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Clique Ciência: Como funciona o teste de gravidez? E como era no passado?

Imagem: Thinkstock

Colaboração para o UOL

09/08/2016 06h00

Para determinar se uma mulher está grávida, os testes vendidos em farmácia usam uma reação química que capta a presença do hormônio HCG (gonadotrofina coriônica humana) na urina. Esse hormônio só aparece durante a gravidez e serve para manter o corpo lúteo, uma formação no ovário que aparece toda vez que a mulher ovula.

Tem uma curiosidade científica? Mande sua pergunta para o UOL com a #CliqueCiência Imagem: Arte/UOL
 Funciona assim: quando a urina entra em contato com a tira do teste, os anticorpos presentes na fita procuram uma das duas subunidades do HCG conhecida como beta. Se ela for encontrada no xixi, os anticorpos se juntam a ela e provocam uma reação química que libera cor.

Sempre vai aparecer uma linha, para mostrar que o exame está funcionando. A segunda linha só aparece quando o beta HCG é detectado, ou seja, em caso de gravidez.

Dá para saber se a mulher está grávida a partir do décimo dia de fecundação, mas os especialistas recomendam que o teste de farmácia seja feito depois que a menstruação atrasar. Antes disso, o mais indicado é o exame de sangue.

O princípio do exame de sangue é o mesmo: captar uma reação química quando há o beta-HCG. A diferença é que este teste é mais sensível, pois a concentração de hormônio é maior no sangue do que no xixi.

A análise do sangue determina ainda a concentração do beta-HCG, que ajuda a determinar se a gestação está progredindo ou não --no início da gravidez, a quantidade do hormônio dobra a cada 48 horas.

Como surgiram os testes?

Até 1960, quando foi feito o primeiro teste com anticorpos e reação química, a maioria dos exames era impreciso para diagnósticos precoces e feita em laboratórios.

Foi a descoberta da subunidade beta, em 1972, que fez com que os cientistas desenvolvessem um anticorpo específico e criassem um teste de gravidez preciso, capaz de determinar também os níveis do hormônio na urina.

Os primeiros testes de farmácia, os EPTs da empresa americana Warner Chilcott, eram muito mais simples, mas ainda dependiam do tubo de ensaio para misturar a urina com soluções. Também era preciso esperar algumas horas pelo resultado, a taxa de precisão era questionável e os resultados falso-negativo eram bastante comuns.

As melhorias feitas nas décadas de 1980 e 1990 deram origem à fita com os dois traços e aos resultados tão precisos quanto o exame de sangue.

Especialistas consultados: Álvaro Pulchinelli Jr, patologista clínico do Fleury Medicina e Saúde; Javier Miguelez, especialista em Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde; Paola Fasano, ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz (SP). Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana. National Institute of Health

No passado, teste era feito com trigo e sapos

  • Imagem: Thinkstock
    Imagem: Thinkstock

    No Egito, a mulher fazia xixi no trigo

    Um dos primeiros registros escritos de um teste de gravidez à base de urina foi encontrado no Egito. Na época, a mulher deveria fazer xixi em sacos de trigo e cevada. Se a cevada germinasse, a mulher teria um menino. Se fosse o trigo, seria uma menina. Se não germinassem, ela não estava grávida. Quando os cientistas testaram a teoria em 1963, descobriram que em 70% das vezes a urina das grávidas promovia o crescimento das plantas. A hipótese é que o sucesso estaria ligado à quantidade elevada do hormônio estrogênio na urina da mulher.

  • Imagem: Leesa Wilmott/ AP
    Imagem: Leesa Wilmott/ AP

    Profetas do xixi

    Na Idade Média, a maioria dos testes seguia um método não-científico de avaliar visualmente a urina. Alguns médicos ficaram conhecidos como "profetas do mijo" e, em um texto de 1552, a urina de uma grávida foi descrita como "cor de limão pálido, com uma nuvem em sua superfície". Outros testes incluíram a mistura de vinho com urina para observar os resultados. Como o álcool reage com certas proteínas do xixi, esses prognósticos podem ter tido uma taxa de sucesso moderado.

  • Imagem: Maurice Mikkers/Cortesia
    Imagem: Maurice Mikkers/Cortesia

    Bactérias no xixi

    No século 19, os médicos ainda utilizavam a observação da urina como principal método para descobrir precocemente a gravidez. Mas em vez observar mudanças na cor, eles se concentravam na presença de bactérias ou estruturas cristalinas visíveis apenas pelo microscópio. Embora o estudo do sistema reprodutivo estivesse mais adiantado, a descoberta dos hormônios ainda levaria muito tempo. Foi apenas na década de 1890 que os estudiosos começaram a falar sobre produtos químicos ou "secreções internas" de certos órgãos (ou seja, os hormônios).

  • Imagem: Kyoto University/Takehito Kaneko/AFP
    Imagem: Kyoto University/Takehito Kaneko/AFP

    Ratos...

    Na década de 1920, cientistas de vários laboratórios europeus descobriram um hormônio exclusivo da mulher grávida, o HCG. Em 1928, dois alemães desenvolveram o teste AZ, que injetava a urina da mulher em uma ratazana para identificar a gravidez. Se a mulher estivesse grávida, o hormônio do seu xixi causariam uma reação de cio no animal (já que haveria um aumento do hormônio na ratazana).

  • Imagem: Vincent Fournier/Institute
    Imagem: Vincent Fournier/Institute

    Coelhas

    Pouco tempo depois, os ratos foram substituídos por coelhas. A urina era injetada nas veias da orelha do animal. Se o HCG estava presente, a coelha ovularia dentro de 48 horas. Infelizmente, a única maneira de observar isso, era matando o coelho.

  • Imagem: Luiz Fernando Ribeiro/Fundação Grupo Boticário
    Imagem: Luiz Fernando Ribeiro/Fundação Grupo Boticário

    E sapos

    Até os sapos entraram na história. Até a década de 1950, era comum injetar a urina em sapos machos. Se houve hormônio, o organismo do sapo liberava espermatozoides que, depois de uma hora, se acumulavam na cloaca . Então a presença de espermatozoides na urina do animal indicava gravidez da mulher. Era um teste caro, lento e que sacrificava um número grande de animais.

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