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'Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais', diz ministro da Saúde

Ministro da Saúde, Marcelo Castro, encontrou-se com representantes da OMS para falar dos casos de microcefalia - Luís N. Oliveira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ministro da Saúde, Marcelo Castro, encontrou-se com representantes da OMS para falar dos casos de microcefalia Imagem: Luís N. Oliveira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em Brasília

18/11/2015 17h13

Questionado sobre os cuidados que devem ser adotados para gravidez em razão do aumento de casos de microcefalia no país, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, sentenciou: "Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais." O ministro ressaltou a necessidade de o casal discutir com o médico a conveniência de uma gestação no momento em que se investiga a possibilidade de o zika vírus provocar no feto a malformação. Se a decisão for engravidar, disse, o ideal é que todos os cuidados sejam adotados, tanto antes quanto durante o período da gestação.

Considerada até então uma doença rara, a microcefalia aumentou de forma nunca vista na história recente. O país contabiliza 399 casos, a maioria identificada nos últimos três meses. Somente em Pernambuco, foram notificados 268 bebês com a malformação, um indicador 29 vezes maior do que a média anual registrada no período de 2010-2014, de 9 casos.

Além de Pernambuco, os nascimentos foram identificados também em Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Ceará e Bahia.

Não há ainda como afirmar a causa do problema, mas a maior suspeita é a de que o súbito aumento tenha sido provocado pela infecção por zika vírus da mãe, no período da gestação. Isso porque cerca de 80% das gestantes apresentaram nos primeiros meses febre, coceiras e manchas pelo corpo.

Essa possibilidade foi reforçada na terça-feira, 17, com a divulgação de um teste feito no líquido amniótico de dois fetos, na Paraíba. O resultado, antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo, identificou a presença do zika vírus.

O ministro argumentou que, com não há literatura sobre o assunto, é preciso ter cautela para afirmar de forma categórica que o aumento de casos é fruto da infecção pelo zika, um vírus que chegou ao País este ano, provocou epidemia no Nordeste e já está presente em 14 Estados, incluindo Rio e São Paulo. "Qualquer que seja a hipótese, o cenário é gravíssimo."

Caso a microcefalia seja de fato provocada pela infecção vertical (mãe-bebê) do zika, Castro afirmou haver risco de haver surtos da malformação em outros Estado do Brasil e em outros países.

Em visita ao Brasil, a diretora da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirmou que a entidade está acompanhando de perto a investigação que está em curso no país. "Apesar do achado de ontem (17) ser de grande importância é preciso continuar o trabalho. A ligação entre a microcefalia e o zika ainda não está determinada" disse, referindo-se aos testes de cortão umbilical. A diretora considerou incomum o aumento de casos da doença no país e avaliou que o Brasil está tomando todas as ações necessárias.