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Marcio Atalla: "Melhor ser um gordinho ativo do que um magro sedentário"

Marcio Atalla - Washington Possato/Divulgação
Marcio Atalla Imagem: Washington Possato/Divulgação

Colaboração para o UOL

05/12/2019 14h56

Marcio Atalla, professor de educação física, colunista e apresentador do quadro "Medida Certa", do Fantástico, da Rede Globo, participou hoje do Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, para falar sobre saúde, estilo de vida, obesidade e sedentarismo.

Questionado se o mais importante para a saúde é manter uma boa alimentação ou praticar exercícios físicos, Atalla foi taxativo: se não for possível adotar os dois hábitos, é preferível que se pratique atividade física. "A combinação dos dois é o melhor caminho, principalmente se estamos falando de emagrecimento. Mas, se a gente está falando de saúde, é muito melhor ser um gordinho ativo do que um magro sedentário", disse.

O entrevistado mostrou diversos dados sobre a inatividade. Um dos mais impactantes é um estudo da OMS sobre sedentarismo na adolescência. De acordo com o levantamento, 82% dos adolescentes brasileiros são sedentários. Nas jovens mulheres, esse número chega a 90%.

Segundo Atalla, os números são alarmantes e impulsionados por uma série de fatores. "A aula de educação física, em muitas faixas etárias, nem é mais obrigatória. Hoje, tem um problema de segurança. Antigamente, os jovens brincavam na rua. Hoje em dia, não brincam mais. Antigamente, tinham-se três, quatro irmãos. Hoje em dia, muitas famílias só tem um filho. A criança sozinha em casa não vai brincar na rua, vai pegar uma tela [celular]. É um problema muito amplo", explicou.

Papel da Saúde Pública

Atalla também falou sobre o papel do Estado e da Saúde Pública na prevenção de obesidade infantil. Para ele, o essencial é disseminar informações no ambiente escolar, especialmente em três frentes.

"Primeiro, é a alimentação saudável. Ter mais alimentos de verdade, menos processados, ter frutas, verduras, legumes. [...] Segundo, o tempo de tela, tablet, celular, TV. O ideal é que a criança fique no máximo três horas diárias na frente de uma tela. O brasileiro está passando de cinco horas. E o terceiro passo é estimular que a criança brinque mais, se movimente."

Para Atalla, outro ponto importante de ação do Estado seria subsidiar a compra de alimentos saudáveis. A ideia vai à contramão do que é praticado em muitos países do mundo que, quando tentam influenciar nesta área, acabam sobretaxando produtos considerados danosos, como os com alto teor de açúcar.

"Países como Austrália e México, que tentaram sobretaxar o açúcar, não conseguiram o controle da obesidade. Porque a obesidade é multifatorial. [...] Se, ao invés de sobretaxar, o Estado subsidiar e baratear alimentos saudáveis que hoje são muito caros, seria muito melhor", defendeu.