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Narguilé e cigarro eletrônico podem ser piores que cigarro

Agência Brasil

29/08/2014 17h34

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, o CFM (Conselho Federal de Medicina) alertou nesta sexta-feira (29) para os riscos à saúde causados pelo consumo do narguilé e do cigarro eletrônico. Tratados como menos nocivos, eles podem impor danos semelhantes, ou até piores, do que o cigarro. 

Narguilé é um cachimbo usado para fumar. A característica do utensílio é que a fumaça passa pela água antes de chegar ao fumante. O cigarro eletrônico é um dispositivo que produz vapor inalável com ou sem nicotina, podendo servir como alternativa ao fumante.

“A concentração de nicotina nestes produtos é extremamente alta. Uma hora de uso do narguilé corresponde a 100 cigarros comuns”, diz Alberto José de Araújo, membro da Câmara Técnica de Combate ao Tabagismo do CFM. Segundo ele, os prejuízos são enormes para a saúde.

Quando comparada com a fumaça do cigarro, por exemplo, estudos revelam que a fumaça do narguilé apresenta maiores concentrações de monóxido de carbono, nicotina, alcatrão, metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos (cancerígenos) e aldeídos voláteis. Seu uso prolongado pode causar intoxicação aguda por carboxihemoglobina (COHb).

Os valores considerados referência para a concentração de COHb em não fumantes é  1,6%, em fumantes de cigarros 6,5% e em usuários de narguilé 10,1%, apontam trabalhos dos professores Carlos Alberto de Assis Viegas e Alberto José de Araújo do CFM.

Fator destacado pelo conselho é que a pasta tabaco fumada no narguilé, com sabor adocicado e aroma agradável, pode ser responsável pela perpetuação do senso comum de que seu uso é menos danoso à saúde. A presença de nicotina pode levar o usuário a criar dependência química.

O órgão alerta para os riscos do uso do cigarro eletrônico. Muitas vezes uma alternativa para quem quer deixar de fumar, ele pode causar efeito contrário do desejado. Estudos indicam que semelhança de seu uso com o do cigarro convencional reforça práticas de dependência à nicotina. "Não há indícios científicos que comprovem que o produto auxilia o fumante a largar o vício", alerta Araújo.

Pesa também o fato de que o consumidor não sabe exatamente o que está inalando ao fumar um cigarro eletrônico. Testes científicos indicam que os produtos variam muito na quantidade de nicotina e de outros produtos químicos que constituem o vapor que libera a nicotina.

Devido à falta de informações sobre o assunto, o Conselho Federal de Medicina pede que o Governo elabore e implemente nas políticas públicas de combate ao tabagismo ações específicas relativas ao narguilé e ao cigarro eletrônico.

No Rio, a Secretaria de Saúde distribuiu material informativo sobre o Dia Nacional de Combate ao Fumo e tirou dúvidas da população. Este ano a campanha está focada no tratamento e na promoção de saúde.

De acordo com a coordenadora do programa de tabagismo da secretaria Ana Helena Rissin, as atenções este ano estão voltadas para a conscientização sobre o fumo passivo e seus malefícios.

“Aconselhamos o fumante a proteger as pessoas próximas e as que fazem parte de sua família, mudando suas práticas como não fumar em locais fechados, adotar o hábito de fumar do lado de fora de sua casa para não contaminar o ambiente domiciliar e consequentemente prejudicar os seus familiares.”