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Você sofre com o excesso de transpiração? Veja como tratar o problema

Além do constrangimento de ficar com as roupas molhadas, a hiperidrose afeta a atividade profissional: portadores podem não conseguir nem segurar uma caneta por causa do excesso de suor nas mãos - Thinkstock
Além do constrangimento de ficar com as roupas molhadas, a hiperidrose afeta a atividade profissional: portadores podem não conseguir nem segurar uma caneta por causa do excesso de suor nas mãos Imagem: Thinkstock

Nancy Campos

Do UOL, em São Paulo

23/10/2012 07h00

Situações de medo ou estresse podem fazer uma pessoa suar demais. Mas a transpiração, fenômeno tão corriqueiro no nosso corpo, extrapola os estudos médicos e é alvo de pesquisas constantes nas indústrias de cosméticos e no setor têxtil.

Embora o nível de sudorese varie de uma pessoa para outra, transpirar num ambiente de pouco calor ou sem fazer esforço físico pode ser um sinal de que algo está errado.

FUNÇÃO DO SUOR

A transpiração tem a missão de controlar a temperatura do corpo e manter a pele hidratada. Além de água e gordura, sais minerais e ácido úrico são eliminados pelo suor, como um recurso do organismo para se livrar de substâncias tóxicas. As glândulas sudoríparas se concentram principalmente nas mãos, nos pés, nas axilas e na virilha.

Um dos principais responsáveis pelo excesso de suor é um distúrbio chamado hiperidrose. “É uma desordem caracterizada por suor excessivo, geralmente nas mãos, nos pés e nas axilas, mas que também pode se manifestar na face e no couro cabeludo. É acompanhada de rubor facial, sentimento de embaraço e, frequentemente, de uma vontade forte de escapar daquela situação, o que chamamos de fobia social”, afirma Jose Ribas Milanez de Campos, cirurgião torácico do Hospital Israelita Albert Einstein.

Não se conhece as causas da hiperidrose, mas sabe-se que, durante este quadro, aumenta a atividade do sistema nervoso autônomo - aquele responsável pela respiração e pelos batimentos cardíacos, que ocorrem sem o nosso controle.

Tratamentos possíveis

Além do constrangimento de ficar com as roupas molhadas ou o rosto pingando, o distúrbio afeta as atividades profissionais. Muitos portadores não conseguem segurar canetas ou equipamentos por conta do suor demasiado das mãos.

Uma das linhas de tratamento mais recentes da hiperidrose envolve a aplicação de  doses baixas  de um medicamento da classe dos anticolinérgicos, também usados para  diminuir espasmos musculares ou controlar incontinência urinária. “Apresenta sucesso terapêutico em até 75% dos casos”, afirma Campos.

Já a dermatologista Carla Bortoloto, do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, aponta que a aplicação da toxina botulínica, conhecida popularmente como “botox” nos tratamentos estéticos, chega a ser eficaz em 90% dos casos.

“A aplicação é feita no local da sudorese excessiva uma vez por ano ou a cada um ano e meio. O resultado é mantido durante todo este tempo. Não tem efeitos colaterais nem exige tratamento tópico”, descreve. O único obstáculo é o preço. Cada aplicação não custa menos que R$ 2.000, segundo a médica.

Medicamentos que contêm hidróxido de alumínio também são indicados por especialistas. Mas demoram para apresentar resultados – em geral somente após 90 dias – e surtem efeito apenas em 10% a 20% dos casos.

  • A aplicação da toxina botulínica, conhecida popularmente como “botox” nos tratamentos estéticos, chega a ser eficaz em 90% dos casos

Hipertireoidismo e outras disfunções hormonais ou metabólicas também afetam o nível de transpiração do organismo.

Mitos comuns

A dermatologista Carla Bortoloto desfaz alguns mitos neste campo. O primeiro: o odor desagradável, principalmente nas axilas, não está necessariamente associado à transpiração excessiva. “Ele ocorre por uma alteração no PH [acidez] da pele, que acaba aumentando a proliferação de bactérias e fungos”, esclarece.

O segundo é que, ao contrário do que faz a maioria das pessoas, lavar excessivamente ou usar mais sabonete ou desodorante, além de não resolver, piora o problema, pois traumatiza a região. “É preciso tratá-la com medicamentos de uso tópico, ou seja, pomadas e cremes antibióticos ou antifúngicos ou, ainda, desodorantes manipulados”.

Outro mito muito propagado é o de que homens transpiram mais que mulheres, porém, não há nenhum dado que comprove isso.

Entre as soluções caseiras populares, a única que a dermatologista diz funcionar é o uso do leite de magnésia no local, pois o produto contém hidróxido de alumínio, que melhora a acidez da cútis.

Alimentos condimentados

Também é preciso tomar cuidado com a alimentação, que pode alterar o odor do suor. O alho e a cebola costumam acentuar o cheiro desagradável, de acordo com a especialista.

O dermatologista Murilo Drummond, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, acrescenta que alimentos muito condimentados podem estimular uma maior sudorese. “Normalmente, a transpiração não envolve alimentos e bebidas, desde que não haja um excesso de substâncias indesejáveis a serem eliminadas nesse processo”, observa.

Tudo isso é levado em consideração pelos fabricantes de cosméticos. “Cada pessoa tem o seu próprio cheiro, que varia de acordo com a dieta alimentar, o hábito de fumar ou de beber, o uso de medicamentos, o tipo de pele e a própria transpiração. Assim, as fragrâncias podem proporcionar características únicas, o que explica por que o mesmo perfume pode ser distinto em pessoas diferentes", relata Marselha Tinelli, gerente de Perfumaria de O Boticário.

Já as formulações dos desodorantes são desenvolvidas para atender tanto as preferências do consumidor no tocante à aplicação (por isso os formatos em aerossol, creme e roll-on), quanto aos diferentes níveis de sudorese das pessoas.

Por isso, os fabricantes utilizam diversos tipos e concentrações de ativos antitranspirantes, além de outras tecnologias que consideram a diversidade de quem usa os produtos, segundo a gerente de desenvolvimento de fórmula de desodorante da Natura, Elisangela Gama.

  • Segundo especialistas, não há comprovação de que homens transpirem mais que mulheres