Governo de SP diz que risco de contágio agora é maior do que no 1º pico
Ainda que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diga que a pandemia está "no finalzinho", os números da covid-19 apontam para o lado oposto. Segundo José Medina (foto), coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o risco de contágio agora é maior do que no primeiro pico — ao menos no estado.
"Se observamos a curva de casos, para chegar de 20 a 40 mil no primeiro pico, isso demorou quase três meses. Nesse segundo pico, entre novembro e dezembro, demorou um mês", explicou, após ser questionado sobre a fala de Bolsonaro. "Cada um de nós tem observado um número crescente de pessoas com covid-19 ao redor. A chance de contágio [agora] é muito maior do que quando teve o primeiro pico."
A declaração de Medina foi feita pela manhã, durante coletiva do governo de São Paulo. O médico nefrologista ainda fez um alerta sobre a chegada do Natal e do Ano Novo, sugerindo que as pessoas não façam festas grandiosas e evitem reunir muitos familiares e amigos.
"Nós temos que trocar 'boas festas' por 'fique em casa'. Temos que usar 'feliz Natal' como no passado, sem muitas festas e aglomerações. Podemos visitar pais e avôs, desde que seja feita com protocolo. Utilizo máscara, mantenho o distanciamento e [com] tempo de exposição curto. Assim a chance de contágio é menor", disse.
João Gabbardo dos Reis, ex-número 2 do Ministério da Saúde e hoje secretário-executivo do Centro de Contingência, também criticou a fala de Bolsonaro. Segundo ele, a ideia de que a pandemia está no fim "é mais uma projeção totalmente equivocada" a respeito da covid-19.
Gabbardo citou alguns dos números que confirmam sua posição: nas últimas semanas, o Brasil voltou a registrar mais de 50 mil casos de coronavírus por dia, o que não acontecia desde o início de setembro. De ontem para hoje, foram 53.347 novos diagnósticos, além de 770 mortes.
"Essas previsões equivocadas propiciam um comportamento inadequado da população, ela fica resistente a aderir ao distanciamento social. Isso atrapalha gestores que, de forma responsável, tentam passar que as coisas não estão boas. Números não estão bons. É absolutamente inapropriado esse tipo de previsão", avaliou.
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