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Secretaria de SP indica uso de remédio sem eficácia comprovada para sífilis

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Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

22/07/2016 11h26

A secretaria de Saúde do Estado de São Paulo indicou o uso de um medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento de gestantes com sífilis. A recomendação, publicada no Diário Oficial de quarta-feira (20), é emergencial por conta da falta de penicilina cristalina na rede. 

"É de conhecimento geral a falta de penicilina G cristalina em nível nacional e os serviços de saúde do estado de São Paulo também têm encontrado dificuldades na sua aquisição", explica o texto oficial. 

Em caso de falta de penicilina, a secretaria recomenda o uso de Ceftriaxona, mas ressalta em nota que "não há evidências da eficácia no tratamento de sífilis congênita" e que o remédio está sendo usado pois não há outra alternativa eficaz à penicilina. 

Em nota técnica publicada em 2015, o Ministério da Saúde já indicava o uso do mesmo medicamento de forma emergencial. E pedia para que, nesses casos, mães e bebês tivessem acompanhamento médico em intervalos mais curtos. 

A sífilis, infecção bacteriana geralmente transmitida por contato sexual, pode causar microcefalia no feto. Em seis anos, a taxa de incidência da sífilis em bebês com menos de um ano aumentou vertiginosamente no país. Só em São Paulo, o número de casos de sífilis congênita cresceu 603%, pulando de 2.694 casos em 2007 para 18.951 em 2013, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. 

Penicilina é fabricada na China e na Índia

Desde 2015, tanto a penicilina benzatina, que trata as mães para evitar a transmissão ao bebê, quanto a cristalina, para tratar as crianças, entraram na lista de remédios em falta no país. E isso não aconteceu apenas no Brasil.

O problema é que a produção da penicilina cristalina está nas mãos de empresas da China e da Índia, que fornecem a matéria-prima para laboratórios no mundo todo fabricarem a penicilina, afirma o Ministério da Saúde. E até junho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) barrava a compra de alguns fornecedores por falta de registro de matéria-prima. No entanto, a agência decidiu dispensar esse registro até dezembro de 2016 por conta do aumento de casos da doença no país.

Em junho, o ministério fez uma distribuição emergencial de 500 mil frascos de penicilina benzatina para tentar "assegurar o abastecimento do medicamento para o tratamento da sífilis gestacional".

Além de ser a primeira linha de tratamento contra sífilis, o remédio é ainda usado para tratar outras doenças como erisipela, pneumonia, meningite, endocardite bacteriana, sepse e infecções da pele e de tecidos moles.