Teste negativo para ebola é alívio para população de Cascavel, diz prefeito
O prefeito de Cascavel, Edgar Bueno (PDT), afirmou neste sábado (11) que a população de Cascavel, no Paraná, está aliviada com o anúncio de que primeiro teste laboratorial feito no paciente guineano Souleymane Bah, 47, deu negativo para a presença do vírus ebola.
Segundo ele, a população estava inquieta, principalmente por conta das crianças. "Queriam saber se iríamos fechar os colégios", disse ele.
"Precisamos agora da confirmação do segundo teste, mas isso é algo que tranquiliza muito a população de Cascavel. Cria-se um pânico porque o Brasil e o mundo não sabem lidar com esse problema ainda", disse ele. A suspeita de ebola em Cascavel foi a primeira registrada no Brasil.
De acordo com Ministério da Saúde, Bah não apresenta febre e segue em isolamento total no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ). Ele passará por um segundo teste, nas próximas 24h, e caso o resultado negativo seja confirmado, ficará apenas em observação. O resultado do novo teste será conhecido na tarde de segunda-feira (13).
"Perguntavam se iríamos fechar as escolas", diz prefeito
O alerta para a suspeita de ebola foi feito no fim da tarde da última quinta-feira, quando Bah foi atendido em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Cascavel. Ele chegou ao local com febre, dor de garganta e tosse. De acordo com a Polícia Federal, ele deu entrada no Brasil no dia 19 de setembro, pelo aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. De lá ele teria passado por Santa Catarina, antes de chegar ao Paraná. Guiné, país em que ele embarcou, é um dos países mais afetados pelo vírus
O prefeito disse que apesar de ser uma "novidade" no país, considera que o trabalho feito com o paciente foi eficiente. "Seguimos todo o protocolo. Caso contrário traríamos um pânico, um problema muito sério. Dois dias antes, por acaso, nós tínhamos feito um treinamento no município com nossos médicos, com emergências. Nós tínhamos um protocolo de como agir, que já veio do Ministério da Saúde. Foi interpretar e agir com segurança", disse ele.
O prefeito afirma que se o caso fosse positivo e as providências não tivessem sido tomadas, a cidade teria cometido um grande erro. "Se ocorresse um outro caso, acho que agiríamos da mesma maneira, de acordo com essa experiência anterior", disse.
Miroslau Bailak, diretor da 10ª Regional de Saúde, em Cascavel, diz que a divulgação deixa a população mais tranquila, mas não os agentes de saúde. "Estamos tomando os mesmos cuidados até que venha a segunda confirmação, que torço para ser negativa. Mas vai dar oportunidade para que se tranquilize a população", disse ele.
Bailak lembrou que o paciente tinha os principais sintomas da doença e isso fez com que toda a estrutura do saúde fosse envolvida. "Todos os que fazem parte do sistema responderam de forma rápida. O paciente tinha todas as condições de estar contaminado. Ele saiu da Guiné dentro de um período em que ele poderia desenvolver o vírus. E ele manifestou um episódio de febre e só isso já seria o suficiente para isolar esse paciente e fazer aquilo que foi feito", disse ele.
Mesmo com o resultado negativo, Bailak diz que o caso deixa um aprendizado considerável. "Na eventualidade de acontecer outro caso, teremos uma resposta eficaz a partir do que aconteceu em Cascavel".
Estima-se que a região de Cascavel tenha hoje cerca de 2.000 trabalhadores estrangeiros, em sua maioria haitianos. Porém, a entrada de mão de obra africana começa a ganhar espaço, principalmente para o trabalho em frigoríficos da região.
"Estamos atentos à entrada dessas pessoas. Há meio século, os imigrantes ficavam isolados na Ilha das Cobras, antes de serem liberados. Hoje temos uma maneira diferente, de livre trânsito das pessoas. Já se fala nesse tipo de segregação na Espanha, não sei se é o caso", disse ele.
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