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"Minha mãe sofre por sentir que está perdendo o controle da própria vida", afirma filha de paciente diagnosticada com Alzheimer

Márcia fica preocupada, pois pensa que também pode desenvolver Alzheimer no futuro - Arquivo pessoal
Márcia fica preocupada, pois pensa que também pode desenvolver Alzheimer no futuro Imagem: Arquivo pessoal

(...) Depoimento a Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

21/09/2012 07h00

Márcia Oliveira Tomalick, 50 anos, cuida da mãe, Zélia Nogueira de Oliveira, 87 anos, que foi diagnosticada com Alzheimer há cinco anos. Para ela, o mais difícil foi ver a mãe, antes tão ativa, perder aos poucos sua autonomia por conta da doença.

Leia o depoimento:

Faz uns cinco anos que minha mãe, Zélia Nogueira de Oliveira, hoje com 87 anos, começou a ficar esquecida. Logo que o sintoma apareceu a levei ao neurologista que a diagnosticou com o Mal de Alzheimer.

A doença é bem complicada, não só pra família, mas também para o paciente. Minha mãe tem consciência de que está se esquecendo das coisas e sofre por sentir que está perdendo o controle da própria vida.

Principalmente porque ela sempre foi muito ativa, se formou em uma das primeiras turmas de Nutrição da USP (Universidade de São Paulo), trabalhou no HC e sempre cuidou da minha irmã que tem uma síndrome mielodisplásica, o que faz com que ela tenha idade mental de seis anos de idade.

O Alzheimer da minha mãe teve muito impacto na minha irmã, pois ela percebe que a mãe está perdendo a lucidez. E não tem muito o que se fazer, pois ela ainda tem a mental de uma criança para compreender tudo isso.

Optei por tratar minha mãe em casa, pois ela ainda reconhece o ambiente e sente vontade de fazer parte das coisas. Além do que não posso separar ela da minha irmã. Enquanto ela reconhecer o ambiente familiar, ela ficará lá.

Como minha irmã é excepcional, já contava com a ajuda de um cuidador, agora aumentei o número de pessoas que trabalha em casa. No total são quatro, sendo uma pessoa responsável por cuidar delas na parte da manhã, outra a noite e uma terceira para cobrir folga. Também temos uma motorista para levar para consultas e exames. O gasto mensal com esses profissionais fica em torno de 4 mil reais por mês.

Ainda não precisei fazer muitas adaptações em casa, pois minha mãe ainda consegue fazer muitas coisas com autonomia, como tomar banho, por exemplo.

Hoje em dia os principais sintomas da doença que ela apresenta são esquecer os nomes, não conseguir falar, ler e escrever direito.

Ela também se perde um pouco durante as conversas. É preciso olhar bem para ela para que ela responda, pois ela fica meio fora da sintonia. As coisas mais recentes também são esquecidas. Se você pede para ela dar um recado ela não lembra e até mesmo quando vai a uma consulta não consegue recordar o que a médica disse.

Outros familiares meus, uma tia com 102 anos e um tio com mais de 80, também têm a doença. Suspeito também que minha avó tinha, mas na época não tinha diagnóstico, as pessoas diziam que a pessoa estava esclerosada.

Fico preocupada, pois penso que é uma doença que eu também posso desenvolver no futuro. Mas acho que no fundo é uma coisa que todo mundo vai passar, pois a pessoa acaba não morrendo de uma doença, como câncer, e ao viver mais acaba ocorrendo a degeneração do cérebro.