São Paulo sofre falta crítica de medicamentos para intubação, alertam autoridades
Autoridades brasileiras alertaram hoje sobre a falta crítica de medicamentos para intubação em centros de saúde públicos do estado de São Paulo e expressaram preocupação com o risco de colapso em meio à segunda onda da pandemia.
Um relatório do Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais da Saúde do Estado de São Paulo) revela que 68% dos centros da rede municipal não possuem neurobloqueadores — necessários para relaxar a musculatura durante o processo de intubação — e 61% não têm mais reservas de sedativos.
"A análise dos dados de 13 de abril, em comparação ao cenário de 5 de abril, aponta o agravamento da situação de estoque dos medicamentos para intubação", diz o relatório.
"Estamos há 40 dias enviando ofícios para o Ministério da Saúde fazendo esse alerta e pedindo ajuda. (...) São medicamentos importantes para a sedação dos pacientes" que têm que enfrentar uma intubação, disse hoje o secretário da saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em entrevista ao GNews.
Gorinchteyn informou que um novo carregamento de medicamentos deve chegar hoje, mas reiterou que é crucial agilizar o fornecimento de insumos devido à demanda gerada pelo alto número de casos de covid-19, e responsabilizou o Ministério da Saúde por impossibilitar a compra de insumos diretamente dos fabricantes.
O Brasil registra há meses um aumento dos casos e mortes por covid-19.
São Paulo, o estado mais populoso (45,9 milhões), apresenta uma média móvel de 15.000 casos e 773 mortes por dia, segundo o Ministério da Saúde.
O estado acumula 2,6 milhões de casos e 85.475 óbitos, com uma taxa de 186 mortes a cada 100.000 habitantes, maior que a média nacional de 172 mortes a cada 100.000 habitantes.
Até o momento, 86,4% dos leitos das unidades de cuidados intensivos estão ocupados, enquanto alguns hospitais anunciaram a redução de leitos devido à falta de insumos.
No Rio de Janeiro e em Minas Gerais, estados igualmente muito afetados pela segunda onda da pandemia no Brasil, também surgiram denúncias de falta de medicamentos para intubação.
A imprensa local relatou ontem que em um hospital do Rio de Janeiro foi preciso amarrar alguns pacientes que, ainda intubados, acordaram devido à falta de sedativos.
O Brasil, com 212 milhões de habitantes, superou nesta quarta-feira as 360.000 mortes por coronavírus e continua sendo o segundo país com o maior número absoluto de mortes, atrás dos Estados Unidos (564.400).
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