Topo

Tratamento da apneia do sono pode ajudar pacientes com pressão alta

Do UOL Ciência e Saúde*

Em São Paulo

28/12/2011 15h48

Ao estudar as causas da hipertensão resistente, que não cede com o uso de medicamentos, um grupo de pesquisadores de São Paulo constatou que a condição mais frequentemente associada ao problema é a apneia do sono – distúrbio caracterizado pelos roncos frequentes e engasgos enquanto o paciente dorme. Tratar o problema muitas vezes pode ajudar a controlar a pressão.

O estudo foi realizado por cientistas do Instituto do Coração (InCor) em parceria com pesquisadores do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, e já foi aceito para publicação na revista Hypertension.

Na pesquisa, os cientistas constataram que, curiosamente, a imensa maioria dos pacientes não sabia que sofria também de apneia do sono.

Em outro estudo ainda inédito, o grupo do InCor também demonstrou que o uso do equipamento conhecido como CPAP – sigla em inglês para “pressão positiva contínua nas vias aéreas” (tratamento padrão para a apneia do sono) pode ser eficiente como terapia auxiliar, no caso dos pacientes com hipertensão resistente.

Um estudo anterior, publicado em março na Hypertension, havia demonstrado que o CPAP é eficiente também como prevenção, no caso de pacientes pré-hipertensos ou com hipertensão mascarada.

Segundo o coordenador dos estudos, o professor Geraldo Lorenzi Filho, do InCor, foi constatada uma frequência de 64% de casos de apneia do sono entre pacientes com hipertensão resistente.

Luciano Drager, que também participou da coordenação, diz que o tratamento da apneia reduziu, em outro estudo, a frequência de pré-hipertensão (caracterizada por valores próximos aos limites da hipertensão) e hipertensão mascarada (o indivíduo apresenta pressão normal no consultório, mas alterada quando o monitoramento é feito por 24 horas).

No início do estudo, 94% dos pacientes com apneia apresentaram pré-hipertensão. Depois do tratamento com o CPAP, apenas 55% continuavam com o problema. Quanto à hipertensão mascarada, 39% apresentaram o problema no início do estudo. Após o tratamento com CPAP, a frequência foi reduzida para 5%.

O grupo que não recebeu o CPAP não apresentou mudanças significativas. A principal mensagem do estudo, de acordo com o cientista, é que, além da melhora de qualidade de vida ocasionada pela redução dos sintomas da apneia, o tratamento com CPAP pode, em tese, prevenir a ocorrência de hipertensão.

*Com informações da Agência Fapesp