Norte-americano fica mais de 30 minutos sem coração bater e sobrevive
John Ogburn não se lembra de absolutamente nada do dia 26 de junho, data em que sofreu uma parada cardíaca em Charlotte, nos Estados Unidos. O norte-americano poderia ter morrido não fosse a rápida intervenção realizada por policiais que, encontrando-o desacordado no fundo de um restaurante, iniciaram o trabalho de reanimação cardiorrespiratória.
Por mais de meia hora, policiais, bombeiros e paramédicos se revezaram para realizar massagem cardíaca no homem, informa a BBC. E tiveram sucesso. Semanas depois, a única sequela que ele tem desse dia é a falta de memória.
Mas quanto tempo o corpo humano consegue ficar sem que o coração bata naturalmente? Para o cardiologista e diretor do centro de treinamento em emergências cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sergio Timerman, não é possível determinar um tempo exato.
O mais importante, segundo ele, é que o atendimento seja feito imediatamente. "Cada minuto que passa sem que a pessoa seja socorrida, ela tem 10% menos de chance de sobreviver", diz.
O cardiologista lembra que, no entanto, a qualidade do atendimento --com a manutenção de ritmo, por exemplo-- é essencial para reduzir os danos, como aconteceu com o norte-americano de 36 anos.
E como socorrer alguém com uma parada cardíaca?
Existe um padrão de atendimento que deve ser seguido para que a reanimação seja bem-sucedida. As compressões devem ser feitas de forma ritmada, simulando um batimento cardíaco "normal", de 100 a 120 batimentos por minuto. A pressão da massagem deve "afundar" de 5 a 6 centímetros o peito do paciente.
Por fim, é necessário fazer um curto intervalo entre os ciclos de massagem. "E o mais importante: não pode parar. Até que o serviço médico chegue e transporte a pessoa para hospital, esse serviço tem que ser ininterrupto. Na maioria das paradas, o coração não está parado, ele está em um caos, ele não funciona como bomba", diz o médico.
A compressão cardíaca nada mais é, então, diz ele, do que a manutenção da circulação "enquanto ela não retorna totalmente com um choque ou qualquer outro tipo de manobra". Esse choque, no caso, é feito por um desfibrilador, que pode ajudar "a organizar os batimentos cardíacos". No caso de Ogburn, no entanto, ele não teve serventia.
'Corrente da sobrevida'
Para uma reanimação cardiopulmonar bem-sucedida, há cinco passos a serem cumpridos: a 'corrente da sobrevida'.
O primeiro é o reconhecimento de que houve uma parada cardíaca. "Uma pessoa que testemunhe isto faz com que as chances de recuperação sejam maximizadas, já que o atendimento terá início de forma imediata". Este atendimento --a própria compressão torácica, ou massagem cardíaca-- é o segundo elo.
"Se você não fizer nada e simplesmente colocar a pessoa que teve parada cardíaca no carro, para levá-la ao hospital, você vai transportar um cadáver."
O terceiro elo é o uso do desfibrilador, que pode ajudar o coração a retomar sua atividade normal.
A chegada da ambulância e a condução do paciente ao hospital e os cuidados que ele irá receber no processo pós-reanimação são os últimos elos da "corrente da sobrevida".
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