A mulher que doa em vida seus órgãos a estranhos
Tracey Jolliffe já doou um rim, 16 óvulos e mais de 45 litros de sangue e pretende deixar seu cérebro para ser estudado pela ciência. Agora, também quer doar parte de seu fígado para alguém que não conhece.
"Se tivesse mais um rim extra, o doaria também", disse ela ao programa Victoria Derbyshire, da BBC.
Tracey é uma "doadora altruísta" --como são chamadas na Grã-Bretanha pessoas dispostas a dar um órgão para salvar a vida de um desconhecido.
Ela é microbióloga e trabalha no NHS, o sistema de saúde público britânico. Seus pais eram enfermeiros, e Tracey passou a vida ouvindo sobre a importância da assistência médica sob um ponto de vista profissional.
Mas ela também está determinada a fazer a diferença a nível pessoal. "Eu me registrei como doadora de sangue e de medula quando tinha 18 anos", conta.
Hoje aos 50 anos, ela continua disposta a doar o que pode.
Em 2012, ela foi uma das menos de cem pessoas no Reino Unido a doar um rim sem saber quem o receberia --e, agora, apoia a organização de caridade Give a Kidney ("Doe um Rim", em inglês), que incentiva outros a fazerem o mesmo.
Até 30 de setembro de 2016, 5.126 estavam na fila de espera por um rim no NHS, em que o tempo médio de espera é de três a quatro anos.
No Brasil, o número é quase quatro vezes maior: eram 20 mil pessoas, entre adultos e crianças, até março de 2016, que aguardavam um rim, segundo os dados mais recentes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
É de longe o órgão mais requisitado. De todos os pacientes à espera por um transplante de órgãos no Brasil, 58,7% aguardam por um rim --enquanto 4,2% precisam de uma doação de fígado, o segundo mais demandado na lista.
'Processo complexo'
Agora, ela espera doar parte de seu fígado - e, de novo, para alguém que não conhece. Ela está ciente dos riscos envolvidos. "O perigo é muito maior do que na doação de rim", afirma.
A taxa de mortalidade de uma doação a partir do lóbulo direito do órgão é de uma morte a cada 200 pessoas e, a partir do lóbulo esquerdo, de uma a cada 500.
Mas muitos doadores têm uma vida longa e saudável após o transplante, diante da "incrível capacidade de regeneração" do órgão, esclarece Tracey.
Quase imediatamente após a cirurgia, o restante do fígado do doador começa a crescer, um processo conhecido como hipertrofia e que continua por até oito semanas.
Tracey afirma não ter dúvidas de que continuará a doar enquanto puder e espera fazer isso mesmo após morrer. "Eu me registrei para dar meu cérebro para a ciência médica quando partir", diz ela.
Doações de cérebro são efetivadas até 24 horas após a morte de uma pessoa e contribuem para o estudo de males como, por exemplo, a demência.
Mas quais são as razões de Tracey para doar órgãos - seja um cérebro ou um rim?
"É parte da minha natureza, minha oportunidade de fazer algo de bom."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.