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23% dos postos de saúde no Brasil não têm toalhas de papel

Fila para atendimento em posto de saúde em São Paulo - Fernando Cymbaluk/UOL
Fila para atendimento em posto de saúde em São Paulo Imagem: Fernando Cymbaluk/UOL

Do UOL, em São Paulo

02/08/2018 14h58

A infraestrutura é ruim, a higiene é precária e falta até equipamentos básicos em boa parte dos 4.664 postos de saúde fiscalizados no Brasil. A conclusão é dos CRMs (Conselhos Regionais de Medicina), que visitaram ambulatórios, CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) e, principalmente, postos de saúde, onde funcionam as UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

O estudo, divulgado nesta quinta-feira (2) pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), é resultado de um balanço inédito em todos os estados entre janeiro de 2014 e dezembro de 2017.

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Do total de unidades visitadas, 24% apresentaram irregularidades em mais de 50 itens exigidos pelas normas sanitárias. Algumas deficiências são “elementares quando se considera o sentido básico do que é um serviço de saúde”, afirma Mauro Ribeiro, vice-presidente do CFM e responsável pelo Departamento de Fiscalização da autarquia.

Sem curativos

De acordo com o levantamento, pelo menos 268 postos não tinham sala para curativos. Em 81 estabelecimentos não havia consultórios suficientes. Em 551 postos faltava sala de espera.

O conselho chama de “preocupante” a falta de estrutura física das unidades básicas de saúde: não há sanitário adaptado para deficiente físico em 34% dos locais vistoriados. Em 18% delas, enfermeiros trabalhavam sem sala de esterilização, enquanto em 13% dos postos não existia farmácia.

Higiene

O CFM diz ainda que “itens considerados primordiais estão em falta em percentual considerável”. Em 23% dos postos não havia toalhas de papel; em 9% não existiam pias ou lavabos. Já em 6% não foi encontrado sabonete líquido.

A autarquia destaca a falta de “equipamentos básicos” para “o adequado diagnóstico” dos pacientes. Nos 4.664 estabelecimentos visitados no período, em 2.566 não havia oftalmoscópio (equipamento para o exame completo do olho); em 2.096 não existia negatoscópio (para visualizar as imagens de radiografias); em 1.689 faltavam otoscópio (para examinar o canal auditivo).

Também falta aparelho para medir pressão em 996 unidades, não há estetoscópio em 764 e termômetro em 449 estabelecimentos. “O paciente é o principal prejudicado com essa falta de equipamentos, insumos e medicamentos, o que interfere negativamente na forma como o médico vai aplicar seu conhecimento”, afirma o secretário-geral do CFM, Henrique Batista e Silva.

Urgências

De acordo com o estudo, faltam equipamentos também em setores de urgência, ala para suporte inicial de pacientes em crises agudas. Nas datas das vistorias, faltavam máscara laríngea (para as vias aéreas) em 1.160 unidades, nem havia desfibrilador com monitor em 1.092 delas. Também não foram encontrados aspirador de secreções em 1.069 serviços e nem oxímetro em 1.004.

Os CRMs também não encontraram sondas para aspiração em 884 urgências e não havia salas para atendimento nem medicação para pacientes com parada cardiorrespiratória e anafilaxia em 823 unidades.

“Uma série de outros itens”, como equipamentos de proteção individual, oxigênio com máscara aplicadora, umidificador e ressuscitador manual do tipo balão autoinflável.

De acordo com o CFM, as unidades alvo das vistorias foram escolhidas em razão de denúncias de pacientes e da imprensa, solicitações de órgãos de controle e fiscalização, como o Ministério Público, e por escolha aleatória.