Conheça alguns mitos e verdades sobre arritmia

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O coração tem um ritmo adequado. VERDADE: o dos adultos pulsa, em média, entre 60 a 100 batimentos por minuto. "Indivíduos mais condicionados fisicamente, jovens e atletas, tendem a ter frequências mais lentas, chegando durante o sono a 30 batimentos sem denotar qualquer anormalidade", explica o médico Guilherme Fenelon, eletrofisiologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, acrescentando que o importante é que o coração acelere adequadamente quando necessário - por exemplo, em um treino de ginástica. Para entender melhor: o coração é formado por duas bombas com sistema elétrico próprio. Se a pessoa está adormecida, a necessidade de oxigênio na circulação é pequena, daí o ritmo mais devagar; durante uma atividade intensa, ao contrário, o tecido muscular requer mais oxigênio e a frequência sobe Mais
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O sintoma mais comum da arritmia é a palpitação. VERDADE: as palpitações se manifestam como sensação de coração falhando, trancos ou batedeira no peito, explica o membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, Guilherme Fenelon. "Mas, na maioria das vezes, as palpitações não estão relacionadas a nenhuma arritmia, representando ansiedade." Outros sintomas são desmaio, falta de ar, cadência lenta ou irregular do coração, intervalo entre os batimentos, debilidade, tontura e dor de cabeça, sudorese e sensação de estar sem fôlego. Nos casos graves, há sinais como confusão psíquica, pressão baixa e angina (dor no peito) Mais
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Arritmia tanto pode ser benigna como indicar uma situação grave. VERDADE: a maioria é benigna, porém há algumas que podem originar desmaios e até morte súbita. "Em geral, são taquicardias (o coração bate muito rápido) que acometem corações doentes, com infartos prévios, insuficiência cardíaca ou outras moléstias que afetem o músculo do coração. Os desmaios também podem ocorrer quando o órgão bate muito lentamente por problemas no comando ou na condução do impulso elétrico que gera o batimento", explica o cardiologista Guilherme Fenelon. "São consideradas graves as arritmias que precedem a parada cardíaca, como fibrilação ventricular, ou as arritmias ventriculares sustentadas (que se mantêm por período superior a 30 segundos ou que levam a transtornos hemodinâmicos como hipotensão, desmaios ou síncopes). Quando aparecem em corações sem nenhuma alteração, dificilmente trarão problemas para estes pacientes, sendo consideradas benignas", completa a cardiologista Rica Buchler Mais
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Alguns exames são indicados para diagnosticar a arritmia. VERDADE: os exames principais são o eletrocardiograma feito no consultório, o Holter de 24 horas (aparelho que grava os batimentos durante o dia todo) e o monitor de eventos, que possibilita acompanhar os pulsos por períodos prolongados. "Em alguns casos é possível lançar mão do estudo eletrofisiológico, que é um cateterismo cardíaco no qual se avalia a parte elétrica do coração. Muitas vezes, o tratamento é feito no mesmo procedimento por meio da ablação por cateter, que consiste na cauterização dos focos de taquicardia", explica o cardiologista Guilherme Fenelon. A médica Mariana Fuziy Nogueira de Marchi, do setor de cardiologia do SalomãoZoppi Diagnósticos, complementa dizendo que o ecocardiograma permite visualizar o sistema cardíaco, as válvulas e as demais estruturas, auxiliando no diagnóstico de doenças que podem levar a arritmias Mais
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Há pessoas que têm tendência ao problema e, por isso, terão que conviver com ele, tomando medidas preventivas. VERDADE: algumas arritmias são crônicas e não têm cura, mas podem ser controladas com medicamentos e estilo de vida saudável. O eletrofisiologista Guilherme Fenelon, do Hospital 9 de Julho, recomenda controlar bem a pressão arterial, o diabetes (açúcar no sangue), o colesterol (gordura no sangue), a obesidade, não fumar e fazer atividades físicas regulares. Carla de Almeida, cardiologista especializada no tema, acrescenta que a maioria das arritmias precisa da uma alteração na anatomia do coração para ocorrer - o chamado "substrato da arritmia". "O substrato mais frequente é a cicatriz de um infarto do músculo cardíaco. Outras moléstias, como a doença de Chagas, também podem predispor ao problema. Além disso, existem os males genéticos e hereditários que, quando diagnosticados, requerem tratamento adequado. Cada caso deve ser particularizado para determinar a melhor conduta" Mais
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Prática de atividades físicas pode provocar o problema. MITO: a atividade física leve e moderada é benéfica para o coração e não provoca arritmias. Mas é sempre adequado fazer uma avaliação médica antes de iniciar um programa de exercícios, especialmente em se tratando de adultos, adverte Guilherme Fenelon. A cardiologista Rica Buchler sustenta que a prática por si só não causa nem provoca arritmias. "Estas ocorrem por cardiopatias pré-existentes não diagnosticadas ou não controladas adequadamente. Fica o alerta, porém: é preciso fazer avaliação física prévia antes de começar o exercício" Mais
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Se tenho arritmia, preciso parar de me exercitar. MITO: a maioria das pessoas com a disfunção pode continuar suas atividades físicas leves a moderadas. "Precisam parar apenas aqueles cuja arritmia está diretamente relacionada ao exercício físico, como alguns atletas de alto rendimento e indivíduos com doenças genéticas, situações felizmente raras no dia a dia", salienta o eletrofisiologista Guilherme Fenelon. A cardiologista Rica Buchler completa dizendo que pacientes que já tiveram o distúrbio podem treinar desde que liberados pelo cardiologista após a realização de exames como teste ergométrico, ecocardiograma e Holter. "O risco existe para uma minoria - que, nesse caso, não deve se exercitar -, como pacientes como miocardiopatia hipertrófica, pelo perigo de morte súbita" Mais
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Café, chocolates e refrigerantes podem causar arritmia. VERDADE: o uso excessivo de bebidas e alimentos ricos em cafeína estimula em demasia o coração, podendo provocar algumas arritmias, diz o médico Guilherme Fenelon. "Para que isso ocorra, no entanto, a xantina (cafeína) deve estar em concentrações elevadas no sangue", pondera a médica assistente Mariana Fusiy Nogueira de Marchi, do Dante Pazzanese, concluindo que o uso moderado dificilmente causará problemas Mais
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Pilotos, motoristas e operadores de máquinas pesadas precisam de cuidados especiais, pois são candidatos a sofrer com o problema. MITO: atividades profissionais de risco não estão associadas ao desenvolvimento de arritmia. "Entretanto, o tratamento das arritmias nesses grupos de pacientes precisa ser mais intenso, pois qualquer disfunção durante o exercício da profissão pode colocar em risco a própria vida e a de terceiros", defende o médico Guilherme Fenelon. A cardiologista Rica Buchler observa que os citados profissionais têm a mesma chance de apresentar arritmia que a população em geral. "Porém, como são atividades de risco, devem ser avaliados periodicamente. Se identificada a arritmia, precisam ser afastados e submetidos ao tratamento adequado para o quadro. E, quando tudo estiver bem, poderão retornar ao trabalho normalmente" Mais
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Obesidade é um dos fatores contribui para o distúrbio. VERDADE: obesidade é um fator de risco relacionado ao aparecimento da fibrilação atrial, uma das arritmias mais comuns, caracterizada por uma sequência de batimentos irregulares e com frequência variada. "Além disso, o índice de massa corporal aumentado também representa um perigo para doenças coronarianas, predispondo a outras arritmias", considera Carla de Almeida, do setor de cardiologia do SalomãoZoppi Diagnósticos. O eletrofisiologista Guilherme Fenelon completa dizendo que a obesidade é perigosa principalmente em pacientes com apneia do sono (que apresentam paradas na respiração). Importante: muitos remédios para emagrecer têm em suas fórmulas anfetaminas, hormônios tireoidianos, diuréticos e outros elementos que podem causar o distúrbio. Por isso, pessoas com alterações cardíacas não devem fazer uso desses remédios Mais
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Esforço físico durante o ato sexual pode provocar arritmia. MITO: do ponto de vista das arritmias, o risco durante o ato sexual é o mesmo que de outros tipos de atividade física de mesma intensidade, sustenta o eletrofisiologista Guilherme Fenelon. "O ato sexual por si só não desencadeia o distúrbio. Pode, sim, agravar condições patológicas pré-existentes, como cardiopatias não diagnosticadas e arritmias não tratadas adequadamente", completa a cardiologista Rica Buchler Mais
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Alguns medicamentos, como broncodilatadores, favorecem o surgimento da arritmia. VERDADE: a maioria desses remédios acelera o coração, propiciando o aparecimento de algumas arritmias, especialmente em pacientes que já tenham o problema, diz Guilherme Fenelon. "Os broncodilatadores estimulam o batimento cardíaco, aumentando sua frequência e algumas vezes levando a arritmias. Tais medicações, no entanto, não são contraindicadas, apenas precisam ser prescritas e acompanhadas por um médico. A automedicação deve sempre ser evitada", acrescenta a doutora em Ciências, Rica Buchler Mais
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Drogas como crack e cocaína provocam o problema. VERDADE: tais drogas provocam grande estimulação do coração, podendo gerar arritmias graves e morte súbita. Conforme explica a cardiologista Carla de Almeida, o crack e a cocaína agem diretamente nas células cardíacas aumentando os batimentos e, indiretamente, diminuindo o espasmo dos vasos que levam o sangue ao coração. "Assim, à medida que o órgão precisa de mais oxigênio e nutrientes para funcionar, a oferta do sangue é reduzida. Esse descompasso gera áreas isquêmicas (com fluxo de sangue inadequado) que podem ser o substrato para arritmias graves" Mais
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Ansiosos e quem sofre de patologias como síndrome do pânico são mais propensas. MITO: indivíduos nessas condições muitas vezes apresentam sensação de palpitação e impressão de perigo iminente de morte, episódios fugazes que cessam espontaneamente. "Não raro, acabam procurando o serviço de emergência. E, ao realizar o eletrocardiograma, o exame se mostra normal ou, em alguns casos, é evidenciada taquicardia sinusal, condição benigna desencadeada pelo próprio quadro psicológico", destaca a cardiologista Mariana Fuziy Nogueira de Marchi, especializada em arritmia Mais
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Ingerir bebidas alcoólicas causa arritmia. VERDADE: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode desencadear arritmia - especialmente a fibrilação atrial - mesmo em pessoas com o coração normal e sem outros problemas de saúde. Isso porque o álcool leva a maior liberação de substâncias estimulantes. A médica Carla de Almeida, do setor de cardiologia do SalomãoZoppi Diagnósticos, faz uma observação: o risco aumenta quando se associa bebida alcoólica com as chamadas energéticas. "Estas últimas contêm cafeína e outros tipos de estimulantes que predispõem ao problema" Mais
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Fumar é um dos fatores de risco. VERDADE: tabagismo tende a acelerar o coração, favorecendo a disfunção. O fumo, além de estar relacionado com o desenvolvimento de doenças coronarianas, predispondo a aterosclerose, também vem sendo associado ao aparecimento de arritmias. Notou-se que quem fuma sofre maior perigo de apresentar fibrilação atrial quando comparado a quem nunca fumou. E os ex-tabagistas, apesar de terem mais riscos do que os que nunca fumaram, apresentam menor incidência de fibrilação atrial dos que permanecem tabagistas", considera Mariana Fuziy Nogueira de Marchi Mais
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Em algumas situações, a arritmia cardíaca pode levar à morte súbita. VERDADE: a morte súbita é geralmente causada por taquicardias (aceleração dos batimentos) originadas nas cavidades de baixo do coração, chamadas ventrículos. "Essa desorganização da atividade elétrica faz com que o coração não consiga mais bombear sangue, levando à parada cardíaca. A principal causa é o infarto agudo, também conhecido como ataque cardíaco. Pessoas com moléstias graves do músculo do coração, como insuficiência cardíaca (coração fraco) ou doença de Chagas, ou que já tiveram infarto, também têm maior risco de morte súbita", explica o eletrofisiologista Guilherme Fenelon Mais
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Há medidas e tratamentos preventivos para afastar o risco de arritmia. VERDADE: embora não existam medidas específicas para prevenir arritmias, sabe-se que tratar bem o coração diminui o perigo. Isso envolve ter vida saudável, boa alimentação, prática regular de atividades físicas, não fumar, beber com moderação e controlar fatores como pressão alta, diabetes, colesterol elevado e obesidade Mais
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Alguns tipos de arritmia requerem tratamentos especiais. VERDADE: muitas vezes as arritmias não requerem tratamento e, quando este é necessário, podem ser utilizados medicamentos. Em algumas situações em que o coração bate muito devagar (bradicardia), o implante do marcapasso cardíaco é muito eficiente. "Diversos tipos de taquicardia (aceleração do coração) podem ser tratados e até mesmo curados pela ablação por cateter, que é a cauterização dos focos de arritmia. Tal terapia é particularmente eficaz e segura em pacientes com curtos circuitos no coração, que provocam taquicardias em pessoas jovens. Já nos casos em que o risco de morte súbita é muito alto, o Implante do Desfibrilador Interno (CDI) é uma alternativa bastante eficiente. É um tipo especial de marcapasso que monitora os batimentos do paciente e, ao detectar uma arritmia maligna, libera um choque ressuscitador", explica o especialista em Eletrofisiologia Clínica e Experimental Guilherme Fenelon Mais