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Maioria das brasileiras acha que um copo de leite é suficiente para prevenir a osteoporose

A recomendação dos médicos é ingerir 1.000 mg de cálcio ao dia, o equivalente a três ou quatro porções de leite ou seus derivados, como iogurte e queijo - Getty Images
A recomendação dos médicos é ingerir 1.000 mg de cálcio ao dia, o equivalente a três ou quatro porções de leite ou seus derivados, como iogurte e queijo Imagem: Getty Images

Do UOL

Em São Paulo

17/10/2012 13h50

Uma pesquisa inédita mostra que mais de 60% das brasileiras acreditam que uma única porção de leite ou derivado por dia é suficiente para prevenir a osteoporose. Um copo da bebida contém cerca de 300 mg de cálcio, quando a recomendação oficial é ingerir ao menos 1.000 mg diários do mineral. E a maioria das mulheres (60%, também) não ingere a quantidade ideal para evitar a doença.

As informações fazem parte da Pesquisa Firme Forte Osteoporose 2012, encomendada ao Ipobe pela Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo), que contou com 2.000 mulheres de todo o Brasil. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (17), em São Paulo, às vésperas do Dia Mundial de Combate à Osteoporose (20).

Além de desconhecimento em relação à prevenção da doença, o estudo traz um dado preocupante: apenas 39% das mulheres com 45 anos ou mais já fizeram um exame de densitometria óssea - capaz de detectar o problema. E 37% o fizeram apenas uma vez na vida.

A osteoporose é uma doença progressiva que torna os ossos frágeis e mais propensos a fraturas. Estima-se que 30% da população brasileira sofra com o problema, mais frequente na mulher. Em pessoas com idade avançada, a proporção passa de 50%.

Doença silenciosa

A pesquisa da Abrasso também mostra que 96% das mulheres acreditam que a osteoporose provoca dor, sendo que a doença é silenciosa. Segundo Pinheiro, essa crença equivocada é perigosa, pois faz com que muita gente "espere" o sintoma para procurar ajuda.

Na maioria das vezes, a pessoa só descobre que tem osteoporose depois de sofrer uma fratura, ou seja, quando a doença já está instalada. Ou nem assim. "Muitas vezes o ortopedista trata a fratura e não vai atrás da causa", comenta o reumatologista Marcelo Pinheiro, diretor da Abrasso.

A falta de atenção dos médicos se deve, em parte, ao fato de que, até pouco tempo, havia poucos tratamentos eficazes para controlar a doença. Hoje é possível aumentar a densidade óssea com medicamentos em cerca de 5%, mas também é possível melhorar a resistência do osso para prevenir fraturas, em especial as de quadril, que podem levar a complicações graves como trombose, embolia e infecção.

CÁLCIO NOS ALIMENTOS

1 copo de leite ou 1 copo de iogurte ou 2 fatias de queijo branco300 mg; absorção de 32%
1 concha grande de feijão50 mg; absorção de 16%
4 colheres e meia (sopa) de brócolis35 mg; absorção de 61%
3 colheres (sopa) de espinafre122 mg; absorção de 5%
1 e meia colher (sopa) de couve refogada47 mg; absorção de 59%

Além do cálcio

A dieta é um fator importante para a prevenção da doença - quem não tolera produtos lácteos deve investir em em vegetais ricos no mineral, como couve e brócolis, e também em alimentos enriquecidos.

Além disso, é preciso garantir um aporte suficiente de vitamina D para que o cálcio seja metabolizado. A recomendação é se expor ao sol por quinze minutos ao dia sem protetor solar, e ingerir fontes naturais do nutriente, como peixes gordurosos e azeite. "Como é complicado indicar o consumo de gordura para pacientes mais velhos, muitas vezes é preciso receitar suplementos", diz o reumatologista, lembrando que mesmo jovens apresentam deficiência de vitamina D hoje em dia.

Outra maneira importante de prevenir a osteoporose é praticar atividade física - exercícios aeróbicos de impacto (como caminhada e corrida), de resistência (musculação) e equilíbrio. Pinheiro lembra que é preciso praticar no mínimo trinta minutos três vezes por semana: "Quem pratica duas vezes ou menos é sedentário". Pela pesquisa da Abrasso, 72% das mulheres estão nessa categoria.

Também existe um componente genético na doença - pessoas com histórico na família ou que já sofreram fraturas por baixo impacto devem ficar atentos à prevenção e ao diagnóstico precoce. A menopausa é outro fator de risco importante, assim como o uso frequente de corticoides.