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Você se cuida o suficiente para ter uma velhice saudável? Descubra

Se a pessoa não apostar na prevenção, e tampouco pensar no futuro, pode sofrer com várias complicações - Getty Images/Thinkstock
Se a pessoa não apostar na prevenção, e tampouco pensar no futuro, pode sofrer com várias complicações Imagem: Getty Images/Thinkstock

Rosana Faria de Freitas

Do UOL, em São Paulo

14/10/2013 07h00Atualizada em 22/01/2016 20h00

Não são poucas as doenças que estão associadas ao sedentarismo, à alimentação inadequada e outros maus hábitos, como fumar e exagerar na bebida alcoólica. E a grande maioria das enfermidades poderia ser evitada se as pessoas cuidassem mais da saúde. Só para se ter ideia, dados do Ministério da Saúde revelam que o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta, anualmente, R$ 448 milhões com o tratamento de males ligados à falta de atividade física.

Apesar de 86% dos brasileiros avaliarem sua condição física como boa, apenas 11% são realmente comprometidos com ela, adotando rotinas saudáveis, segundo a pesquisa Phillips Index 2010, feita pelo Instituto Ipsos. O mesmo estudo apontou, ainda, que apenas 61% se julgam responsáveis por sua própria saúde e 26% têm pavor de hospitais. Tal medo, segundo os especialistas, ajuda a explicar o pequeno contingente que faz exames regularmente: menos da metade – 46% – encara check-ups a cada ano, enquanto 35% nunca se submetem a tais baterias de testes.

Por isso, fica a pergunta: você investe em prevenção e pensa no futuro em relação à sua saúde? A endocrinologista Claudia Chang, doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP), explica que existem dois tipos de prevenção: a primária, que seria a intervenção antes que se tenha determinada doença (por exemplo, indivíduos com elevação da glicose no sangue que fazem exercício e se alimentam bem para não desenvolver diabetes); e a secundária, que ocorre após o diagnóstico (o diabetes já está detectado: então o paciente obedece ao controle adequado para evitar complicações). “Ambas são essenciais para evitar o mal, ou, no caso de ele já existir, conter sua evolução e minimizar os sintomas.”

 

Melhor prevenir que remediar

Pela sua experiência em consultório, ela acredita que hoje as pessoas se preocupam mais com a prevenção, pensando no futuro. “Elas realizam exames de rotina mais cedo e com maior frequência. Tal comportamento também tem sido observado nas agências regulatórias de saúde, tanto a nível público como privado. Mas é claro que ainda há um longo caminho a percorrer”, diz a endocrinologista, acrescentando que um grande número de indivíduos só procura o médico quando tem algum sintoma.

A prevenção permite maior chance de bons resultados no tratamento de doenças crônicas como diabetes, alzheimer e artrose. “Isso sem falar no custo menor: é mais barato prevenir a remediar”, considera o ortopedista e médico do esporte Cassio Trevizani. “As pessoas se antecipam no caso de distúrbios graves como diabetes, hipertensão arterial sistêmica e doenças cancerígenas. Mas se esquecem de que também dá para prevenir artrose, tendinite e outros problemas ortopédicos.”

Por meio de exames, o melhor tratamento

Vale considerar, ainda, que a enfermidade pode ser incipiente mesmo que já tenha se manifestado. Interferindo cedo, talvez o mal não se torne maior.

“Vários exames fazem o rastreamento que permitirá indicar o tratamento certo. O serviço de emergência de todos os hospitais, públicos e privados, está sempre lotado – e muitos problemas lá encontrados poderiam ser prevenidos ou resolvidos no consultório. A própria formação médica nesse sentido é deficiente: na faculdade, treina-se muito mais atendimentos de emergência do que ambulatoriais”, analisa Paulo Camiz, geriatra e professor de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

No setor ginecológico, o tema também preocupa. Pesquisa feita no início deste ano, e publicada na revista da Associação Médica Americana, mostrou que a incidência de câncer de mama avançado em mulheres de 25 a 39 anos – mais jovens, portanto – aumentou nos últimos 30 anos nos Estados Unidos.

“Na minha área, prevenir significa tratar e curar um câncer diagnosticado precocemente. Ou detectar uma infecção que, se não cuidada, levaria a problemas mais sérios, como infertilidade ou mesmo câncer”, salienta o ginecologista Augusto Bussab, especializado em reprodução humana.

Sem sinal imediato: perigo

Se a pessoa não apostar as fichas na prevenção e tampouco pensar no futuro, pode sofrer com várias complicações: doenças cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana e aterosclerose), tumorais (câncer de mama, pulmão e intestino) e degenerativas (artroses, tendinopatias, osteoporose e demências).

Trevizani adverte que os principais fatores de risco são tabagismo, obesidade, alimentação inadequada e falta de atividade física regular. “É importante buscar a melhoria da qualidade de vida. E, também, um médico generalista competente e de confiança para traçar as ações de saúde importantes.”

Já Camiz observa que há vários distúrbios de manifestação silenciosa que, ao apresentarem os primeiros sintomas, já terão acarretado danos significativos aos órgãos. “Como exemplos clássicos temos pressão alta, diabetes, distúrbios de colesterol e alguns tipos de câncer, como os de mama, colo de útero e intestino grosso. E todos estes males podem ser facilmente detectados em estágios precoces com exames.”

É de suma importância, então, fazer exames de rotina, como os ginecológicos para as mulheres e os de acompanhamento urológico para os homens acima de 45 anos – ou antes, caso apresentem fatores de risco. “Também é fundamental fazer acompanhamento regular com um médico, pois tudo – investigação clínica, pedido de exames, tratamentos – partirá daí”, finaliza Chang.