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Sair da OMS é colocar o Brasil como pária mundial em saúde, diz Mandetta

27.mai.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa sobre o coronavírus - Christopher Black/Organização Mundial da Saúde (OMS)/AFP
27.mai.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa sobre o coronavírus Imagem: Christopher Black/Organização Mundial da Saúde (OMS)/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 17h57

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não vê elementos positivos em uma possível saída do Brasil da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusou a OMS de atuar de forma política e ameaçou retirar o Brasil da entidade, seguindo decisão tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em live para o canal IDP, que teve a mediação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o médico analisou que o País não é uma superpotência que pode se dar ao luxar de não estar dentro da organização.

"Sair da OMS, para o Brasil, é nos colocar como párias mundiais em saúde. É sair completamente da saúde. É igual a um menino mimado que fala: 'se eu não posso jogar, vou embora para casa'. E ele não sabe que o melhor não é ser o dono da bola, é jogar futebol", analisou Mandetta.

"O Brasil adquire inúmeros medicamentos através de fundos globais da OMS e usufrui muito do campo de ciência através da instituição", acrescentou. "Eu acho que o Brasil perderia e muito. Não somos uma superpotência para ficar fora de um grande espaço como a OMS."

Por outro lado, o ex-ministro fez duras críticas à entidade. Ele avalia que a OMS errou no início da pandemia e insistiu por muito tempo nos testes individuais antes de perceber a gravidade da doença.

"O Brasil foi o primeiro país a questionar se não estávamos no meio de uma pandemia. Eles [da OMS] brigaram conosco, falaram que era um vírus pesado. O Brasil questionou a OMS antes de a China reconhecer o vírus. A OMS demorou para tomar algumas medidas, e insistiu muito nessa questão das testagens um a um", declarou.

Ontem, o site oficial da covid-19, que apresentava um balanço detalhado sobre a situação da pandemia de covid-19 no Brasil, saiu do ar no mesmo horário em que foi divulgada nova versão dos dados de pacientes diagnosticados e óbitos ocorridos no Brasil e nos estados.

Somadas, as duas situações dificultam o entendimento da situação do combate ao novo coronavírus e as análises de eficácia das ações brasileiras.

Uma mensagem dizendo "portal em manutenção" passou a ser a única informação disponível no endereço, que antes trazia detalhamento por estados, gráficos com a evolução de casos e óbitos, bem como informações sobre início dos sintomas, entre outros detalhamentos. Ontem, o país ultrapassou 645 mil casos e 35 mil mortes.