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Médicos interrompem atendimento a pacientes de planos de saúde nesta quinta (7)

Do UOL Ciência e Saúde

Em São Paulo

07/04/2011 07h00

Médicos de todo o país prometem interromper o atendimento por planos de saúde por 24 horas nesta quinta-feira (7), Dia Mundial da Saúde. A categoria garante que casos de urgência não serão afetados, por isso não haverá prejuízo à população. Consultas e procedimentos que tiverem sido suspensos deverão ser reagendados.

São cerca de160 mil os profissionais que atendem pelos planos de saúde no país. O total de usuários é estimado em 45,5 milhões.

A principal queixa da categoria refere-se aos baixos honorários pagos pelas operadoras. A maioria das empresas paga entre R$ 25 e R$ 40 por consulta. Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), o razoável seria pagarem R$ 60,00, com a garantia de um aumento periódico anual, a exemplo do que acontece com as mensalidades dos planos.

Quanto as operadoras pagam aos médicos

Tipo de procedimentoValor médio (R$) *Menor valor (R$) **
Consulta médica em consultório39,6525,00
Cesariana (feto único ou múltiplo)284,18161,92
Cateterismo cardíaco305,47149,07
Visita médica em hospital44,8035,00
Cirurgia de varizes ( bilateral, dois membros)373,40164,20
Cirurgia de nariz (turbinectomia)96,2144,88
Visita médica em hospital44,8035,00
Apendicectomia (honorário do cirurgião)483,70381,86
Sutura de pequenos ferimentos38,4527,75
Exame de colo de útero (colposcopia)19,7416,22
Eletrocardiograma16,2010,02
Remoção de cera no ouvido ( cerumen)15,517,36
Medição de pressão do olho (tonometria)9,486,50
Imobilização de membros (sem gesso)8,056,29
Fonte: Fenam/Cremesp*valores praticados pelos principais planos de saúde de Belo Horizonte e São Paulo**fora de São Paulo e Belo Horizonte há planos que pagam menos

Reajustes

Segundo representante da AMB Florisval Meinão, os reajustes de honorários aos médicos ao longo dos últimos dez anos ficaram abaixo dos índices da inflação. Já os reajustes autorizados para os planos de saúde entre 2000 e 2009 teriam acumulado 133% - total superior aos 106% registrados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

A entidade cita dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para demonstrar que, em sete anos, os planos médico-hospitalares tiveram 129% de incremento na movimentação financeira, enquanto o valor da consulta médica subiu apenas 44%.

Os médicos também reivindicam o fim da interferência direta na autonomia do trabalho dos profissionais e a regularização dos contratos, que segundo a categoria, não têm cláusulas de periodicidade e critérios de reajuste, contrariando a regulamentação existente.

A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), entidade que congrega 15 grupos de operadoras de planos de saúde, alega que os reajuste médio das consultas médicas praticados por afiliadas entre 2002 e 2010 variou entre 83,3% e 116,3%.

Protestos

Estão previstas manifestações em diferentes partes do país para chamar atenção para o movimento. Em Brasília, médicos se concentram às 9h30 no Centro Clínico Sul. Já em São Paulo, o ponto de encontro é o estacionamento da APM, na Rua Francisca Miquelina, na Bela Vista, com caminhada até a Catedral da Sé. Os médicos estarão de jaleco, apito e nariz de palhaço.

O movimento é apoiado por diversas entidades, como a Associação Paulista de Medicina (APM), o Sindicato dos Médicos de São Paulo, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e o Conselho Federal de Odontologia (CFO), entre outras.

Em 30 dias, a AMB informa que deverá fazer uma reunião de avaliação e, caso não haja "uma evolução satisfatória nos entendimentos", a entidade ameaça tomar medidas mais radicais, como descredenciamento de médicos e nominação das operadoras mais antiéticas de cada Estado.