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Falta de médicos fecha emergência do hospital Pinel; funcionários protestam

Reprodução/Facebook/Miguel Silva
Imagem: Reprodução/Facebook/Miguel Silva

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL, do Rio

02/08/2017 14h41Atualizada em 02/08/2017 14h51

Referência em tratamento psiquiátrico no Rio de Janeiro e fundado há 80 anos, o Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, zona sul da capital fluminense, teve o seu setor de emergência fechado. O setor chegava a atender 30 pacientes por dia. Na manhã desta quarta-feira (2), funcionários e pacientes do hospital, portando cartazes, fizeram um protesto na frente à unidade contra o fechamento.

A justificativa da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo hospital, para o encerramento das atividades de urgência por tempo indeterminado é a falta de médicos e a impossibilidade de contratação de novos profissionais de saúde por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita os gastos públicos.

Com a aposentadoria de cinco médicos e a licença de outro, foi necessário, segundo informou a secretaria ao UOL, um remanejamento dos psiquiatras para manter em funcionamento o setor de internação. "Para garantir a assistência aos pacientes internados, foi necessário reorganizar os serviços oferecidos na unidade, direcionando os médicos para assistência aos usuários internados", diz comunicado desta quarta-feira (2). A secretaria não informou se há previsão de reabertura do setor de emergência.

A emergência demandava 14 psiquiatras, mas havia recentemente apenas oito deles no setor. Eles agora estão na internação do hospital, que mantém 71 leitos funcionando apesar da crise da falta de pessoal.

De acordo com o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), que participou do protesto, a Prefeitura do Rio de Janeiro tem que contratar apenas quatro médicos para reabrir a emergência.

"A prefeitura tem que resolver esse problema. Tem que se virar para fazer isso. É um absurdo. O Pinel continua funcionando, com todos os leitos ocupados, mas a emergência tem que ser reaberta. A razão do fechamento é a crise orçamentária da prefeitura, que não tem mais dinheiro. Mas as receitas têm que ser revistas para permitir a reabertura", pediu o vereador.

Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, as demandas de emergência psiquiátrica serão encaminhadas a partir de agora para dois outros endereços na cidade: a CER (Coordenação de Emergência Regional) da Barra da Tijuca, na zona oeste, e a Policlínica Rodolpho Rocco, em Del Castilho, na zona norte.

O Instituto Philippe Pinel ganhou este nome em 1965 (de 1937 até então era chamado de Instituto de Neurossífilis) em homenagem ao médico francês homônimo, morto em 1826 e considerado o pai da psiquiatria. Ele foi o primeiro médico a tentar classificar perturbações mentais, como demência precoce e esquizofrenia.

O hospital carioca é referência no atendimento psiquiátrico, além de oferecer ensino e pesquisa na área. O instituto é especializado em pacientes de alta complexidade, como psicóticos. Eles são atendidos por uma equipe multidisciplinar --complementando o trabalho do psiquiatra-- e a emergência atendida a 30 pacientes por dia.

O hospital tem oficinas para melhorar a saúde mental dos pacientes que não estão internados, como a TV Pinel, clube de arte e oficina de samba. Com 21 anos, a TV comunitária do hospital tem o objetivo de acabar com o preconceito contra pacientes psiquiátricos.