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Mapa interativo da USP mostra quantos de seus vizinhos contraíram a covid

Mapa interativo da USP mostra quantos de seus vizinhos contraíram a covid-19 - Reprodução/Site/LabCidadeFAU
Mapa interativo da USP mostra quantos de seus vizinhos contraíram a covid-19 Imagem: Reprodução/Site/LabCidadeFAU

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

09/06/2020 12h20Atualizada em 10/06/2020 13h55

O LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade) da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) criou um mapa interativo que permite encontrar os endereços onde estão os casos de hospitalizações provocadas pelo novo coronavírus em 25 municípios na região metropolitana de São Paulo.

Raquel Rolnik, docente da FAU-USP e coordenadora do LabCidade, disse ao UOL que o objetivo do mapa é "propiciar uma leitura territorial da epidemia para que estratégias específicas de enfrentamento sejam colocadas em prática, considerando que a covid-19 não se distribui homogeneamente pelo território e, portanto, estratégias homogêneas não funcionam."

O mapa utiliza como base de dados o DataSus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), plataforma em que são registrados casos hospitalizados de coronavírus e síndrome respiratória aguda grave, que incluí o CEP da pessoa internada.

Mesmo com o detalhamento no mapa, Rolnik destaca que ele não mostra a totalidade de casos na região metropolitana de São Paulo. Isso porque nem todos os casos atendidos em hospitais são registrados, já que em muitos deles não há necessidade de internação, e nem todas as fichas contêm o registro do CEP, o que impossibilita o uso da informação no site.

Dados de CEP sumiram

Raquel Rolnik revelou ao UOL que no último boletim divulgado pelo DataSus, os endereços dos pacientes e dos óbitos "sumiram". Portanto, sem a divulgação do CEP não será possível dar continuidade ao mapa.

"A retirada dos dados por CEP do DataSus compromete totalmente a possibilidade de fazer este tipo de análise. É fundamental que este dado seja divulgado", disse a docente.

"As atualizações [do DataSus] começaram a ser soltas diariamente [e não a cada 15 dias como anteriormente] a partir do dia 1 de junho e desde lá, nenhuma base teve a informação do CEP, ou seja, a gente não consegue atualizar o nosso mapa mais", comentou ao UOL Pedro Rezende, graduando da FAU e um dos responsáveis pelo manuseio de dados do LabCidade.

Apesar disso, Rolnik explicou que o grupo continua fazendo o seu trabalho ao lado do Instituto Pólis a partir do cruzamento de outros dados.

"Continuamos nosso trabalho agora procurando fazer cruzamentos que nos permitam avançar as explicações sobre as concentrações de casos."

Vale lembrar que, em uma iniciativa inédita, em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia da covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram uma parceria buscar as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal.

A busca dos dados nos estados feita pelos jornais difere da pesquisa do LabCidade, que utiliza informações de outro banco de dados, especificamente, sobre os endereços dos hospitalizados.

Resposta da pasta

Em nota, o Ministério da Saúde disse ao UOL que o CEP foi caracterizado como uma informação "sensível já que facilita a identificação do indivíduo" e, por respeitar a Lei de Proteção de Dados — LGPD (Lei nº 13.709/2018), esse tópico foi retirado do banco de dados. "Esta ação contribui para garantir e preservar a privacidade do cidadão".

"O Ministério da Saúde reforça que a plataforma está sendo aprimorada e sugestões podem ser avaliadas. Por fim, visando colaborar com as pesquisas, o Ministério, por meio do DATASUS, estudará uma forma de criar identificações geográficas, respeitando a privacidade e intimidade do cidadão. A pasta vai trabalhar nesta solução nos próximos dias, considerando a importância do trabalho realizado pela comunidade acadêmica e científica", concluiu a nota.