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Com dados omitidos, Brasil registra 35.930 mortes e 672.846 casos de covid

Agente funerário caminha em cemitério do Rio de Janeiro durante pandemia do coronavírus - Buda Mendes/Getty Images
Agente funerário caminha em cemitério do Rio de Janeiro durante pandemia do coronavírus Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 21h53Atualizada em 07/06/2020 04h40

Pelo segundo dia, o Ministério da Saúde voltou a divulgar um balanço com omissão de dados sobre a pandemia de covid-19 no país. Em sua mais recente atualização, a pasta informa que foram confirmados nas últimas 24 horas 27.075 casos e 904 óbitos.

Somados esses aos números dos outros dias, o Brasil tem hoje 35.930 mortes e 672.846 pessoas já diagnosticadas. Já o prazo de 24 horas não se refere ao período em que as pessoas apresentaram sintomas ou vieram a óbito, mas o dia em que os casos passaram a constar do balanço do governo federal.

O número de pessoas recuperadas da infecção hoje, segundo os dados oficiais, é de 277.149.

Os índices registrados hoje são inferiores aos de uma semana atrás, quando o país confirmou 33.274 novos casos e 956 novos óbitos. Nesta semana, é o segundo dia de queda nos índices que, historicamente, tendem a ser menores aos finais de semana por conta dos métodos de contabilização nos estados.

A pandemia nos estados

Estado mais afetado pelo novo coronavírus, São Paulo já ultrapassa os 140 mil casos confirmados com a adição de 5.984 novos diagnósticos. Com 9.058 óbitos, de acordo com a pasta, é seguido pelo Rio de Janeiro, onde 6.639 pessoas já morreram em decorrência da doença. O Ceará vem na sequência, com 3.965.

Puxada por Maranhão (2.157 novos casos), Ceará (1.980 novos casos) e Paraíba (1.208 novos casos), o Nordeste soma 8.845 novos pacientes segue em curva ascendente, aproximando-se região que hoje é o epicentro do novo coronavírus no país, o Sudeste (9.236) — sempre segundo o Ministério da Saúde.

Na Bahia, a situação teve de ser atualizada após um erro na computação dos dados de ontem, que informou 216 diagnósticos a mais. Hoje o estado é o 10º em número total de casos.

Saúde omite dados

Numa semana marcada por inconsistências, o governo federal alterou e atrasou a forma de divulgação dos índices da covid-19, apresentou estatísticas incompatíveis com a dos estados e passou a omitir históricos e dados consolidados referentes ao combate à doença.

A mudança de horário, inicialmente divulgada como um "atraso por problemas técnicos", passou a ser justificada pela "necessidade de checagem de informações".

Em um primeiro momento, na quinta (4), ninguém do Ministério soube explicar a situação em uma entrevista coletiva sem a presença do ministro interino, Eduardo Pazuello, Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi mais explícito ao sugerir que o atraso é intencional. "Acabou matéria no Jornal Nacional", disse.

Hoje, o site oficial da covid-19 foi atualizado com menos informações do que costumava trazer. Um dia após ser tirado do ar para uma "manutenção" não anunciada, o balanço da pandemia deixou de trazer números consolidados sobre a doença e o histórico de sua evolução desde o primeiro caso brasileiro.

Consequentemente, o site da conceituada Universidade Johns Hopkins, uma das referências mundiais de acompanhamento da situação dos países contra o novo coronavírus, passou a trazer dados defasados da situação brasileira. "Até que as informações voltem a estar disponíveis, iremos utilizar o último número oficial que temos disponível (04/04/2020)", afirmou em nota.

Saúde vai mudar critérios, diz secretário

O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, acusou gestores municipais e estaduais de inflacionar o número de mortos pela covid-19 para receber mais recursos do governo federal.

O empresário não apresentou provas e falou em novos critérios para identificar quem são as vítimas.

Wizard deu entrevista à CNN Brasil na manhã de hoje, e voltou a dizer que o Ministério pode fazer uma recontagem de casos e óbitos pela covid-19.

"O que nos preocupa é que alguns gestores públicos, lamentavelmente, estão se valendo dessa pandemia para trazer maior volume de recursos para os seus estados e municípios. Assim, estão inflacionando o número de óbitos", disse.