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Suspeito de ebola aguarda definição de destino para ter alta, diz médico

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/10/2014 11h20

O guineano de 47 anos que foi hospitalizado no Rio de Janeiro com suspeita de contaminação pelo vírus ebola aguarda apenas a definição de seu destino para receber alta, informou nesta terça-feira (14) o médico José Cerbino Neto, vice-diretor do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Segundo ele, não há mais qualquer necessidade clínica de manter o paciente internado. No entanto, o hospital está à espera do posicionamento do Ministério da Saúde, que será responsável por custear e providenciar o deslocamento do guineano.

Cerbino não confirmou se o africano manifestou ou não desejo de voltar para Cascavel (PR), onde estava quando recebeu o primeiro atendimento, por uma questão de segurança. "Ele quer preservar a sua privacidade", disse.

Souleymane Bah, 47, não apresenta sintomas de infecção, mas segue em observação em um leito comum do hospital. Cerbino explicou que o paciente apresentou algumas alterações em seu hemograma, porém este fato não tem qualquer relação com a suspeita de contaminação. Antes de receber alta, ele fará os últimos exames de sangue, de tomografia e de imagem.

"Estamos investigando para ver se ele tem algum outro problema de saúde. É um procedimento normal do hospital", disse.

O vice-diretor do instituto afirmou ainda que as pendências que impedem a liberação do africano devem ser resolvidas ainda hoje. No entanto, a pedido do paciente, não serão divulgados detalhes a respeito de sua saída do hospital.

Cerbino afirmou que Bah está preocupado com uma possível violação de sua privacidade. Além disso, ele foi informado de que, nas redes sociais, internautas fizeram comentários racistas. "Ele está preocupado com o seu retorno à comunidade", resumiu o médico da Fiocruz.

Segundo o vice-presidente da Fiocruz, Valcler Rangel, Bah não fala português e tem dificuldade para se comunicar. Ele não possui parentes no Brasil, mas está em contato com familiares em seu país de origem. "A saída dele está condicionada à questão logística. Ele foi retirado do lugar onde ele estava. Logo, nós temos a obrigação de dar transporte a ele", comentou.

A Fiocruz possui atualmente dois leitos preparados para o atendimento a casos de suspeita de ebola --no total, o hospital especializado em infectologia tem 32 leitos. Segundo a direção, 70 médicos estão treinados para trabalhar com esse tipo de demanda.