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"No novo concurso, médico iniciante receberá R$ 12 mil", diz Padilha

Em São Paulo

19/09/2015 09h31

Três vezes por semana, o novo secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, tem visitado unidades da rede da capital para verificar problemas e saber do funcionamento. Faltando um ano e três meses para o fim da gestão Fernando Haddad (PT), o secretário, criador do Mais Médicos, prepara um concurso para tornar a carreira de médico na rede municipal mais atraente, com um plano de carreira e salários que pode chegar a R$ 20 mil --o dobro do que é pago no programa federal para bolsistas.

Como enfrentar o problema da falta de médicos?
Estamos preparando um novo concurso, com um novo plano de carreira para dar atratividade, com um médico começando com salário de R$ 12 mil e terminar ganhando cerca de R$ 20 mil, com melhores condições de trabalho. O meu foco nesse concurso é a estruturação da atenção básica. Temos quatro estratégias para ter mais médicos: concurso, novos contratos com as OSSs, ter mais médicos do programa Mais Médicos e expandir o serviço de residência médica.

Por que decidiu iniciar a gestão visitando unidades de saúde?
Um secretário só consegue ter ideia concreta do que está acontecendo se vai à unidade. Então, eu, três vezes por semana, estou percorrendo as unidades de saúde. Dei prioridade à atenção básica; depois, vou começar a ir aos hospitais.

Quais foram os principais problemas encontrados nas visitas?
A unidade básica de saúde tem de estar com porta aberta sempre. Tem de derrubar esse muro, essa parede que existia entre pronto atendimento e atenção básica continuada. Isso significa fazer mudanças. Garantir que, se a pessoa chegou, ela vai ser encaixada na agenda.

Qual é a importância dessas visitas e do contato com a população, considerando as eleições?
A minha responsabilidade é melhorar o atendimento do povo e é impossível fazer isso sem ter contato. O meu foco vai ser visitar unidades que estão funcionando para ver os problemas, ouvir as pessoas e as reclamações. Disputa eleitoral vai ter o momento, o prefeito vai ter o tempo de TV e acredito que a população vai reconhecer o que foi feito. Estou otimista em relação a isso.

Ficou surpreso com a situação encontrada ao assumir a Secretaria Municipal de Saúde?
As surpresas que tive foram positivas. Tenho noção de que estou com pouco tempo. E, em um ano e três meses, minhas duas grandes prioridades são melhorar e humanizar o atendimento na atenção básica e reduzir o tempo de espera para algumas cirurgias.

E as surpresas negativas?
Não digo que foram surpresas. Aquilo que foi negativo, eu já conhecia, porque eu sou da área, fui ministro da Saúde. São questões negativas de desde quando o SUS (o Sistema Único de Saúde) foi criado, há mais de duas décadas. A cidade de São Paulo viveu interrupções no SUS, criou-se de quatro em quatro anos "um puxadinho assistencial" para a atenção básica. Certa hora, isso confunde as pessoas.

O plano de metas da gestão Haddad não foi muito ambicioso?
O plano é do tamanho que São Paulo merece. Em Saúde, sempre gosto de valorizar muito mais a meta de atendimento e de qualidade do que construção. Valorizo muito fazer funcionar bem aquilo que existe. Nunca a cidade de São Paulo, em quatro anos, teve a ampliação de leitos como vai ter na gestão Haddad. Temos 1 mil leitos novos e abertos do Hospital Dia, das UPAs 24 horas e dos hospitais que vão estar em algum grau de funcionamento até o fim de 2016.

Quais hospitais estarão prontos até o fim da gestão?
Em outubro, estamos querendo abrir a maternidade e a parte neonatal do Hospital Santa Marina, no Jabaquara. Teremos o Hospital de Parelheiros e o Hospital da Brasilândia, que a Prefeitura vai começar a construção. Nenhum hospital da dimensão do Hospital de Parelheiros, com 250 leitos, se coloca para funcionar da noite para o dia e de uma vez só. O que se faz é a abertura em módulos de funcionamento. Posso garantir que, pela programação que nós temos, Parelheiros vai ter módulos de funcionamento no ano que vem. Brasilândia, pelo menos um módulo, quero botar para funcionar.

Como estão os preparativos da capital para o combate à dengue no próximo verão?
Nós todos, a cidade toda, o governo do Estado e os outros municípios, temos de nos preparar para, no próximo ano, estarmos diante da epidemia mais grave de dengue. Porque nós temos um ano mais quente do que o ano anterior, a situação da crise hídrica só se agrava e temos mais de 90% da população que nunca teve dengue. Hoje (ontem) estamos instalando a sala de situação da dengue na secretaria.

Como vai funcionar?
Vamos montar no próprio gabinete, juntando todas as áreas que têm relação com o enfrentamento da epidemia de dengue, com a vice-prefeita, para preparar uma reunião intersetorial, porque a saúde tem de fazer a parte dela, que é reduzir casos graves, tratar bem as pessoas e prover as informações de vigilância.

O trabalho de combate ao criadouro vai começar antes?
Sim, ele é permanente ao longo do ano, mas queremos acelerar em outubro. Vamos fazer duas coisas: vigilância de casos suspeitos e confirmação desses casos - que sejam alertas do crescimento de casos e para combate aos criadouros.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".