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Redução de estômago reduz chances de diabetes tipo 2, diz estudo

James Gallagher

Editor de Saúde da BBC News

03/11/2014 17h12


Um estudo publicado na Lancet Diabetes and Endocrinology afirma que cirurgias bariátricas podem reduzir fortemente as chances de um paciente desenvolver diabetes tipo 2.

Médicos acompanharam cerca de 5.000 pessoas para avaliar o impacto da operação, também conhecida como redução de estômago, na saúde.

Os resultados mostraram uma redução de 80% de incidência da diabetes tipo 2 em pessoas que se submeteram à cirurgia.


A Grã-Bretanha está considerando oferecer o procedimento a milhares de pessoas para prevenir a doença.

Obesidade e diabetes tipo 2 estão fortemente relacionadas - quanto mais gorda é a pessoa, maior o risco de desenvolver a doença.

A incapacidade de controlar os níveis de açúcar no sangue pode resultar em cegueira, amputações e danos nos nervos.

Cerca de um décimo do orçamento do NHS, o sistema de saúde britânico, é gasto em cuidados relativos à doença.

Cirurgia

O estudo acompanhou 2.167 adultos obesos que passaram por cirurgia bariátrica.

Eles foram comparados com 2.167 pessoas obesas que não foram fizeram a operação.

Houve 38 casos de diabetes após a cirurgia, em comparação com 177 em pessoas que não passaram pelo procedimento - uma redução de quase 80%.

Cerca de 3% das pessoas com obesidade mórbida desenvolvem diabetes tipo 2 a cada ano. A cirurgia reduziu a incidência para cerca de 0,5%, o que se equipara à média da população em geral.

O Instituto Nacional de Saúde (The National Institute of Health and Care Excellence) está considerando expandir a cirurgia bariátrica no NHS para reduzir as taxas de diabetes tipo 2.

Pela orientação atual, a cirurgia só é uma opção para pessoas com IMC acima de 35 que tenham outros problemas de saúde.

Mas novas propostas para o sistema público de saúde britânico preveem que a cirurgia seja oferecida a todas as pessoas com este perfil - e ainda a pessoas bem mais magras, dependendo do caso.

A instituição de caridade Diabetes UK diz que cerca de 460 mil pessoas atingirão os critérios para uma avaliação automática sob a nova orientação.

Mas o total dispara para perto de 850 mil quando as pessoas com IMC menor de 30 também são consideradas.

O Instituto Nacional de Saúde prevê números na casa de dezenas de milhares. No entanto, a cirurgia pode custar entre 3 mil e 15 mil libras - cerca de R$ 12 mil a R$ 60 mil - e os planos do instituto têm levantado preocupações de que o NHS não será capaz de pagar o tratamento, mesmo que haja economia no longo prazo.

"A chave é saber não apenas o quanto a cirurgia é efetiva mas o quão segura ela é no longo prazo. Precisamos saber o custo-benefício da cirurgia bariátrica e como ele se pode ser balanceado com o custo de tratamento da diabetes", disse Martin Gullford, do King's College London.

"Esta é uma pesquisa interessante que reforça o que já sabemos sobre como a perda de peso ser importante para a prevenção de diabetes tipo 2. Mas é preciso lembrar que cirurgias têm riscos e que, por isso, a cirurgia bariátrica só deve ser considerada se sérias tentativas para perder peso tiverem sido infrutíferas", disse Simon O'Neill, diretor de inteligência de saúde do Diabetes UK.

"Olhando para o contexto, também precisamos nos concentrar mais, como sociedade, em impedir que as pessoas se tornem obesas. Precisamos saber se as pessoas estão recebendo apoio para perder peso por meio do acesso aos serviços certos para incentivá-las a fazer escolhas saudáveis. "