'Tudo vira criadouro para pernilongo', diz professora da USP
Em São Paulo
11/01/2017 09h23
'Tudo vira criadouro para pernilongo', diz Maria Anice Sallum, professora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP. Confira a entrevista:
Vários moradores da zona oeste de São Paulo vêm relatando um número maior de mosquitos neste verão, em comparação com os anos anteriores. Isso é só impressão ou a quantidade pode realmente ter aumentado?
Pelas imagens que temos visto de mosquitos mortos acumulados em baldes ou tentando entrar pela tela da janela, a quantidade é enorme. Significa que tem muito inseto voando. Isso é comum no verão, mas a temperatura está muito elevada neste ano. Isso encurta o ciclo de vida do mosquito e aumenta a proliferação.
O aquecimento global pode estar colaborando?
Sim, a temperatura média mais alta ajuda bastante. Tivemos quase o ano inteiro quente, com poucas semanas com condições muito frias, inadequadas para o mosquito. Mas também ajuda a oferta de criadouros. O Culex, o pernilongo comum que está sendo mais relatado pelas pessoas, gosta de água acumulada rica em matéria orgânica, como fossas, calha de telhado. Não temos reciclagem adequada e tudo pode virar criadouro.
O mosquito pode estar resistente ao fumacê?
Existe esse problema, mas há também o fato de que nem sempre dá para aplicá-lo. É preciso uma condição ideal. As partículas têm de permanecer suspensas no ar por um período. Se estiver chovendo ou ventando, não vale a pena, porque será jogar produto fora, contaminar o ambiente, sem resultado.