Capital de Serra Leoa parece cidade fantasma com toques de recolher causados pelo ebola

Killian Docherty
Serra Leoa tem sido gravemente castigada pelo vírus ebola ao longo dos últimos meses. Além da elevada taxa mortalidade, a epidemia causa imenso sofrimento à população que é submetida a medidas restritivas que dificultam a vida econômica e urbana. Vários toques de recolher em Freetown, capital de Serra Leoa, forçam os habitantes a ficar em casa e deixam a cidade aparentemente deserta. Killian Doherty, um arquiteto irlandês que trabalha no AFO (Architectural Field Office), em Ruanda e Serra Leoa, permaneceu em Freetown durante a maior parte da epidemia e documentou a situação em um ensaio fotográfico Mais
Killian Docherty
Estas fotos foram tiradas durante o segundo toque de recolher nacional (lock-down), entre os dias 19 e 21 de setembro. O primeiro toque de recolher ocorreu no início de agosto, quando o ebola começou a se tornar uma ameaça em Freetown. Até então, casos da doença só haviam sido registrados em áreas rurais de Serra Leoa. O toque de recolher foi uma das ações mais radicais do governo, entre um conjunto de medidas que tem sido implantado em todo o país. Entre elas, a proibição de reuniões sociais em lugares como cinemas informais ou boates. No entanto, grandes encontros religiosos que podem durar horas, com centenas de pessoas, são permitidos Mais
Killian Docherty
Nos dias que antecederam o toque de recolher, as ruas de Freetown ficaram congestionadas. Pessoas estocaram óleo de cozinha, arroz e outros mantimentos, o que fez os preços dos alimentos dispararem nos mercados. Durantes os três dias de toque de recolher, muitas famílias com parentes que tinham morrido de ebola colocaram seus corpos anônimos nas ruas. A ação foi motivada por medo de que a polícia levasse pessoas com suspeita de contagio pelo vírus ebola. Equipes enviadas pelo governo retiraram os corpos das vítimas de ebola da cidade, mas não conseguiram identificar com quem estas vítimas haviam tido contato Mais
Killian Docherty
Havia postos de controle militares e policiais em todos os principais cruzamentos e entroncamentos da capital de Serra Leoa. Só podiam circular pela cidade pessoas ou veículos que tivessem um passe, que foi disponibilizado apenas aos envolvidos no combate ao ebola ou a profissionais de imprensa credenciados. Segundo Killian Doherty, muitos veículos autorizados circulavam pelas ruas desertas de Freetown desrespeitando limites de velocidade e segurança Mais
Killian Docherty
Pessoas que dependem do comércio de rua foram e são profundamente afetados pelas restrições impostas pelo ebola em Serra Leoa. As vendas de ambulantes e nos mercados caíram e os preços de alimentos e roupas subiram dramaticamente. Camisetas que antes da epidemia eram vendidas na rua por cerca de três dólares chegaram a custar o dobro do preço durante o toque de recolher Mais
Killian Docherty
Uma das medidas restritivas adotadas pelo governo de Serra Leoa para conter o ebola foi a proibição da atividade de mototáxis após as 19h. Mototaxistas têm sido marginalizados no país por muitas razões. Eles foram acusados de serem cúmplices no transporte de vítimas de ebola e aumentar a taxa de mobilidade do vírus Mais
Killian Docherty
As estimativas oficiais indicam que 75% da população -- 4,5 milhões de pessoas -- foram alcançados no segundo toque de recolher nacional em Serra Leoa, entre os dias os dias 19 e 21 de setembro. Na ocasião, a agência Médicos Sem Fronteiras (MSF) criticou a medida, dizendo que, no final, ela ajuda a espalhar o vírus ebola, e não a contê-lo, já que oculta potenciais casos da doença Mais