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Governo inclui vacina contra coqueluche, difteria e tétano para grávidas

Do UOL, em São Paulo

17/11/2014 15h16Atualizada em 17/11/2014 18h03

A vacina contra coqueluche, difteria e tétano (dTpa) voltada para gestantes passa a fazer parte do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. A dTpa é a única vacina contra coqueluche que pode ser administrada de maneira segura em adultos, segundo o Ministério da Saúde em anúncio nesta segunda-feira (17).

As doses estarão disponíveis nos 35 mil postos de saúde da rede pública a partir deste mês.  A vacina estará disponível também para profissionais de saúde que trabalham em maternidades e em UTI neonatal.

A vacina deve ser administrada a cada nova gravidez, independentemente se a gestante já tomou a outra vacina que oferece imunidade à difteria e ao tétano (a dupla adulto, conhecida como adulto-dT, recomendada em três doses a partir dos 10 anos) já disponível na rede pública. Além de se proteger, após tomar a vacina, a mãe passa anticorpos para seu filho ainda no período de gestação, já que a doença se manifesta mais em bebês de três a seis meses de vida.  

Isso garante ao bebê imunidade nos primeiros meses até que complete o esquema vacinal contra coqueluche, definido pelo calendário básico.

"A vacina DTpa para gestantes é aprovada pela Organização Mundial da Saúde e já está sendo adotada como uma das estratégias para controle da coqueluche em vários países", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Como e quando tomar

A recomendação do ministério é que a aplicação da dose seja realizada entre as 27ª e a 36ª semanas de gestação. Este período gera maior proteção para a criança, com efetividade estimada em 91%.

"É o melhor momento para dar a proteção necessária por mais tempo", disse o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, durante o anúncio.

Entretanto, a dose também pode ser administrada até, no máximo, 20 dias antes da data provável do parto.

Se a mulher não tomou nenhuma dose da dupla adulto antes de engravidar, é necessário tomar duas doses dela com intervalo de no mínimo 30 dias e complementar com a dTpa.

Caso a mulher tenha tomado uma dose da dT antes da gestação, ela deverá reforçar o esquema com mais uma dose da dT e outra da dTpa. Já para as que se preveniram com duas ou mais doses da dT, recomenda-se a administração de apenas uma dose da dTpa.

Essa vacina não deve ser administrada em crianças, mas a vacinação da mãe ajudará a transferir anticorpos para evitar a doença nos bebês. A proteção das crianças para coqueluche é feita com três doses da vacina Pentavalente (DTP, hepatite B e HiB), que deve ser aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida. Aos 15 meses e aos quatro anos a criança recebe o reforço com a vacina DTP.

A expectativa do governo é vacinar 2,9 milhões de gestantes e 324 mil profissionais de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina busca reduzir a incidência da mortalidade de recém-nascidos pela doença, principalmente para menores de seis meses.

Entre 2011 e 2013, o Ministério da Saúde registrou 4.921 casos de coqueluche em menores de 3 meses, 35% de todos casos do país neste período, que foram 14.128. No período, foram 204 mortes nesta faixa etária, o que representa 81% do total nacional, que foi de 252 mortes.

Coqueluche

A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, causada pela bactéria Bordetella pertussis. As principais complicações secundárias são a pneumonia, otite média, ativação de tuberculose latente, enfisema pneumotórax, entre outras, e uma das principais causas de mortalidade infantil. 

O número de casos de coqueluche reduziu de uma média de 40 mil notificações nos anos 80 para cerca de 1.500 casos na década de 2.000 no país, mas está em expansão em países pobres da África e Ásia e mesmo em países ricos como Estados Unidos, Canadá e em alguns países europeus.