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Pará recebe mais 110 cubanos do Programa Mais Médicos

Agência Pará de Notícias

10/03/2014 11h10

O Estado do  Pará recebeu, no fim de semana, mais 110 médicos cubanos que vão trabalhar em 37 municípios paraenses, sendo que 51 deles desembarcaram na noite de sábado (8) e outros 59 na noite de domingo (9). A vinda dos profissionais cubanos é resultado de um acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde, a Opas (Organização Panamericana de Saúde) e o governo de Cuba, parceiros no programa Mais Médicos para o Brasil, do qual também podem participar médicos brasileiros e de outros países, além de Cuba.

  • Arte UOL

    Saiba qual a proporção de médicos em cada Estado e o panorama em outros países

Os médicos desembarcaram no aeroporto da Base Aérea de Belém, onde foram recebidos pelo secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco; pela cogestora da Sespa, Maridalva Pantoja; pela coordenadora estadual do programa Mais Médicos, Sônia Bahia; pela diretora de Políticas de Atenção Integral à Saúde, Dione Cunha; pelas representantes do Ministério da Saúde, Vilma Pinheiro e Rose Pinheiro; pelo consultor da Opas, Javier Maqueira; e pelo vice-presidente do Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Newton Pereira.

Até a chegada desse novo grupo, o Pará contava com 403 profissionais do Mais Médicos, sendo 378 intercambistas (377 cubanos e um brasileiro formado no exterior) e 25 brasileiros. Desse total, 17 profissionais cubanos atuam em Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) e os demais 384, em 119 municípios do Estado, o que corresponde a 83% do Pará.

Da Base Aérea, os médicos seguiram em um ônibus militar para o Hotel Gold Mar, onde permanecerão até a quinta-feira, 13, participando de uma programação de Aacolhimento, que começará nesta segunda-feira, 10. Será uma série de apresentações para que conheçam a situação epidemiológica do Estado, o funcionamento do Sistema de Saúde e o papel dos colegiados do SUS (Sistema Único de Saúde) no controle social.

Boas expectativas

A médica cubana Arais Espinosa Stuart, que vai trabalhar em Marabá, no sudeste parense, disse que tem boas expectativas em relação a nova fase de sua vida. Com experiência de 21 anos na área de Medicina Generalista e tendo trabalhado em missão na Venezuela, ela acredita que pode ajudar muito o povo brasileiro, que considera “maravilhoso”.

O médico Octavio Rodriguez, que vai atuar em Paragominas, município do rio Capim, também crê que pode colaborar muito com a saúde da população paraense porque tem experiência na área de Atenção Primária, cujo foco principal são as medidas de prevenção e controle de doenças, área em que o Brasil tem carência de recursos humanos.

Entre os profissionais que chegaram no sábado (8), está o casal de médicos Adolfo Salvador e Ledy Rodriguez, que aceitaram o desafio da missão no Brasil, apesar do sacrifício de deixar três filhos em Cuba, sob cuidado de parentes e amigos. Ledy e Adolfo vão trabalhar juntos no município de Cametá, no nordeste do Estado, e também estão com boas expectativas em relação ao trabalho no Pará.

Atuação

De acordo com o Helio Franco, todos os prefeitos e secretários de Saúde têm elogiado a atuação dos médicos cubanos. “Certamente vão modificar em curto prazo os índices epidemiológicos e dos agravos que acometem a população, principalmente nos pequenos municípios e, em especial, no Marajó e no Oeste do Estado, porque eles têm uma experiência muito grande na área de atenção primária, diferente dos médicos brasileiros, que são formados para atuar em hospital”, avaliou o secretário.

Para fazer atenção primária, segundo Hélio Franco, é preciso conhecer a realidade local, as determinantes e condicionantes sociais, ou seja, a questão alimentar, da água, do lixo, e da condição da família. Tudo isso é fundamental porque isso pode potencializar tanto doença como saúde. “Tem conhecer e conversar. Há algo na medicina que se chama anamnese, que em grego significa recordação. Com anamnese e exame físico, você dá diagnóstico de 80% das doenças sem qualquer tipo de exame, agora é importante não só tratar individualmente, mas conhecer a realidade da família e da comunidade, porque doença e saúde são questões sociais, e os cubanos trabalham assim”, explicou.

Helio Franco lembrou ainda que essa é uma medida emergencial e que o Brasil precisa investir para formar mais médicos brasileiros e fixá-los nos municípios.  “O governo do Estado está fazendo a sua parte, investindo em novos cursos de medicina e residências médicas nos municípios do interior do Pará para fixar mais médicos nas cidades com maior carência”, acrescentou.