saudável se mantém a 36ºC, sempre que ingerimos aspartame, ele será convertido neste elemento. Além disso, seu consumo está relacionado a doenças neurodegenerativas, já que ele age no cérebro interferindo na produção normal de neurotransmissores", salienta a nutricionista Luciana Harfenist. Pesquisadores da Bolonha, na Itália, misturaram doses diferentes de aspartame na ração para alimentar 1,8 mil cobaias durante toda a vida delas, mais ou menos três anos. Isso equivale a 30 ou 40 anos da vida de uma pessoa. "A pesquisa indicou que 25% das cobaias fêmeas de um grupo tiveram leucemia". A também nutricionista Ariane Machado Pereira assina embaixo. "Ele é capaz de provocar neurotoxicidade, uma vez que promove excitação cerebral. Por isso, é possível que leve a danos cerebrais principalmente em crianças. O componente ainda pode gerar sintomas de alergia, falta de concentração, hipersensibilidade imunológica e males gastrointestinais como azia e náuseas. Por conter fenilalanina, diminui a produção de serotonina e mexe com o humor, deixando as pessoas mais suscetíveis a quadros de depressão" Mais
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Apenas os produtos diet contêm adoçantes.MITO: muitos light trazem adição de edulcorantes artificiais. "Idem para alguns suplementos, industrializados e lácteos. Por isso, vale dar uma olhada na composição", recomenda a nutricionista Ariane Pereira. A nutricionista Luciana Harfenist observa que o correto seria que apenas os diet contivessem a substância. "A indústria, porém, prefere usar os termos light ou 0% por serem mais comerciais. Exemplo: um iogurte light não contém açúcar e é adoçado artificialmente, ou seja, ele é 'diet'. A terminologia light significa que o item terá no mínimo 25% de redução de calorias, sal ou gordura". Diabéticos devem sempre usar os diet Mais
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Algumas pessoas não podem consumir aspartame. VERDADE: para os portadores da fenilcetonúria, o emprego é vetado. Esta doença está relacionada à deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase, variando entre a completa ausência de atividade e 5% de atividade, associada a altas concentrações de fenilalanina no sangue. "Neste caso, sujeitos que têm o distúrbio não utilizam a via considerada normal para metabolizar o componente. Portando, devem evitar alimentos que apresentam o aminoácido", explica a nutricionista Ariane Pereira Mais
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Já que não contêm calorias, posso ingerir adoçantes à vontade. MITO: "Não se pode exagerar no uso em função da sua ação metabólica, e não pelas calorias que, de modo geral, são bem reduzidas", considera a nutricionista Luciana Harfenist. "Todo excesso é prejudicial. Sem falar que não temos pesquisas longas que isentem a substância de relação com doenças", completa a nutricionista Ariane Pereira. Os adoçantes que contêm calorias são aspartame, frutose, xilitol, sorbitol e manitol, todos com 4 por grama; já os que não apresentam são ciclamato de sódio, sacarina, sucralose, stévia e acessulfame-k Mais
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Não se deve dar adoçante para as crianças. VERDADE: os menores não devem ingeri-lo, a menos que tenham diabetes ou estejam realmente acima do peso. "Tal consumo deve ser prescrito e supervisionado por médico ou nutricionista", adverte a nutricionista Ariane Machado Pereira Mais
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Grávidas não devem usar adoçante. PARCIALMENTE VERDADE: o aspartame deve ser evitado, porque há o risco de a fenilalanina nele presente causar má formação cerebral no bebê. Por outro lado, algumas gestantes, em condições especiais (diabéticas ou que necessitam controlar o ganho de peso por necessidade fisiológica) podem necessitar do item em quantidades adequadas na alimentação. "Claro que tal emprego deve ser feito sob orientação médica ou nutricional, indicando o melhor tipo e descartando os que propiciam efeitos nocivos para a mãe e o feto", diz a nutricionista Ariane Machado Mais
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Sucralose não faz mal à saúde. VERDADE: "De acordo com o Food and Drug Administration, o uso do componente, dentro das quantidades permitidas, não gera riscos à saúde, como carcinogênico, reprodutivo ou neurológico", informa a nutricionista Ariane Machado Pereira. "Até o momento, a sucralose tem se mostrado segura, sendo permitida inclusive para gestantes", completa a nutricionista Luciana Harfenist. Derivado da cana, o adoçante é elaborado a partir da modificação da molécula do açúcar; não altera a taxa glicêmica do diabético e não é absorvida pelo organismo. E ainda é altamente estável em diferentes temperaturas Mais
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Aspartame pode causar alergia. INCONCLUSIVO: "Alguns estudos mostram que a ingestão de aspartame por indivíduos com sensibilidade ao formaldeído - presente neste tipo de adoçante - pode estar associada à dermatite de contato sistêmica. Casos clínicos apontam que pacientes com hábito de consumir alimentos com aspartame, como bebida gaseificada e doces, em quantidades consideráveis, quando interrompem o consumo apresentam, depois de algumas semanas, a diminuição do quadro alérgico. Mas acredito que sejam necessárias mais pesquisas para relacionar tal mecanismo", sustenta a nutricionista Ariane Machado Pereira Mais
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Alguns adoçantes favorecem a formação de gases. VERDADE: o sorbitol, utilizado pela indústria alimentícia para a produção de doces e balas diet, causa gases e diarreia quando consumido em grandes quantidades. "Como não é totalmente absorvido pelo organismo, provoca alteração no trato gastrointestinal, ocasionando aumento da pressão osmótica no interior do intestino e, consequentemente, gerando tal sintoma", conclui a nutricionista Ariane Pereira. Xilitol e manitol também podem desencadear o quadro pela fermentação de bactérias Mais