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Aperto na folia? O que você precisa saber antes de usar o banheiro químico

4.fev.2018 - Foliões utilizam banheiro químico na Rua da Consolação, em São Paulo (SP) - Willian Moreira/ Futura Press/ Estadão Conteúdo
4.fev.2018 - Foliões utilizam banheiro químico na Rua da Consolação, em São Paulo (SP) Imagem: Willian Moreira/ Futura Press/ Estadão Conteúdo

Marcelle Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/02/2018 04h00

Se você já preparou a sua fantasia e pretende se jogar nos blocos de Carnaval nos próximos dias, saiba que um item não pode faltar: o álcool em gel. Isso porque, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, ele pode ser um grande aliado para evitar contaminação quando a sua bexiga encher e a única opção for usar um banheiro químico.

"Nesses locais não há um processo adequado de desinfecção, isto faz com que micro-organismos presentes, inclusive os causadores de doenças, possam contaminar instalações próximas, como espaços de acesso aos usuários. Um agravante é a inexistência de pias para higienização das mãos, o que pode desencadear transmissões de todo tipo de micro-organismos", diz o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.

Outro problema é que, em tempos de Carnaval, foliões alcoolizados usam esses sanitários com maior frequência e com menos cuidado.

"Na realidade, esses banheiros só servem para que as pessoas não façam suas necessidades na rua. Não há assepsia e muitas pessoas alcoolizadas acabam sujando o banheiro, contaminando facilmente o ambiente em torno do vaso", diz Carla Taddei, professora da USP (Universidade de São Paulo) e membro da diretoria da SBM (Sociedade Brasileira de Microbiologia).

Sem uma limpeza constante, os usuários têm mais chances de serem contaminados por bactérias, como a Escherichia coli (causadoras de diarreia) e a Salmonella, mas também por vírus associados a infecções gastrointestinais, como o enterovírus e o norovírus.

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Para evitar essa lista de doenças, a melhor saída é lavar bem as mãos -- o que não costuma ser possível nos banheiros químicos, normalmente sem água e sabão. A única opção, então, é carregar um tubinho de álcool em gel. "Ele vai eliminar cerca de 80% da contaminação existente", diz Figueiredo.

Exercício de agachamento

Para as mulheres, a ida ao banheiro costuma ser ainda mais complicada, já que a maioria evita encostar no vaso sanitário desconhecido. "O melhor mesmo é não sentar, porque assim você evita algumas infecções", diz a professora da USP. Se você costuma tentar limpar o assento com papel higiênico antes de usá-lo, saiba que isso só ajuda a espalhar os micro-organismos.

"Não é preciso ter uma relação sexual para se contaminar. Esses fungos e bactérias podem invadir a mucosa vaginal e causar uma doença. Você não sabe quem usou o banheiro antes e ela pode estar assintomática", afirma Taddei.

Para evitar contaminações, Taddei diz que vale a pena carregar um protetor de assento descartável. "Só assim você diminui o risco de contato entre o trato genital e o vaso", diz.

Para a professa, se existir outra opção, como sanitários de bares e restaurantes, é melhor fugir dos banheiros químicos. "É melhor, porque nesses lugares você tem minimamente um ambiente mais limpo, com uma torneira para lavar as mãos", diz.

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Banheiros químicos na Rua Augusta, em São Paulo
Imagem: Alberto Rocha/Folhapress

Como funciona

Os primeiros banheiros portáteis surgiram na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Feitos de madeira e metal, eles eram usados para atender às necessidades de bases militares e operações industriais em áreas onde não havia infraestrutura adequada.

Atualmente, esses sanitários funcionam da seguinte forma: toda vez que alguém usa o banheiro, os dejetos caem e ficam em um tanque localizado abaixo da privada. Apesar dessa caixa ficar aberta (e você ter a desagradável visão do que outros foram fazer ali), o mau cheiro é neutralizado por conta de uma solução com água e um produto químico desodorante, que barra a produção de metano nos resíduos.

O tanque possui, em média, mais de 200 litros de capacidade e os dejetos são encaminhados, depois da utilização no evento, para a rede esgoto pela empresa responsável.

Segundo a Associação Internacional de Saneamento Portátil (Portable Sanitation Association International, em inglês), em grandes eventos recomenda-se o uso de um banheiro químico para cada 200 pessoas durante 4 horas. Esse número, no entanto, deve aumentar em até 40% se há consumo de bebidas alcoólicas no local -- caso dos blocos de Carnaval.

Em São Paulo, a prefeitura informa que serão disponibilizados 21 mil banheiros químicos por dia durante o feriado. E atenção, haverá multa de R$ 500 para quem urinar na rua.

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