Remédio para coração e dipirona são medicamentos mais vendidos, diz ranking
Wanderley Preite Sobrinho
Do UOL, em São Paulo
13/02/2019 13h44Atualizada em 13/02/2019 19h41
Um remédio para o coração foi o medicamento mais vendido no Brasil em 2018. O princípio ativo Losartan, indicado para tratar hipertensão e insuficiência cardíaca, encabeçou uma lista feita a pedido do UOL à Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) com os dez medicamentos mais vendidos no ano passado em todo o país.
Ao todo, 155,6 milhões de remédios que têm o Losartan como princípio ativo foram vendidos no ano passado. Outro remédio para insuficiência cardíaca aparece na 5ª posição, o Hidrochlorothiazide, usado também para tratar cirrose hepática. Vendeu 68,5 milhões de unidades no ano passado.
Ainda figuram no top 10 um remédio para diabetes - o Metformin, em 3º lugar e 86,1 milhões de vendas - e o contraceptivo Ethinylestradiol/Levonorgestrel: 8ª posição e 57,8 milhões de unidades vendidas.
A maioria dos medicamentos do ranking, no entanto, é para dor de cabeça, febre, inflamação e infecções.
O princípio ativo Metamizole Sodium - a dipirona - é o segundo com mais vendas em todo o Brasil, segundo a Febrafar: foram 117,5 milhões de unidades comercializadas por diferentes marcas. O primeiro anti-inflamatório aparece na quarta colocação. A Nimesulide foi comprada 85,4 milhões de vezes no ano passado.
Nessa pesquisa, que leva em conta o nome comercial do remédio, a dipirona ficou no topo: foi consumido por 55 mil pessoas. É seguida do analgésico e anti-inflamatório Ibuprofeno (45,3 mil pessoas) e pela Prednisolona (44,3 mil), um anti-inflamatório que cuida de reumatismo a problemas respiratórios.
Embora o Metformin (para diabéticos) seja o segundo princípio ativo mais vendido no ano passado pelas farmácias, foi ele o que gerou mais receita, diz a associação. A droga está presente no Glifage XR 500mg, um medicamento que vendeu R$ 532 milhões no ano passado.
O Losartan (coração), o princípio ativo mais vendido do ano passado, ocupa a 2ª colocação entre aqueles de maior receita. Presente no Aradois 50mg, rendeu R$ 523,3 milhões.
A Febrafar agrega 58 redes de farmácias, em 2.701 municípios. O levantamento foi feito pela Iqvia, empresa internacional que audita o mercado farmacêutico brasileiro.
Risco da automedicação
No Brasil, oito em cada 10 pessoas (79%) com mais de 16 anos admitem tomar remédios sem prescrição médica, o maior percentual desde que a pesquisa começou a ser feita pelo ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade). Em 2016, 72% diziam se automedicar, contra 79% no ano passado.
"O imediatismo e o maior acesso à internet estão entre os motivos para o aumento. A correria do dia a dia, a impaciência para enfrentar as filas e o atendimento deficiente do SUS, levam as pessoas a pularem etapas. Com isso, a automedicação se torna uma prática corriqueira e inegável", afirma Ismael Rosa, diretor farmacêutico-clínico e responsável pela pesquisa da ICTQ.
Ele explica que, além das "intoxicações, interações medicamentosas e reações adversas", a automedicação traz o risco de mascarar sintomas que podem estar ligados a doenças graves, "culminando em sequelas severas e até mesmo a morte".
Os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios estão disponíveis nas farmácias brasileiras no autoatendimento. O acesso a estes medicamentos é fácil e livre, fazendo com que muitas delas comprem estas substâncias sem mesmo procurar o farmacêutico para se orientar sobre riscos. Isso tudo se resume em altos índices de automedicação
Ismael Rosa, diretor Farmacêutico Clínico e responsável pela pesquisa da ICTQ