Estudo associa genes a risco maior de desenvolver forma letal da leishmaniose
Quando alguém é picado por um mosquito e passa a desenvolver a forma mais letal da leishmaniose, acredita-se que isso possa ser determinado em parte por genes próprios da vítima, sugere um novo estudo.
A leishmaniose, causada por parasitas liberados pela picada de mosquitos flebotomíneos, tem duas formas: feridas cutâneas dolorosas (conhecidas pelos soldados norte-americanos no Iraque como "botão de Bagdá") ou, em menos de 20% dos casos, a forma visceral, por vezes chamada "calazar", que ataca os órgãos e é fatal se não tratada.
Cerca de 400.000 casos viscerais se desenvolvem anualmente, e 90% deles ocorrem em três lugares distantes entre si e com subespécies diferentes de parasitas: no nordeste do Brasil, na fronteira entre Índia e Bangladesh e no Chifre da África.
Como a doença afeta fortemente algumas famílias, suspeita-se há muito tempo de uma propensão genética para contraí-la. O estudo, publicado no periódico Nature Genetics, comparou o DNA de quase 6.000 amostras de sangue da Índia e do Brasil. Os indianos e os brasileiros que desenvolveram a leishmaniose visceral apresentavam variações similares no DNA.
Os pesquisadores não têm certeza a respeito do que essas mutações fazem, mas as regiões mais próximas do DNA determinam como glóbulos brancos "agarram" invasores para desencadear respostas imunes, disse Peter J. Donnelly, professor de estatística em Oxford, que também preside o Centro de Genética Humana Wellcome Trust e foi um dos autores do estudo.
Embora seja amplamente conhecido que os genes do sistema imunológico influenciam a suscetibilidade ao câncer, aprender que eles podem controlar também a suscetibilidade a uma doença parasitária foi "bastante interessante", disse Donnelly.
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