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Líder em mortes do Nordeste, PE já tem 80% dos novos leitos de UTI ocupados

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

08/04/2020 09h51

O secretário estadual de Saúde de Pernambuco, André Longo, afirmou ontem que 80% dos 118 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) montados no estado para receber pacientes do novo coronavírus estão ocupados. Já nos novos 210 leitos de enfermaria, para casos menos graves, esse índice é menor: 43%.

"Essa ocupação se refere às SRAG [Síndromes Respiratórias Aguda Grave], nem todos têm a confirmação de covid-19 no ato da internação. Temos SRAG com agentes diferentes do coronavírus como influenzas, H1N1, outras bactérias. No início, todos são tratados como SRAG até que se esclareça", declarou.

Segundo Longo, a ideia é que o esforço do do estado para ampliação da rede continue até criar mil novos leitos para atendimento nas próximas semanas, entre UTI e para casos menos graves. O objetivo é evitar falta de vagas nos hospitais.

"Esses leitos vão estar distribuídos por uma série de cidades das macrorregiões do estado. Pernambuco vai criar mais leitos no interior para dotar as cidades para dar uma melhor condição de resposta regional a covid-19", explicou.

Em outros momentos, o secretário pediu que cidades do interior sigam o exemplo de Toritama, no agreste, e criem hospitais de campanha para receber pacientes e, assim, ajudem a não sobrecarregar a rede existente de hospitais.

Alta nos casos

Pernambuco tem registrado grande alta no número de casos e mortes por covid-19. No boletim de ontem foram confirmados mais 129 casos e quatro mortes, atingindo um total de 352 pessoas infectadas e 34 óbitos.

O estado possui o maior número de mortes por covid-19 no Nordeste e a maior taxa de letalidade da doença entre os estados com mais de 100 casos.

Segundo o secretário de Saúde, o estado se aproxima de forma acelerada da fase de disseminação descontrolada do vírus, o que deve resultar num aumento rápido dos casos.

"Nossa capacidade [de ampliação da rede] é limitada, mas a epidemia pode não ser. Ela colocou de joelho os sistemas de saúde italiano, inglês, espanhol, americano. Claro, temos o SUS [Sistema Único de Saúde], que é uma fortaleza, mas não garante que estamos livres [de um colapso]", disse Longo.

Uma das preocupações do estado é que o tempo de internação dos pacientes por covid-19 é mais longo que o esperado, e que muitos necessitam da utilização de ventilação mecânica por vários dias.

"É uma característica dessa doença, um tempo médio bem maior que outras de quadro respiratórios. Em leito de terapia intensiva é de 18 dias o tempo médio para doentes mais graves. Já os casos menos graves, mas com oxigenioterapia, são sete dias. Poucos casos que se internam ficam menos que isso, o que impõe uma sobrecarga ao sistema de saúde. Por isso a gente reforça a necessidade de retardar a aceleração da curva", afirmou.