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Transou sem camisinha no Carnaval? Agir rápido pode evitar HIV e gravidez

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Imagem: iStock

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

13/02/2018 04h00

Se você esqueceu a camisinha na hora do sexo casual e, agora, está preocupada (o) com as consequências deste vacilo carnavalesco, ainda é possível se prevenir tanto contra uma indesejável gravidez como contra a contaminação do vírus HIV. Mas é preciso agir rápido.

"Todos são passíveis a erros, portanto não se envergonhe. O importante é buscar uma unidade de saúde para o tratamento pós-exposição em até 72 horas", afirma Alexandre Naime Barbosa, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), ao se referir ao PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV).

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Uma medida de prevenção à infecção pelo vírus HIV que está disponível gratuitamente na rede pública de saúde com índice de sucesso de 98%, segundo Ivone de Paula, gerente da área de prevenção do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. "Isso é claro se o tratamento for seguido à risca", afirma.

Segundo ela, é necessário o uso dos medicamentos antirretrovirais por 28 dias para evitar a sobrevivência e a multiplicação do vírus no organismo. Veja quais são as unidades de saúde ligadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) que disponibilizam a PEP pelo Brasil [clique aqui]. E, se você mora no Estado de São Paulo, faça a busca pelo site do Centro de Referência.

A opção recomendada a vítimas de violência sexual (sexo não consentido), bem como a todas as pessoas que tenham tido uma relação sexual com penetração sem camisinha com um soropositivo ou alguém que não se sabe se vive ou não com HIV. O mesmo vale para o caso em que a camisinha estoura. Mas não é indicado para quem já tem o vírus ou quando o contato com o vírus tenha ocorrido há mais de 72 horas.

"O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, preferencialmente nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus e no máximo em até 72 horas", diz Ivone, que descreve a PEP como uma "medida preventiva de emergência", mas não "como uma substituta da camisinha". 

E, como todo medicamento, os antirretrovirais utilizados na PEP também podem causar efeitos colaterais --dor de cabeça, enjoos, diarreia e, em casos mais raros, hepatite tóxica [inflamação no fígado causada por agentes químicos]. "Mas mesmo que você desenvolva algum desses sintomas, não interrompa o uso dos medicamentos. O indicado é procurar imediatamente o serviço de saúde que o atendeu para buscar orientações", diz Ivone.

Teste de HIV

Mas caso já não dê mais tempo para você recorrer à PEP, o importante é realizar o teste de HIV, que é feito a partir da coleta de saliva (fluido oral) e fornece resultados em aproximadamente 30 minutos. É simples, gratuito e indolor. "Exame que só deve ser feito de 20 a 30 dias após a relação sexual, tempo da chamada janela imunológica [período entre a infecção pelo vírus e a produção de marcadores detectáveis pelos testes laboratoriais]", afirma Ivone.

E, em casos de diagnóstico positivo, o recomendável é buscar atendimento médico para que se possa dar início ao devido tratamento. O Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS sugere ainda atenção redobrada a outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, hepatite B e C. "Fique atento a possíveis feridas genitais e/ou corrimentos anormais, que devem servir de alerta e de indicativo para que se procure um médico."

Contra uma gravidez indesejada

Contra a gravidez indesejada, recomenda-se a "pílula do dia seguinte", que deve ser tomada nas primeiras 72 horas após a relação sexual e pode ser encontrada gratuitamente no SUS. Para quem optar em pagar pelo remédio, pode adquiri-lo em qualquer farmácia e sem a necessidade de apresentar receita médica.

No entanto, enquanto a pílula de uso contínuo tem 99% de chances de eficácia, a do dia seguinte oferece uma segurança máxima de 70%. Isso significa que, a cada 10 mulheres que optam por esse tipo de anticoncepcional, 3 podem engravidar. Eficiência que, segundo especialistas, acabam diminuindo a partir do uso frequente dessa pílula.

Mulheres com problema de coagulação, pressão alta, problemas renais ou diabetes devem consultar um médico antes de tomar o medicamento.