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Após agressões, MPT pede transporte especial para profissionais da saúde

Técnica de enfermagem foi agredida com uma marmita no Metrô de São Paulo quando ia para o hospital vestida de branco nesta semana - Reprodução/WhatsApp
Técnica de enfermagem foi agredida com uma marmita no Metrô de São Paulo quando ia para o hospital vestida de branco nesta semana Imagem: Reprodução/WhatsApp

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

21/03/2020 19h28

Resumo da notícia

  • MP recomendou esquema especial de transporte para profissionais da saúde e outras medidas de segurança
  • Medida visa proteger tanto profissionais como a população em geral
  • A recomendação vale para o sistema público e privado de saúde
  • Ao longo da última semana, profissionais da saúde foram hostilizados e agredidos no caminho para o trabalho

O MPT (Ministério Público do Trabalho) emitiu uma recomendação para que os conselhos regionais de profissionais da saúde notifiquem os serviços de saúde públicos e privados para que forneçam transporte especial, equipamentos de segurança e higiene adequados e outras medidas de apoio aos profissionais das categorias envolvidos no combate a pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus.

Os conselhos devem pedir aos serviços de saúde "para que forneçam transporte e suporte adicional para os profissionais da saúde envolvidos no combate a pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus", de acordo com a recomendação assinada no dia 18 pela chefe da Coordenadoria Regional do Meio Ambiente do Trabalho em São Paulo, da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região, Luiza Yukiko Kinoshita Amaral.

Ao longo da semana, diversos profissionais da saúde foram hostilizados e em alguns casos até agredidos no caminho de casa para o trabalho, quando andavam na rua ou estavam dentro do transporte público, por pessoas com medo da covid-19.

A recomendação visa resguardar a segurança tanto dos profissionais quanto da população.

Durante o trabalho, avental impermeável, touca, luvas, máscara para risco biológico, máscara cirúrgicas, óculos e capacete de proteção — além de todo o protocolo de higienização — obrigatórios.

Além disso, têm de alertar "trabalhadores e as empresas da respectiva categoria econômica, inclusive terceirizadas, dos riscos de contaminação e propagação, e da importância da organização dos serviços de apoio, transporte e assistência, de modo a garantir as condições mínimas de saúde e segurança dos profissionais."

Todos devem ser imediatamente afastados do trabalho e receber suporte adequado em caso de suspeita de contaminação.

Sem previsão de apoio até agora

A direção de hospitais da região central de São Paulo, autorizou os funcionários a não irem vestidos de branco ou roupas do hospital para lá. A maioria dos profissionais de saúde, principalmente das UTIs, não usa roupa branca nos hospitais.

Vão ao trabalho com roupas comuns e lá dentro usam apenas um uniforme de serviço. A roupa branca, quando é utilizada, vem por baixo dos uniformes, aventais e equipamento de proteção necessários para aproximar-se de um doente grave.

Diante do problema, alguns hospitais começam a disponibilizar estacionamento sem custo para seus profissionais. Até o momento, no entanto, a maioria deles ainda não organizou um esquema especial para transportar seus funcionários na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

Procurada pela reportagem, Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos — responsável por CPTM, Metrô e EMTU — emitiu nota afirmando que valoriza os profissionais da saúde, que neste período prestam nobremente alta contribuição à sociedade.

Questionada se estava ciente do problema e se planejava algo para ajudar a resolvê-lo, como estabelecer um vagão ou assentos preferenciais para profissionais da saúde durante a grave crise sanitária, a pasta estadual dos transportes não respondeu.

"Em uma situação de calamidade pública, como a que estamos vivenciando, nos solidarizamos com os seres humanos que, de maneira exemplar, colocando a sua saúde em risco, vem trabalhando com conhecimento e de forma humanitária para proteger e salvar vidas", afirma a nota.

O Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) entrou em contato com o Metrô de São Pulo para realização de parcerias para a sensibilização dos usuários e solicitou reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo também para tratar do tema.

O Crefito (Conselho regional de fisioterapia e terapia ocupacional da 2º Região) enviou a recomendação aos sistemas de saúde e profissionais e aguarda posicionamento.

A SPTrans, responsável pelos ônibus da capital, informa que não recebeu nenhum registro de incidente e "vale esclarecer que em casos de agressão no interior dos ônibus do sistema, o motorista é orientado a acionar a Polícia Militar ou conduzir o veículo à delegacia mais próxima."