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Secretário diz que vai mudar critérios de contagens de mortes por covid-19

O empresário Carlos Wizard, novo secretário do Ministério da Saúde - Fabiano Accorsi/Divulgação
O empresário Carlos Wizard, novo secretário do Ministério da Saúde Imagem: Fabiano Accorsi/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 10h09

O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, acusou gestores municipais e estaduais de inflacionar o número de mortos pela covid-19 para receber mais recursos do governo federal. O empresário não apresentou provas e falou em novos critérios para identificar quem são as vítimas.

Wizard deu entrevista à CNN Brasil na manhã de hoje, e voltou a dizer que o Ministério pode fazer uma recontagem de casos e óbitos pela covid-19. "O que nos preocupa é que alguns gestores públicos, lamentavelmente, estão se valendo dessa pandemia para trazer maior volume de recursos para os seus estados e municípios. Assim, estão inflacionando o número de óbitos", disse.

"Você sabe, eu sei, a população do Brasil sabe que existem centenas, milhares de pessoas que nunca tiveram sintoma nenhum da covid-19, por alguma razão vieram a óbito, e daí no certificado está escrito que morreu de covid. O que defendemos é um critério mais apurado para identificar quem são as vítimas", comentou ainda, mais uma vez sem trazer provas nem detalhar como seriam esses novos critérios.

Wizard disse que "as pessoas estão morrendo por causas diversas", e que a preocupação com o novo coronavírus é porque, antes da pandemia, não havia a possibilidade de registrar esta doença como causa da morte em certificados de óbito.

"Temos que ser um pouco mais voltados para a solução do problema, e não ficar fantasiando esses números que aleatoriamente passam", comentou.

Guerra ideológica

Durante a entrevista, Wizard defendeu que o Brasil está vivendo "quatro guerras simultâneas", e uma delas é ideológica. O empresário acusou opositores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de se opor a políticas apresentadas pelo governo apenas por interesse político.

"Eu arrisco dizer que se amanhã o presidente Bolsonaro for à TV e disser que se a população tomar um copo de Coca-Cola por dia ela estará imunizada contra a covid-19, lamentavelmente metade da população vai deixar de tomar Coca-Cola, tamanho é o viés político que essa pandemia nos trouxe", disse.

As outras "guerras" identificadas pelo secretário são: a luta contra a pandemia, o baque econômico provocado por ela e uma suposta batalha contra a mídia. "Precisamos cuidar muito bem de cada uma dessas batalhas, para podermos vencer a guerra. Eu posso dizer para você que, quando estamos na guerra, nada melhor do que termos um general para combatermos o inimigo", comentou, se referindo ao ministro da saúde, Eduardo Pazuelo.

Hidroxicloroquina

Wizard falou também sobre o tratamento da covid-19 através da hidroxicloroquina, que passará a ser recomendado pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, o remédio poderá ser receitado desde os primeiros sintomas da doença, mas a decisão será de médicos e pacientes em cada cidade.

Ele justificou a mudança de recomendação em relação ao início da pandemia: "O que se pensava anteriormente no Ministério da Saúde? Que as pessoas que tivessem alguns sintomas leves deveriam ficar em casa. E eu até entendo a razão. Diziam eles que, a partir do momento que fossem a um hospital, as pessoas ocupariam os leitos disponíveis, já escassos, da rede pública. Era uma medida ainda em uma fase de aprendizagem".

O secretário afirmou que, com o tratamento, "o paciente nunca vai evoluir para ser entubado, ficar na UTI, dependendo de respiradores". A hidroxicloroquina não teve eficácia comprovada cientificamente contra a covid-19.