Conheça alguns mitos e verdades sobre a tosse

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Tosse pode ser transmitida de pessoa para pessoa. VERDADE: porém, isso só é possível se a tosse for causada por um agente infeccioso, tal como vírus (da gripe), bactérias (pneumonia, laringite, sinusite bacteriana e tuberculose) e fungos (principalmente se o receptor tiver baixa resistência). "Outras condições que causam tosse, como alergias e refluxo (ácido do estômago que retorna ao esôfago e à garganta), não são transmitidas", sustenta o otorrinolaringologista Alexandre E. S. Cercal, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial Mais
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Existem dois tipos de tosse: seca e com muco. VERDADE: basicamente, há estes dois tipos: a produtiva, ou secretiva, e a tosse seca sem muco. "Tal distinção é muito importante para entender a origem do distúrbio", salienta a otorrinolaringologista Rita Guimarães, acrescentando que é muito mais comum usar medicamentos para inibir a tosse do que para, efetivamente, tratar sua causa. "Dessa forma, o problema persiste, uma vez que o foco está na consequência" Mais
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Em termos de duração, a tosse pode ser aguda, subaguda e crônica. VERDADE: o que as diferencia é o tempo de duração, que muitas vezes determina a causa: a aguda permanece menos de três semanas e, em geral, é resultado de quadros de gripe, sinusite ou bronquite; a subaguda persiste por três e oito semanas, em decorrência de um quadro mais sério; já a crônica pode ultrapassar oito semanas, sinalizando uma doença grave como pneumonia e até câncer de pulmão. Por isso, a consulta ao médico é imprescindível! Mais
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O fumo é a principal causa da tosse. VERDADE: são várias as razões, segundo a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães: ele aumenta o volume do muco produzido pelos brônquios, irrita a mucosa das vias áreas superiores e inferiores, destrói os cílios que cobrem o revestimento dos brônquios e facilita o acúmulo de material estranho às vias aéreas. "O vício é um dos principais detonadores do transtorno, principalmente pela presença de mais de 4.000 substâncias com potencial nocivo ao ser humano", adverte o pediatra Sílvio Luiz Zuquim, instrutor da Faculdade de Ciências Médicas e chefe do pronto-socorro infantil, ambos da Santa Casa de São Paulo. Não por acaso, todo fumante tem pigarro e tosse. Vale destacar que a fumaça é um agressor térmico do momento em que é tragada até a entrada no pulmão, dispensando elementos químicos que provocam o envelhecimento precoce do órgão Mais
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Para acabar com a tosse seca, vale fazer gargarejo com água morna e sal. Mito: para o chefe do pronto-socorro infantil da Santa Casa de São Paulo, Sílvio Luiz Zuquim, além de ser pouco palatável, "a iniciativa pode irritar ainda mais a garganta, provocar ânsia ou vômito e levar a pessoa a engasgar ou até aspirar essa água" Mais
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Se a tosse dura mais do que três semanas, passa do quadro agudo para o crônico. MITO: conforme esclarece o pediatra Sílvio Zuquim, se durar mais do que três semanas, ela passa a ser subaguda. E, importante, deve ser investigada por um médico para que este descubra a causa e prescreva o tratamento adequado. A otorrinolaringologista Rita Guimarães acrescenta que, para identificar a origem do problema, além da anamnese e observação clínica, pode ser necessária a realização de endoscopia do nariz e da garganta e/ou tomografia computadorizada dos seios paranasais Mais
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Alguns medicamentos podem provocar a tosse. VERDADE: especialmente os para controle da pressão alta. "Anti-hipertensivos, entre eles o Captopril, produzem tosse em uma percentagem de 3% a 20% dos pacientes. Geralmente se inicia em uma a duas semanas de uso e pode durar até seis meses. Comumente cessa após a suspensão do medicamento, no prazo de uma a quatro semanas depois", esclarece o instrutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Sílvio Luiz Zuquim Mais
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Às vezes, para o diagnóstico da causa da tosse, é necessário fazer exames. VERDADE: a tosse aguda costuma cessar ao término do processo que a produziu, geralmente um resfriado, uma gripe ou uma pneumonia. "Quando se prolonga para além de três semanas, é necessário fazer uma melhor investigação, que pode incluir exames laboratoriais (hemograma, PCR, VHS) que ajudam a evidenciar processos infecciosos mas, geralmente, não indicam a causa; sorologias específicas que apontam a origem (PPD, sorologia para mycoplasma, H1N1); pesquisa de bactérias na secreção e radiografias de tórax, seios da face ou tomografias que poderão esclarecer o que está ocorrendo", informa o pediatra Sílvio Luiz Zuquim Mais
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O aspecto da secreção da tosse é outro dado indicativo da causa. VERDADE: o processo infeccioso ou inflamatório geralmente se inicia com secreções claras nos primeiros dias, que vão se tornando espessas ou purulentas na sequência (entre seis a oito dias), à medida que células de defesa do organismo (os leucócitos) entram em cena para combater o distúrbio. "Depois, com o fim da infecção e no período de quatro a cinco dias, elas voltam a se tornar claras", considera o médico Sílvio Luiz Zuquim, advertindo que secreções permanentemente purulentas ou com a presença de sangue podem indicar processos mais graves (câncer, tuberculose) ou doenças já cronificadas capazes de levar a alterações permanentes nos pulmões (bronquiectasias). Dica: secreção aquosa ou clara está geralmente associada a alergias, infecções virais das vias respiratórias superiores, asma ou irritações provocadas pelo fumo; as mais espessas, de coloração amarelada ou esverdeada, indicam bronquite, sinusite ou pneumonia; já as marrons ou avermelhadas sugerem presença de sangue e disfunções sérias, como pneumonia, tuberculose ou câncer de pulmão, informa a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães Mais
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Fatores externos como excesso de poeira em casa, permanecer em ambiente fechado e uso de ar-condicionado predispõem ao problema. VERDADE: uma casa empoeirada e úmida, por exemplo, é um dos motivos de ataques de tosse frequentes. "Produtos de limpeza, perfumes e incensos com odores muito fortes também engrossam a lista dos fatores que afetam as vias aéreas", atesta a mestre em clínica cirúrgica Rita Guimarães. "Ambientes fechados e mal arejados, acúmulo de poeira e uso de roupas guardadas há muito tempo desencadeiam a tosse no indivíduo alérgico, da mesma maneira que o resfriamento do ambiente detona o mal em quem sofre com rinite, asma ou é sensível a mudanças bruscas de temperatura", completa o pediatra Sílvio Zuquim Mais
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Tosse pode ser sintoma de várias doenças. VERDADE: ela é um mecanismo de defesa do ser humano e visa eliminar, principalmente da via respiratória, qualquer substância que esteja alterando o bom funcionamento da respiração. "Trata-se de um sintoma presente em processos infecciosos, não infecciosos, ambientais, alérgicos e congênitos que afetam não só o aparelho respiratório como também o digestório e o cardíaco. As doenças mais frequentes que produzem tosse são gripes, resfriados, pneumonias e sinusites. As causas não infecciosas incluem rinite, asma, fumo, poluição ambiental, refluxo gastroesofágico, aspiração de corpo estranho e neoplasias. É importante não esquecer o ressurgimento da tuberculose e da coqueluche, no adulto, que voltam a ser transmitidas às crianças ainda não completamente vacinadas (menores de seis meses de idade)", salienta o chefe do pronto-socorro infantil da Santa Casa de São Paulo, Sílvio Luiz Zuquim Mais
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Água é um dos melhores tratamentos para o problema. VERDADE: a explicação é que a via respiratória funciona melhor quando umidificada, conseguindo limpar a área quanto mais fluida estiver. "Uma boa hidratação é fundamental. Por isso a ingestão de líquidos, especialmente a água, é importante para proporcionar a efetiva eliminação das secreções. Devemos lembrar que a perda de água em processos pulmonares, pela respiração mais rápida ou pela febre, faz necessária uma oferta maior de líquidos", enfatiza o pediatra Sílvio Zuquim Mais
Marcelo Justo/Folha Imagem
O vapor do chuveiro ou da inalação ajuda no combate à tosse. VERDADE: quanto maior a fluidificação das secreções, mais fácil fica eliminá-las e, consequentemente, a tosse diminui. "Tais medidas trarão líquido para dentro das vias aéreas, ajudando a soltar o muco e melhorando a tosse. No entanto, pode-se dizer que o resultado de fazer inalação com água fervendo ou beber muita água é mais ou menos o mesmo. Outra coisa: não se indica a inalação de vapor com odores, como, por exemplo, de eucalipto, porque tais substâncias provocam irritação nas vias respiratórias", diz a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães Mais
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Enrolar um lenço umedecido com álcool na garganta alivia os sintomas e diminui a tosse. MITO: apesar de muitas pessoas sentirem um alívio com o calor e o cheiro do álcool, tendo a impressão que estão respirando melhor, a tosse não é minimizada, pois não se está combatendo a origem do problema. "Em infecções da garganta, como amigdalites e faringites, os pacientes aquecem o pescoço e relatam um momento de bem-estar, com diminuição de sintomas como dor e tosse. Mas não há nada comprovado cientificamente", assegura o médico Sílvio Zuquim, da Santa Casa de São Paulo. A médica Rita Guimarães pondera que o álcool evapora em contato com a pele e esquenta a garganta, forçando o organismo a levar mais sangue para o local. "Daí a falsa sensação de alento. Sugiro, entretanto, tomar cuidado com a prática porque o álcool pode representar mais um agressor, agredindo a mucosa respiratória ao ser respirado e desidratando o organismo. Se a ideia é esquentar, um cachecol no pescoço já basta" Mais
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Receitas caseiras, como um bom chazinho, são boas opções. VERDADE: chás funcionam como a água, são bons hidratantes, principalmente para quem não tem costume de tomar água pura. "Subjetivamente, alguns preferem os à base de erva-doce ou camomila, de propriedade calmante", diz o pediatra Sílvio Luiz Zuquim, acrescentando que o importante é aumentar a oferta hídrica nos processos infecciosos de via respiratória, só tendo o cuidado com a forma de adoçar para não aumentar a ingestão de açúcar e, no caso da criança, não alterar seu apetite. "Adoentada, ela estará comendo menos e, ao consumir líquidos adocicados, terá sua fome ainda mais prejudicada. Os chás podem ser oferecidos nos intervalos das refeições" Mais
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Para melhorar a respiração, vale manter a cabeça elevada na hora de dormir. VERDADE: deixar a cabeça elevada e, eventualmente, também o tronco, favorece a drenagem das secreções e permite uma melhor respiração. Dá para usar travesseiros extras ou elevar a cabeceira da cama com calços. Outras dicas são manter o ambiente ventilado, aumentar o teor de umidade do ar com umidificadores ou vaporizadores e tomar banho quente prolongado para respirar bastante vapor Mais
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Xaropes para tosse são inofensivos. MITO: toda medicação, seja alopática, homeopática, natural ou baseada em experiências familiares, não é isenta de efeitos colaterais. "Eles podem ser leves como náuseas, vômitos, dor de barriga, diarreia, azia e até mais graves, como as reações alérgicas que pioram bastante o quadro. É fundamental que se procure orientação médica em vez de se automedicar, mesmo porque o acompanhamento da doença deve ser feito sempre para que a cura se processe o mais rapidamente possível", recomenda o médico Sílvio Luiz Zuquim Mais
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Se a tosse com muco durar mais de 15 dias, é bom procurar o médico. VERDADE: conforme esclarece o instrutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Sílvio Zuquim, o médico deve ser consultado sempre que um sintoma não for leve ou vier acompanhado de febre, dor, falta de ar ou outro sinal que incomode ou impeça as atividades normais, trabalho, escola, serviços domésticos. "Nos casos de tosse com duração maior que cinco a sete dias, é mais importante ainda tal cuidado, visto que a doença inicial pode estar se agravando ou complicando, sendo necessária medicação mais específica (talvez antibiótico) ou a realização de algum exame complementar (de laboratório ou de imagem) para diagnosticar o que está acontecendo e estabelecer o tratamento adequado" Mais
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Poeira, pelos de cobertores, lã e animais provocam a tosse. VERDADE: pessoas que têm rinite, asma ou qualquer processo alérgico a tais fatores podem iniciar uma crise pela tosse. E esta pode evoluir para falta de ar, obstrução nasal ou outros sintomas. Nestes casos, é imprescindível limpar e arejar o ambiente e lavar as roupas guardadas antes das estações frias do ano Mais
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Mel e própolis auxiliam no combate ao distúrbio. VERDADE: alguns trabalhos comparando o consumo de mel por pessoas (maiores de um ano) e com placebo (substância inerte de mesmo sabor, cor e textura do mel), em dose única noturna, demonstraram relativa melhora na tosse em quem tomou o mel, levando a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Academia Americana de Pediatria a sugerir eventual benefício do uso do mel em crianças acima de um ano. "Mas muitas entidades do segmento, como a Sociedade Brasileira de Pediatria, só permitem o uso de mel após os dois anos de idade", observa o médico Sílvio Luiz Zuquim Mais
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Fazer força para tossir pode trazer problemas como contusões. VERDADE: segundo o pediatra Sílvio Luiz Zuquim, a fragilidade da pele ou mesmo a osteopenia (diminuição da massa óssea), especialmente nos extremos da vida (infância e terceira idade), pode, em casos de esforço intenso como tossir muito ou prolongadamente, provocar pequenos extravasamentos de sangue na pele, principalmente na face ao redor dos olhos. Hematomas na conjuntiva ocular (comum na coqueluche em crianças pequenas) e, eventualmente, casos de fraturas de costelas em pessoas muito idosas e enfraquecidas também podem ocorrer Mais