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Dieta rica em gorduras melhora memória e aumenta longevidade, dizem estudos

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL

06/09/2017 17h49

A dieta cetogênica, que prega a redução brusca da ingestão de carboidratos e a substituição por gorduras, tem se tornado tema comum entre pessoas que procuram perder peso de forma acelerada. Porém, este pode não ser o único benefício desta mudança alimentar: dois estudos, publicados na última terça-feira (4) no periódico "Cell Metabolism", mostraram que a troca de carboidratos por gorduras melhorou a memória e aumentou a longevidade de camundongos utilizados nos experimentos.

“O fato de termos tido efeitos tanto na memória quanto na preservação da função cerebral é muito relevante. Os camundongos mais velhos, que foram submetidos à dieta cetogênica, apresentaram memória melhor que os camundongos mais jovens”, afirmou Eric Verdin, presidente do Instituto Buck para Pesquisas sobre o Envelhecimento e coautor de um dos estudos.

As cobaias utilizadas foram divididas em três grupos. O primeiro foi alimentado com base na dieta cetogênica, o segundo recebeu alimentação com baixas quantidades de carboidratos e o terceiro manteve refeições normais, sem qualquer alteração.

Na sequência, todos os espécimes foram submetidos a testes, como atravessar um labirinto e andar em rodas de exercício, além de passarem por avaliações.

Ao final, os pesquisadores constataram que a dieta influenciou na sinalização de insulina e em padrões de expressão genética que são provocados pelo jejum. “A conclusão que pudemos extrair dos experimentos é que o efeito da dieta é considerável. Os dois estudos se reforçam, pois ambos mostraram o mesmo efeito global na saúde”, afirmou Verdin.

“As mudanças me surpreenderam”, afirmou Jon Ramsey, professor da Universidade da Califórnia e autor sênior de um dos estudos. “Nós imaginávamos que a mudança no metabolismo, induzida pela dieta cetogênica, teria efeitos benéficos no envelhecimento, mas fiquei impressionado com o tamanho das mudanças que pudemos observar”.

Dieta representa riscos

Entretanto, os estudos mostraram também que a mudança teria que ser radical para fazer efeito, já que a ingestão de gordura precisaria representar cerca de 90% do consumo calórico. E é exatamente por isso que ela pode ser prejudicial: para evitar que os animais ficassem obesos, os pesquisadores precisaram alternar a dieta com uma alimentação normal, além de limitar a ingestão de calorias.

Para saber se os efeitos se repetiriam em pessoas, ainda são necessários estudos que envolvam humanos. 

“Sempre existiu o interesse de restringir a ingestão de carboidratos para induzir a perda de peso. Porém, na maioria dos estudos, essas dietas foram testadas em tempos curtos, principalmente pelo fato de as pessoas não conseguirem manter esses hábitos alimentares por muito tempo, o que resultaria em um efeito sanfona, com a recuperação do peso perdido”, afirmou Helen Truby, professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Monash, na Austrália.

Deficiência de vitaminas e minerais

“No caso da dieta cetogênica, o indivíduo consumiria cerca de 20 ou 30 gramas de carboidratos por dia, o que pode ser prejudicial à saúde, pois levaria a uma deficiência de vitaminas e minerais no organismo. Então, é preciso tomar muito cuidado, consultar um médico antes de iniciar este tipo de mudança e sempre ter o auxílio de um nutricionista, para que a dieta seja construída cuidadosamente e a melhor adequação nutritiva possa ser garantida”, finalizou.