Brasil supera 10 mil enfermeiros afastados e 88 mortos, o dobro da Itália
A pandemia do coronavírus já causou o afastamento de mais de 10 mil profissionais de enfermagem no Brasil. São 88 mortes relacionadas à doença. Os números são do Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que lançou hoje um site, o Observatório da Enfermagem, para dar atualizações constantes sobre a evolução da covid-19 entre os enfermeiros.
De acordo com o Cofen, os 88 mortos de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem representam o dobro do que se viu na Itália, que foi um dos grandes centros da crise. O Comitê acusa a falta de cuidados com os profissionais.
"Esta situação gravíssima reflete a escassez de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), treinamento adequado das equipes, profissionais de grupos de risco mantidos na linha de frente do atendimento, subdimensionamento das equipes, dentre outros fatores. Não somos máquinas", afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.
O Cofen acionou a Justiça para garantir que profissionais que sejam de grupos de risco possam se afastar de funções que exijam contato direto com casos suspeitos ou confirmados da doença e para assegurar a realização de testes nas equipes de enfermagem. Uma liminar de segunda-feira (4) garantiu o afastamento destes trabalhadores.
O Comitê considera que os casos registrados oficialmente estão subnotificados e que são "o pico do iceberg". "Nosso compromisso é com a transparência nos dados, que podem auxiliar as secretarias de Saúde na definição de políticas públicas. Eles servem como base também para que nós façamos recomendações técnicas, não só ao presidente do Cofen, mas também aos presidentes de todos os Conselhos Regionais e aos serviços de Enfermagem, refletindo o quadro epidemiológico verificado", explicou o coordenador do Comitê Gestor de Crise, Walkírio Almeida.
O estado de São Paulo lidera o número de casos entre profissionais de enfermagem, seguidos pelo Rio de Janeiro, Santa Catarina e Ceará.
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