"Viagra feminino" abre nova era para tratar falta de libido das mulheres
A agência que regulamenta os alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA - Food and Drugs Administration) aprovou a comercialização da substância flibanserina, chamado de "Viagra feminino”, na terça-feira (18). Produzido pelo grupo Sprout Pharmaceuticals, o medicamento é destinado às mulheres que estão na pré-menopausa e que sofrem de falta de desejo sexual. O medicamento deve ser vendido com o nome "Addyi".
Para a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), ligado à USP (Universidade de São Paulo), o lançamento da droga no mercado é muito positivo e abre uma nova era no tratamento da falta de libido. “A chegada de um remédio específico para a disfunção sexual feminina abre uma nova era no tratamento, é mais um recurso para os médicos tratarem o problema”, explica. Entretanto, a prescrição do medicamento vai exigir uma maior capacidade dos médicos em distinguir o que causa o problema, já que vários fatores contribuem para a falta de desejo, como depressão e problemas conjugais.
Um estudo recente do ProSex mostrou que metade das mulheres apresentam alguma dificuldade sexual persistente. O problema mais comum é a falta de desejo/excitação, que atinge entre 1/3 e 1/4 das mulheres. Em seguida, aparecem a dificuldade de atingir o orgasmo (26,2%), e a dor durante a relação sexual (17,8%).
Abdo ressaltou que para a mulher que tem um bom relacionamento com o parceiro, não está deprimida ou estressada e não sofre de alguma doença que possa interferir na libido, o medicamento chega em boa hora. “Até agora, não existia uma opção terapêutica específica para essas mulheres. A flibanserina chega com esse papel”, afirmou.
"É preciso cautela"
Mas nem todos os médicos veem a chegada do “Viagra Feminino” ao mercado como positiva. “Ainda há muitas ressalvas em relação ao produto, é preciso cautela. Na prática, não é uma droga que vai resolver o problema da sexualidade feminina. Não existe uma pílula da felicidade. Ainda é muito cedo para avaliar os benefícios, inclusive porque ela é uma droga que tem vários efeitos colaterais”, ponderou o ginecologista Neucenir Gallani, diretor da Clínica Symco, em Campinas. Entre os efeitos colaterais estão náuseas, sonolência, queda da pressão arterial e desmaios.
O medicamento, na verdade, foi desenvolvido para ser um antidepressivo. A substância age nos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina. Durante os primeiros ensaios clínicos, foi detectado um efeito colateral interessante: a melhora na libido - o que fez a indústria farmacêutica redirecionar o desenvolvimento do produto. Mais ou menos o que aconteceu com o Viagra, inicialmente criado para problemas cardíacos.
Mas a semelhança com a pílula azul dos homens termina aí. “Enquanto o Viagra só funciona para os homens com desejo sexual em dia, agindo na excitação, a flibanserina age provocando e melhorando o desejo da mulher, o que antecede a excitação.
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